Capítulo 35, O começo do fim

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Aang

Aang sentiu uma brisa gelada ao seu redor enquanto abria os olhos e se via no Templo do Ar do Sul... As bandeiras tremulavam com o vento, e o aroma familiar de incenso o envolvia, trazendo à tona memórias da infância, de quando a vida era simples e o mundo parecia um lugar de paz. Ao longe, no alto das escadarias do templo, uma figura estava esperando por ele, um velho homem, o Monge Gyatso o saudava com um sorriso abaixo de seu bigode grisalho.

— Aang. — Gyatso o chamou, e só com a voz dele, Aang sentiu uma paz instantânea. — Meu jovem avatar, estou tão orgulhoso de você. Orgulhoso do homem que se tornou, do salvador do nosso mundo, e, acima de tudo, do filho que eu amei por todos esses anos.

As palavras tocaram Aang, ele se sentia vulnerável, sem o fardo de ser o Avatar, apenas um garoto aos olhos de seu mentor, eles se aproximaram devagar, e quando ficaram frente a frente, as lágrimas brotaram, deslizando pelo rosto do garoto enquanto tentava conter os soluços.

— Gyatso... — Aang começou, a voz embargada pela emoção. — Eu... eu sinto tanto medo. Medo do futuro... Todo o peso das decisões que eu preciso tomar... é grande demais, e parece que ninguém consegue entender o quanto. É um fardo que não posso dividir, e isso me assusta.

— Eu sei, Aang. Esse caminho que você trilha é solitário, e o peso que carrega, só você pode suportar, mas lembre-se de que você é mais forte do que acredita. Sempre foi, desde que era um menino, eu via essa força em você. — A voz dele era suave, reconfortante até. — Você carrega o mundo, e isso exige mais do que qualquer um poderia suportar, mas o mundo precisa do Avatar.

— Eu sei que sou forte. — Respondeu Aang, a voz um sussurro. — Mas tenho medo das consequências, sinto que o preço dessa guerra será alto demais.

Gyatso o observou com uma expressão de entendimento, como se soubesse exatamente o que Aang estava sentindo, ele passou uma das mãos pelo bigode como se pensasse com certa dificuldade.

— As grandes batalhas vêm com grandes sacrifícios, meu filho. E talvez você não possa evitar todas as perdas, mas lembre-se que cada decisão sua deve ser feita com o coração puro. O preço será pago, mas você nunca estará sozinho.

Aang sentiu o peso de suas palavras, e aos poucos, a ansiedade que o consumia parecia diminuir, fechou os olhos, absorvendo aquele momento, aquela paz. Quando abriu novamente, Gyatso sorria, e naquele sorriso, Aang encontrou uma força renovada, uma certeza de que, embora o caminho fosse duro, ele não estava completamente desamparado.

Aang sentiu os olhos piscarem várias vezes enquanto se ajustava às luzes da caverna de Nuwa. Ao redor dele, os rostos preocupados de seus amigos o observavam atentamente, mas o primeiro que notou foi Zuko, sentado ao seu lado. Ele estava de costas, os ombros relaxados de uma forma incomum, mas com uma tensão sutil indicando que também acabara de acordar de algo intenso.

— Nuwa... — Começou ele, hesitante, tentando juntar as peças do que havia acabado de vivenciar. — O que foi aquilo? Eu... vi o Monge Gyatso.

— Você e Zuko carregam cicatrizes do seu passado e essas visões foram um presente para ajudá-los a confrontar o que ainda os impede de alcançar seu verdadeiro potencial. — Ela olhou de Aang para Zuko, que permaneceu imóvel, atento à conversa. — Precisavam enfrentar esses medos, essas memórias... e permitir que se tornassem parte de quem são, e não fardos que carregam.

Zuko, sem dizer uma palavra, levantou-se e caminhou até a entrada da gruta, onde a luz projetava sombras suaves nas rochas, Katara se moveu como se fosse segui-lo, mas Nuwa ergueu uma mão delicada para detê-la.

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