Observo Malia dormir serenamente, com a respiração calma e a expressão suave. Desde do momento em que ela desmaiou, eu não saí do lado dela.
Eu sei que agora ela terá suspeitas, ou até mesmo terá certeza de quem eu sou, e eu realmente não sei se isso é bom, afinal, Malia irá fugir, igualmente da última vez.
Eu não posso impedir que ela saia correndo no exato momento em que abrir os olhos, lidar com isso não é nada fácil para alguém que teme a morte e passa por tantos conflitos.
Mas a possibilidade de pensar que ela vai tentar fugir e não conseguir é tentador, Malia está destinada a estar ao meu lado, e isso não mudará, a não ser que eu morra.
Suspiro, analisando-a com calma, na escuridão do quarto, sentada na poltrona ao lado da cama. Lembro da sua expressão confusa e amedrontada quando sussurrou meu nome. Isso faz minha mente viajar no tempo, parando no exato momento em que ela viu eu matando a primeira pessoa a mandato de meu pai.
Seu medo era evidente, ela me olhava de forma assustada, não acreditando que eu realmente estivesse fazendo aquilo. Malia não deveria ter visto isso, mas a pessoa que eu dei um fim, havia forçado ela ir até lá.
Eu não pensei duas vezes antes de matá-lo, eu já estava determinada, e quando vi suas mãos em Malia de um jeito nojento, enquanto ela pedia para soltá-la, eu realmente perdi a consciência.
Malia fugiu, fugiu todas as vezes em que me via por aí. E eu me mantive longe, por ordem de seus pais e do meu. Mas ainda sim, eu a observei todos os dias, todo minuto.
Mas, por sorte do destino, Malia voltou a se aproximar por conta de um evento que teve na escola, e eu não recuei. Eu queria ela, e queria muito perto, e não evitaria de eliminar qualquer um para tê-la próxima.
Mas por puro prazer, eu quebrei seu pequeno coração, de forma tão fria e sem coração, na noite de seu aniversário, em uma festa que a novata deu em sua casa.
Aquele dia, foi a última vez que vi o choro e o ódio misturado em seu rosto. E também, a última vez que a vi, antes de ser mandada para o Canadá.
Eu me arrependo, confesso. Me arrependo de ter feito ela sofrer, não de ter matado alguém. Malia era nova demais, tinha muito o que aprender sobre o maldito amor, e eu a fiz ter a pior versão dele, a versão dolorosa, a versão que ela odiaria até hoje, se lembrasse da metade das coisas que aconteceram.
Suspiro, sabendo que se Malia lembrar exatamente da noite passada, eu terei que fazer o impossível para mantê-la perto e longe ao mesmo tempo.
Saio dos meus pensamentos, quando vejo-a se mexer com calma sobre a cama, abrindo seus olhos com calma, mantendo o olhar fixo no teto branco.
Quando ela finalmente vira o rosto para mim, ela mantém a expressão neutra, mas rapidamente muda para medo.
— o que faz aqui? — ela se senta sobre a cama.
Me mantenho parada, analisando sua feição, admirando seus detalhes, mesmo não estando em bom momento.
— estou cuidando de você — minha voz sai baixa, enquanto mantenho o olhar fixo nela.
Malia encolhe os ombros, e as bochechas ficam avermelhadas. Ela pode tentar mentir, fugir, me provocar, o que for, mas eu sei bem que sempre terei poder sobre seu corpo.
— Kylie.. — ela sussurra, se ajoelhando sobre a cama, se aproximando de mim. — você.. você é a mascarada? — sua voz vacila, demonstrando seu medo em saber a verdade.
Me ajeito na poltrona, e me inclino para frente, ficando próxima dela, com um sorriso de lado nos lábios, me divertindo com sua suspeita.
— e se eu for? — sussurro, descendo o olhar para seus lábios que tremem.
Malia prende a respiração, se afastando um pouco. Ela está tão confusa, que sua expressão muda para tristeza e confusão muito rápido.
— não, você não pode ser tão sangue frio dessa maneira — ela sai da cama em um pulo, com as mãos tremendo.
— você ainda duvida? — me levanto, com os braços cruzados. — eu falei, Malia, você não me conhece, não lembra, mas eu sou seu pesadelo, em todas as questões — falo, me aproximando em passos lentos dela, que não se move. — e eu sei o que você vai fazer agora, vai tentar fugir e me evitar a todo custo, mas sabe Malia? Você não vai conseguir fugir de mim, eu sempre estarei em todos os lugares e em todos os momentos — sussurro por fim, diante dela.
Malia ergue o olhar, que brilha com o medo. Suas mãos tremem, igualmente seus lábios.
— você só pode ter algum tipo de problema! Isso é doentio! — ela fala alto, me empurrando. — você mata pelo o que? Diversão? — ela pergunta, com as lágrimas brotando em seus olhos.
— também — dou os ombros, não demonstrando nem uma expressão. — mato por justiça, você não sabe nem a metade das coisas absurdas que as pessoas fazem escondidos — falo, me aproximando novamente, fazendo a garota dar passos para trás. — você não sabe de nada, Baker. Não se lembra do mínimo das coisas que seu pai fez com você, e continua defendendo aqueles que não moveriam um dedo por você! — falo alto, fazendo-a se encolher diante a parede.
Solto um suspiro, sabendo que não adianta falar nada, Malia ainda achará errado e sairá correndo como um animal indefeso.
— se a tanta coisa que eu não lembro, porquê você não me conta?! Por que não refresca minha memória?! Por que não diz a merda da verdade?! Por que esconde tantas coisas?! — ela grita, na mesma intensidade que suas lágrimas cai. — eu só queria saber o motivo de vocês me esconderem tantas coisas — ela funga.
— a coisas que você não está preparada para saber, Mali — falo, agora em um tom baixo. — são coisas demais, e você só vai descobrir com o tempo, e sua reação não vai ser uma das melhores — falo a verdade, sabendo que se Malia descobrir a verdade de sua família irá enlouquecer.
— eu preciso pensar, eu preciso ficar longe de você — ela solta uma risada sem humor, colocando as mãos no rosto. — talvez você queira vingança por algo que eu não sei ainda, e eu sou o alvo mais fácil, não é? É por isso que você se aproximou.. é o melhor jeito de conquistar sua vítima — ela sussurra, tirando as mãos dos olhos, me olhando de forma fria.
Da mesma forma em que me olhou naquela noite.
— corre, Malia — falo, dando passos para trás, não tirando os olhos dela. — você pode correr o quanto quiser, se esconder a onde for, você ainda vai estar ligada a mim, e não conseguirá me manter longe — é a última coisa que falo, antes da garota me olhar chorosa e sair do quarto.
Bufo, sabendo que terei muito mais problemas daqui pra frente, mas minha maior diversão, será ver ela fugindo e não resistindo ao mesmo tempo.
Não sei se ficou bom
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SUSSURROS DA MEIA-NOITE | Kylia
Fiksi PenggemarDurante a madrugada, uma série de assassinatos atinge a cidade, aterrorizando a todos. Malia Baker, determinada a ajudar seu pai na busca pelo criminoso, enfrenta não apenas o medo da morte, mas também o desafio de lidar com sua professora de biolog...