Sangue gelado!

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- Então amiga, como foi no postinho? - Sarah entra no quarto e quando vê Anne dormindo baixa o tom de voz.

Nós saímos do quarto e fomos até a pequena cozinha onde nos sirvo com uma lasanha que eu e Anne fizemos a tarde.

- Ela precisa fazer exames para ter um diagnóstico! - tentei soar calma, mas todas as vezes em que eu penso sobre isso sinto meu coração contrair e meus olhos arderem.

- Não vai dar nada amiga eu tenho certeza! - ela afirma.

- Eu quero muito acreditar nisso, Sarah, mas confesso que estou morrendo de medo! - confesso, sentindo um nó em minha garganta.

- É por causa da sua mãe? - suas palavras saem cautelosas.

- Sim! - confirmo - tenho medo de ser hereditário.

- Pare de pensar besteira Aurora, não é nada! Ela vai ficar bem! - Sarah vem até mim e me abraça - ela é forte e saudável. Isso foi apenas uma gripe boba, não vai dar nada nos exames!

- Obrigada por seu apoio Sarah, se não fosse você... - fungo sentindo as lágrimas caindo.

- Pare Aurora! Já vai começar com essa ladainha? - ela me abraça fingindo estar brava e sorrio.

- Você sabe que sou muito grata...

- Sei, e como sei! Que horas vai sair? - ela me solta e volta para o banco alto, do outro lado do balcão barra mesa.

- Daqui a pouco! Obrigada por ficar com a Anne... - agradeço e a vejo revirar os olhos.

- Nem comece Aurora ou eu chuto sua canela! - ela rosna - hum que delícia, Anne vai ser um ótima chef!

- Tá, tá, ja parei, e eu também quero elogio, já que fiz praticamente todo o serviço da chef!

- Você é uma ótima ajudante! - ela ri e rio junto.

Termino de comer e visto a roupa do supermercado. Trabalho dez horas como garçonete em uma lanchonete de dia e cinco horas como caixa em um supermercado 24h a noite, se não fossem os dois empregos eu não teria como pagar o aluguel caríssimo desse barraco e alimentar Anne. So dormia cinco horas por dia mas era o único jeito de sobreviver.

Anne fica com a mãe de sarah de dia que tem uma espécie de creche em sua casa, um hotelzinho, para crianças de um a cinco anos, para a minha sorte ja que nos dias de hoje não dá para deixar nossos filhos nas mãos de qualquer um. O tanto de caso de abuso e violência contra crianças em creches, cresceu absurdamente. A noite Sarah fica com ela, ela mora com a mãe, mas me faz esse favorzão.

Chego ao supermercado e cumprimento Adonis o gerente, um senhor simpático que aceitou que eu trabalhasse só cinco horas. Ele me Conhecia desde pequena e conheceu meus pais então graças a Deus, me ajudou quando pedi!

Começo meu turno agradecendo aos céus por ficar sentada aquelas horas, depois de quase dez horas em pé na lanchonete. As onze ja sinto minha bunda dormente, falta apenas mais uma hora até meu turno acabar. Mas não vou mentir, trabalhar aqui e na lanchonete as vezes compensa, principalmente quando entra algum cliente como o que entrou pela porta nesse exato momento.

Ele parece um gringo, usando um sobretudo negro embaixo de um terno da mesma cor. Seu rosto é quadrado com um maxilar forte coberto por uma barba bem aparada, os cabelos são cor de areia e cumpridos, com cachos revoltos que batem nos ombros. Parece um deus nórdico e irritado com as sobrancelhas juntas e os olhos azuis nebulosos.

Franciele, minha colega de caixa, baba ao meu lado, falando gracinhas baixinho para que só eu possa ouvir.

- Ôh lá em casa! O chá ia ser bem dado! - ela assobiou baixinho e eu segurei a risada. - Não sou indiana Jones, mas adoraria pegar naquela chibata!

Aurora - Desejo e Obsessão...Onde histórias criam vida. Descubra agora