— Eu preciso entrar no mundo espiritual para poder procurar vestígios deles lá. — Aang afirmou, um sorriso esperançoso surgiu em seu rosto. — Vai ficar tudo bem, gente. Aqui está muito barulhento então pode demorar, durmam e descansem.
— Você precisa descansar mais que todos nós, Zuko. — Katara passou a mão no ombro do namorado, com o capacete de seu pai na outra.
— A taverna tem acomodações para vocês descansarem, principalmente a princesa aí. — June ofereceu, ela tinha um certo carinho por Iroh e estava baqueada com a notícia, mas tentava não demonstrar com um sorriso gélido.
Nenhuma resposta recebeu, Zuko e o resto do grupo foram para a taverna e June deu uma última olhada no Avatar, se virando e entrando junto.
— Zuko, você está bem? — Enquanto o grupo se aproximava do balcão da taverna para pagar pelas acomodações, o silêncio de Zuko pairava pesadamente sobre eles. Katara, preocupada com seu namorado, entrelaçou-se em seu braço, procurando por algum sinal de conforto em seus olhos dourados.
Zuko assentiu brevemente, mas seus olhos permaneciam distantes, perdidos em seus próprios pensamentos.
— Bem, pelo menos agora podemos ter uma boa noite de descanso. Eu sei que Aang vai dar conta de tudo.Três quartos de casal, por favor. — Sokka parecia mais tranquilo, seu sorriso brincando em seus lábios.
O atendente da taverna assentiu e começou a fazer as anotações necessárias, enquanto Suki se aproximava animada, o brilho de seu anel de noivado reluzindo à luz fraca da taverna.
— Mal posso esperar para nos instalarmos! Parece que vai ser uma noite mais confortável que ontem, mal consegui dormir com a ameaça dos sábios... — Bocejou.
— Ótima? Duvido que haja algo de ótimo nesse lugar fedorento, além da saída... — Toph bufa sarcasticamente.
Enquanto Ty Lee estava envolvida em suas conversas animadas com os homens no bar, ela inocentemente acreditava que eles estavam apenas interessados em fazer novas amizades. No entanto, alguns deles começaram a se aproximar mais intimamente, um deles até mesmo ousou puxá-la pela cintura.
Zuko percebeu e uma chama de fúria cresceu em seus olhos dourados, ele se soltou de Katara e se aproximou do grupo que cercava Ty Lee.
Zuko se aproximou dos homens que cercavam Ty Lee como uma alcateia cercando sua presa. Antes que sua presença pudesse ser percebida, Zuko agarrou e jogou um dos homens pela janela como a fúria de um dragão. O homem caiu no chão do lado de fora da taverna, atordoado e chocado com a súbita violência.
— Ninguém toca em nenhuma das mulheres aqui, se alguém tentar mais alguma coisa desse tipo, farei 10 vezes pior! — Zuko gritou, olhando no fundo dos olhos de cada um dos homens ao redor.
— Eles só estavam sendo amigáveis, Zuzu. — Ty Lee parecia preocupada com o rapaz que foi jogado pela janela.
— Não estavam, amiga. Depois eu te explico. — Katara puxou o braço da amiga e de seu namorado, os levando ambos aos quartos.
Aang se sentou no topo de uma árvore, cruzando as pernas e meditando, aquietando a mente e tentando focar em sua própria respiração.
Aang abre os olhos e se vê de frente a um enorme e imponente homem, com uma barba enorme, escondendo uma expressão cruel e rígida.
Sua figura imponente projeta uma sombra sobre o jovem Avatar, enquanto o escriba ao seu lado prepara-se para registrar cada palavra pronunciada.
— Avatar Aang. — Começa o juiz, sua voz ressoando com autoridade. — Você, que foi encarregado de trazer equilíbrio ao mundo, falhou em sua missão. Desapareceu por cem anos, deixando o mundo mergulhado na guerra e no caos.
Aang engole em seco, sentindo o peso das palavras do juiz ecoando em sua mente. Ele tenta reunir coragem para se defender, mas é interrompido antes que possa dizer uma palavra.
— Você demorou tanto para aceitar seu papel como Avatar. — Sua voz soava como um trovão, com seus longos dedos com unhas parecendo garras apontando para Aang de forma acusadora. — E mesmo depois de retornar, se recusou a se desprender dos seus vínculos terrestres, colocando em risco o equilíbrio que você jurou proteger.
Cada palavra é como um golpe para Aang, que luta para encontrar as palavras certas para se defender. No entanto, antes que possa articular uma resposta, ele é interrompido novamente pelo juiz.
— Você mudou, Avatar. — Diz o juiz, seu olhar penetrante fixado em Aang. — Sua hesitação e sua relutância em agir têm consequências que ecoam por todo o mundo, eu sou uma dessas consequências.
Os guardas, imóveis como estátuas, encaram Aang com olhares que parecem penetrar sua alma, com armaduras animalescas que causavam espanto no garoto. Enquanto o escriba o observa com um ar de arrogância, como se já soubesse o veredicto antes mesmo de Aang ter a chance de se defender completamente.
— Sou Yan Wang, Senhor da Morte. Você esqueceu suas origens, Avatar. O desequilíbrio da ordem natural no mundo dos humanos causou desequilíbrio em suas almas, tantas mortes desnecessárias...
— Eu... eu fiz o meu melhor para trazer paz e harmonia ao mundo. Eu... — A voz trêmula de Aang foi impedido pelo deus.
— Durante sua guarda o espírito da lua foi assassinado por Zhao, você permitiu um genocídio acontecer. Mas não é inteiramente sua culpa, não posso te julgar pelas ações de outros, os seres humanos que não conseguem viver sem o guia espiritual, queimam florestas sagradas e matam seus semelhantes...
— Seres humanos não são dignos de suas escolhas, por isso, tomei os líderes das nações, Iroh, o grande dragão do oeste, Rei Bumi, que permitiu a guerra alcançar Omashu, o rei de Ba Sing Se, que evitou ajudar seus semelhantes no Reino da Terra. Os chefes das aldeias da água, todos eles falharam na geração anterior e agora é a vez dos mais novos. — Aang olha em choque para Yan Wang, percebendo a gravidade das palavras proferidas pelo espírito.
— Sendo justo como sou eu vou lhes dar tempo para se mostrarem dignos, irei antes de tudo dominar os espíritos, marcharei com meu exército ao mundo físico e acabarei com o sofrimento criado pelos erros dos humanos.
— Eu avisei a Zuko sobre a iminência da mudança, pois a era dos homens chegou ao fim. Mas os humanos comuns sempre esquecem de mim, suas memórias se desvanecem como areia ao vento. No entanto, Zuko não deveria ser tão comum. Ele é o "filho dos dragões", o "descendente do sol". Coloquei muita esperança nele, mas parece que minhas expectativas foram em vão. Zhu Rong falou bem demais daquele garoto... — Com voz carregada de decepção, porém logo retomando a imponência anterior. — Você tem pouco tempo, desapareça, Avatar.
Aang abre os olhos, suado e com a respiração inquieta, tinha finalmente respostas do paradeiro de Iroh, Hakoda e dos outros, mas a verdade era mais horrível do que a dúvida, por fim, decidiu deixar seus amigos descansarem essa noite e falar apenas na manhã seguinte.
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Não existem acidentes
RomanceÀs vezes, nem mesmo com todo o poder do mundo, pode-se fugir do destino. Aang sabia disso muito bem, mas acreditava fielmente que seu destino era com Katara, desde o momento em que saiu daquele domo de gelo e seus olhos infantis encontraram a profun...