Aurora - Desejo e Obsessão...

Diga o preço!

Aurora

- Porque vocês chegaram juntos? - Sarah questiona irritada, será que ela não percebe que Anne é mais importante agora?

A ignoro observando o caminho por onde o carro está indo. Anthony está concentrado na estrada, cortando carros e sinais amarelos, como um fugitivo. Minha cabeça dói sem saber o que pensar, porque ele está me ajudando? Porque está ajudando Anne?

- Para onde estamos indo? - questiono, apertando Anne em meus braços, ela esta quentes de mais e gemendo baixinho e estou com com medo dela ter outra convulsão.

- Não se preocupe, vou levar Anne para o melhor hospital dessa cidade! - Anthony responde sem tirar os olhos do trânsito, meu coração acelera ao ouvir sua voz aflita, me deixando confusa.

Esse homem conhece minha filha a menos de um dia e já está agindo como se se importasse. Sinto meus olhos arderem novamente e as lágrimas voltarem a cair devagar. Sou grata a ele por estar me ajudando, mesmo que depois ele me humilhe novamente, Anne é mais importante que meu orgulho e sempre vai ser!

Ele pega alguns atalhos para chegar mais rápido. Não imaginava que ele conhecia as ruas de São Paulo tão bem, pensei que fazia pouco tempo que ele estava no Brasil, mas pelo visto ele conhece bem a cidade. Deixo para lá, Anne agora é a prioridade.

Ele para em frente um hospital particular de São Paulo, estacionando de qualquer jeito e desce rapidamente do carro, vindo até minha porta e pega Anne do meu colo seguindo apressado para dentro do hospital, e é rapidamente atendido.

A diferença de um hospital público para um particular é gritante, alem do luxo e cuidado do lugar, eles tratam as pessoas como gente, com dignidade e respeito, enquanto o público parece que os funcionários não estão muito satisfeitos com o emprego e alguns tratam as pessoas como cachorros.

Sarah me olha com cara de poucos amigos, mas não tenho tempo para lidar com ela agora. Pego a bolsa com ela com os documentos de Anne e vou atrás de Anthony, ela ja foi levada a sala do médico e prontamente atendida. Anthony me deixou lá e foi resolver a questão burocrática, coisa que eu evitei pensar ou surtaria. Era o melhor hospital oncológico de São paulo e com certeza só respirar aqui dentro já é uma fortuna.

Entrego os exames antigos dela e o médico avalia, me dizendo o mesmo que o médico do hospital me disse e já mandou enfermeiras colher Sangue. O outro exame seria feito assim que os resultados dos exames de nome dificil saíssem.

Anne já está em uma maca com soro para baixar a febre. Anthony não voltou mais, e eu só esperava que não houvesse nenhum problema, ou ele visse os preços e desistisse de nos ajudar e nós fôssemos expulsas do hospital!

Em uma hora os resultados sairam e foi confirmado que Anne precisaria fazer o mielograma, o que foi um baque para mim, eu tinha fé que iria dar negativo, que era apenas uma infecção e que Anne iria sarar e voltar a ser a garota sapeca de antes!

O médico a leva até a sala onde faz o exame, como Anne ainda dorme ela não vê nada, mas vê como é feito me deixa aflita. Depois nós voltamos para o quarto, onde ando pelo cômodo inquieta, temendo o que está por vir.

Ando até uma parede e encosto minha cabeça nela, tentando pensar no que vou fazer quando o resultado chegar, não tenho dinheiro ou alguém a quem recorrer. Sei que nem se eu me prostituir vou conseguir levantar dinheiro para pagar o tratamento.

- Como ela está? - Anthony entra no quarto e ouço seus passos pesados indo até Anne, meu coração dói e as lágrimas escorrem por meu rosto.

Não consigo olhar para ele, porque sei que estou pronta para me ajoelhar e implorar sua ajuda. Eu só queria ser uma mãe normal, ter minha garotinha saudável e vê-la crescer feliz, conquistar seus sonhos e talvez casar com alguém que eu faria questão de ver se a trata como a princesa que ela é, mas o destino tinha outros planos, me faria pagar por pecados de talvez cinco vidas atrás, pecados que não cometi!