Não existem acidentes

Capítulo 30, Confições

Azula

Azula, ainda processando a conversa com Aang e Zuko, decidiu que era hora de enfrentar seus sentimentos, atacando sua insegurança com todas as suas forças. Ela sabia que não podia mais esconder o que sentia por Ty Lee, e essa decisão a levou ao jardim onde a acrobata passava a tarde.

O sol da tarde lançava uma luz dourada sobre o jardim, iluminando as flores que Ty Lee tanto amava, Azula parou ao vê-la, a visão de sua amada cheirando as flores com aquele sorriso despreocupado trouxe um calor inesperado ao coração da princesa.

Ty Lee estava de costas, o cabelo castanho balançando suavemente ao vento enquanto se inclinava para admirar uma flor especialmente bonita. A imagem era tão serena que Azula paralisou admirando a beleza e calma de Ty Lee, enquanto a acrobata admirava inocentemente as flores.

Ao perceber a presença da princesa, Ty Lee se virou com um sorriso radiante, o sorriso que sempre teve o poder de iluminar o dia de Azula, mesmo nos momentos mais sombrios e solitários que já viveu.

— Azula! — Exclamou Ty Lee, com sua voz alegre, alheia ao momento tenso que estaria vivendo. — Não são lindas? As flores novas que Zuko trouxe pelo mundo são excepcionalmente lindas.

O ar estava fresco, e a fragrância das pétalas recém-abertas enchia o ambiente com uma doçura sutil, Ty Lee estava completamente imersa em seu próprio mundo, suas mãos acariciando gentilmente as novas flores que seu amigo havia semeado ali.

— Olha só para essas aqui, Azula! — Exclamou falando mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa. — Essas flores azuis, são chamadas de "Lírio Celestial". Vieram da Tribo da Água do Norte! Não são lindas? Dizem que brilham à noite, como se fossem estrelas, e que representam esperança em tempos de escuridão.

Ela riu sozinha, encantada com todas as possibilidades de aromas e belezas naturais de cada flor. Deslizando até um pequeno canteiro onde flores amarelas dançavam delicadamente com a brisa do vento suave.

— Ah, essas são as "Margaridas do Sol" do Reino da Terra! — Disse, apontando para as flores. — Dizem que só crescem em solos férteis, mas precisam da luz do sol para prosperar, então elas sempre se inclinam em direção ao sol. E o melhor de tudo, elas são um símbolo de lealdade e amizade! Não é perfeito?

— Ty Lee! — Azula gritou, cortando a fala alegre da garota, como se tivesse soltado esse grito após prender a respiração por muito tempo.

Ty Lee piscou, surpresa, sem entender completamente o que estava acontecendo. Azula, respirou fundo mais uma vez e, sem mais hesitação, deixou as palavras fluírem.

— Eu... Eu estou apaixonada por você, Ty Lee. Sempre estive, mesmo quando não queria admitir para mim mesma... Você é a única pessoa que me faz sentir viva de verdade, que me faz querer ser alguém melhor. Eu... eu te amo.

As palavras saíram com uma intensidade que Azula raramente mostrava, e quando ela terminou, ficou em silêncio, com o coração batendo forte no peito. Por um instante que pareceu durar uma eternidade, Ty Lee permaneceu quieta, apenas olhando para a princesa, mas então, um sorriso começou a se formar em seus lábios, aquele mesmo sorriso que sempre desarma Azula.

Ty Lee deu um passo em direção a ela, fechando o espaço entre as duas, e sem dizer uma palavra, colocou uma mão suave no rosto de Azula.

— Eu também te amo, brasinha. — Sussurrou Ty Lee, e antes que Azula pudesse responder, sentiu os lábios da acrobata tocarem os seus, a princesa da Nação do Fogo que sempre se orgulhou de seu controle e força, sentiu-se derreter naquele momento, permitindo-se finalmente ser vulnerável e aberta com alguém que sempre a aceitou do jeito que ela era.