SUSSURROS DA MEIA-NOITE | Kylia

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— estudem bastante, a prova de amanhã não será nada fácil — me viro para a turma, vendo todos resmungarem pela prova.

Tão inconsequentes. Como querem virar alguém nessa vida, no mundo de hoje com essa mentalidade infantil? Isso é algo que nunca vai entrar na minha cabeça, mesmo não sendo um ótimo exemplo fora dessa escola.

Eu tenho uma vida perfeita, dinheiro, casas, tudo que alguém poderia desejar, mas fui obrigada a estudar anos e anos adiantados para virar uma mera professora de biologia para proteger a imagem de meu pai.

Eu não odeio meu trabalho, mas também não gosto muito, afinal, ninguém merece conviver com um monte de adolescentes que estão sempre se comendo em algum canto desse lugar.

Sou bem rígida com todos. Não tolero atrasos, notas abaixo de sete, e nem nada que possa tirar a tranquilidade da minha vida.

Mas por ironia do destino, a garota que ando observando há três malditos anos, sempre consegue me irritar fazendo tudo o que eu não gosto.

Porra, Malia tira notas boas em todas as matérias, menos na minha! Ela chega no horário certo em todas as aulas, menos nas minhas!

Eu não sei se isso é algum tipo de provocação para me fazer perder o juízo. Eu só sei que estou chegando no meu limite.

Falando na garota, vejo sua silhueta na porta, no aguardo do sinal tocar para entrar e ficar de detenção. A cacheada segura as alças de sua mochila, encarando seus pés, com uma expressão preocupada no rosto.

O sinal estridente toca, e meus alunos se levantam eufóricos, saindo pela porta em aglomeração.

Me viro para minha mesa, guardando meus matérias nas pastas e as canetas no estojo, os colocando no canto da mesa, deixando apenas o notebook aberto no centro da mesa.

Vejo de relance Malia entrando na sala, em silêncio ela caminha até a última mesa da fileira do meio, colocando sua mochila no chão.

Ergo meu olhar, virando o meu rosto para ver quem está entrando na sala. Me seguro para não revirar os olhos assim que vejo Hailey colada em minha mesa, com um sorriso peculiar nos lábios. A garota se inclina um pouco para frente, enrolando seu cabelo loiro em seu dedo.

Mas que merda essa garota quer dessa vez?

Já perdi as contas de quantas vezes essa garota se jogou para mim, falando sobre suas notas baixas e perguntando o melhor jeito para recupera-las. Sua intenção é nítida, e ela não desiste, mesmo eu a tratando como uma simples aluna.

Hailey é linda, confesso, tem um corpão, cabelos lisos e loiros, olhos castanhos e um sorriso impecável, mas não enche meus olhos. E eu não vou dar mais motivos para esses adolescentes fúteis saírem falando da minha reputação com as mulheres.

— professora Cantrall? — a garota chama, me fazendo piscar e sair de meus pensamentos, olhando-a, esperando ela dizer o que quer.

— sim? — franzo o cenho, girando minha cadeira na sua direção, cruzando minhas pernas e olhar para a porta através dela.

Seus amigos esquisitos estão tentando se esconder no canto da porta, mas falham miserávelmente. Patéticos.

Olho para a garota novamente, apoiando meu braço sobre a mesa e encostando meu rosto na mão.

— estão pedindo para entrevistar os professores da escola, e você é a próxima da lista — ela diz animada, virando seu rosto para trás rapidamente, com um sorriso grande nos lábios.

Era só o que me faltava.

— fique a vontade — me ajeito na cadeira, descruzando as pernas.

— primeiro, quantos anos tem? — solto uma risada, exatamente o que eles querem.

— vinte e três — falo, cruzando meus braços, virando meu rosto em direção a Malia, que está encarando a situação com curiosidade.

— está em algum relacionamento? — viro novamente para a loira, fazendo um bico nos lábios enquanto penso em responder.

— não estou — informo, e o sorriso da garota cresce.

— gosta de mulheres? — sua pergunta não me pega de surpresa, recebo várias perguntas sobre isso.

— eu afirmo que sim — digo, e Hailey fecha o pequeno caderno que está em sua mãos, me olhando de forma satisfeita e intrigante.

— obrigada por responder, Cantrall! — ela se vira, fazendo uma pequena comemoração com seus amigos.

Passo a mão no rosto, me sentindo cansada. Tantas coisas acontecendo, tantas noites mal dormidas, eu realmente não sei como ter controle de tudo.

Me levanto da cadeira e vou em passos calmos até a porta, girando a chave e fechando o pequeno vidro que dava visão ao lado de fora.

Os alunos estão oficialmente liberados, permitindo que os professores mantenham as portas e cortinas fechadas, mesmo que tenha alunos em detenção.

Ando até o o outro lado da sala, fechando as cortinas das grandes janelas, deixando a sala um ar mais fechado.

Me viro para Malia, que desvia o olhar para o quadro na parede rapidamente, mexendo em suas unhas longas e atingidas de preto.

São três anos observando a garota para descobrir algo a mais de seu pai, mas isso saiu fora dos planos, quando comecei a sentir um desejo insaciável pela doce garota.

— Baker — a chamo, e ela vira o rosto, me olhando intrigada. — você foi péssima na prova — confesso, lembrando que a garota acertou apenas uma questão. — sabe que se continuar assim terei que tomar outras medidas e mandar o diretor dar um jeito nisso, não é? — me aproximo de sua mesa, vendo a garota engolir seco.

— não precisa ficar me lembrando, eu sei que não consigo acertar nada das suas provas — a garota revira os olhos, cruzando seus braços abaixo dos seios, fazendo sua camisa afastar os botões abertos.

A garota veio bem indecente na aula de hoje, me fazendo suspirar pesadamente, sentindo meus sentindos e minha sanidade escapar.

— o que será que o diretor iria fazer se soubesse que uma das alunas da escola está vindo sem nada por baixo da saia? — pergunto, apoiando minhas mãos em sua mesa, me inclinando para frente.

Malia abaixa a cabeça, envergonhada, com as bochechas avermelhadas, e desce suas mãos, as colocando sobre as coxas cobertas.

— uma professora não deveria estar reparando nisso — ela diz baixo, mas consigo notar seu tom cínico.

Respiro fundo, olhando para a garota que está sentada na minha frente, envergonhada porque sabe que reparei que está sem calcinha, e isso é realmente algo desagradável.

Ou é adorável?

Gosto de coisas assim já nos primeiros capítulos 🫢