Não existem acidentes

Capítulo 20, Festa de noivado

Zuko despertou de um sono agitado, sentindo-se como se tivesse sido arrastado por uma tempestade. Sua mente estava turva e seus membros pesados, mas o chamado irresistível da água quente da fonte termal o atraiu.

Sem pensar muito, ele se dirigiu até a banheira e mergulhou, deixando a água relaxante fazer seu trabalho enquanto tentava afastar os resquícios do sono. Foi então que ouviu passos se aproximando, e logo Sokka adentrou a fonte termal com um sorriso radiante.

— Bom dia, Zuko! — cumprimentou Sokka, alegre como sempre.

— Bom dia... — respondeu Zuko, sua voz ainda rouca e sonolenta.

— Bom dia, Sokka. — Sokka riu, imitando de forma exagerada a voz de Zuko.

Zuko não pôde deixar de sorrir, mesmo que sonolento e jogou um jato de água no amigo, que desviou porcamente.

— Você parece precisar de mais cinco minutos na cama, Senhor sonolento. — brincou Sokka.

— Talvez precise de mais cinco anos de sono ininterrupto. — respondeu Zuko, meio de brincadeira, meio sério.

Sokka gargalhou, enquanto Zuko esfregava os olhos para tentar acordar de vez. A água quente estava fazendo maravilhas para dissipar a névoa do sono, mas ainda havia um longo caminho até que ele se sentisse completamente desperto.

Zuko se viu tentando concentrar sua mente nas palavras de Sokka sobre os preparativos para o anúncio do casamento. Ele sabia que precisava focar nessas questões políticas, mas tudo parecia distante enquanto mergulhava na banheira.

— Você ouviu o que eu disse, Zuko? — A voz de Sokka ecoou na sala de banho, interrompendo os devaneios de Zuko.

Zuko mergulhou mais fundo na água, tentando abafar a voz do guerreiro e afastar as preocupações que insistiam em retornar.

— Não se atrase, Senhor do Fogo! — Sokka gritou, e Zuko pôde ouvir o som dos passos se afastando.

Enquanto isso, Zuko continuava imerso na banheira, tentando desesperadamente afastar os pensamentos intrusivos que o assombravam. A imagem de Aang sozinho com Appa à procura de respostas. Qual seria a resposta para as revoltas do povo? Todas essas respostas enchiam a mente do jovem, toda a politicagem ao redor de seu casamento era sufocante, Zuko sentia seu fôlego diminuindo e um pânico crescendo.

Mas então, como um farol em meio à escuridão, surgiu a lembrança do oceano, não o mar em si, Zuko nunca tivera muito fascínio pelas águas de nenhum oceano específico, não até encontrar o azul dos olhos de Katara.

Zuko jamais tinha visto algo tão atraente e perfeito em sua vida quanto os olhos da dobradora, cada detalhe era extremamente belo como deveria ser. Com a simples lembrança do olhar selvagem e sensual da namorada, o Senhor do Fogo decidiu sair da água e conseguiu recuperar seu fôlego.

— Eu ainda me vou me afogar nos olhos dela... — Zuko puxou uma toalha e começou a se secar, sabendo que não importa o que venha a acontecer no dia de hoje, ele iria ficar bem se Katara estivesse com ele. Sozinho, o Senhor do Fogo começou a vestir seu traje real, tendo imensa dificuldade em alinhar sua coroa em seus cabelos.

Na sala do trono, Zuko massageava as têmporas, já estava estressado com seu próximo compromisso... Uma reunião com os Sábios do Fogo, cada um mais desagradável que o outro.

Os Sábios do Fogo se sentaram em seus lugares habituais, seus olhares críticos e expressões severas indicavam uma reunião difícil e exaustiva. Essas suspeitas de Zuko pioraram ao ver o Alto Sábio se levantar com um sorriso convencido.

— Senhor do Fogo, precisamos discutir um assunto delicado. Sua noiva, a futura Senhora do Fogo Katara, parece não compreender o protocolo real. Ela insiste em se vestir como uma camponesa da tribo da água do Sul. — Zuko jamais gostou do Alto Sábio, mas desde os mais recentes acontecimentos, o jovem vem borbulhando por dentro apenas com o som da voz esganiçada do desagradável. — Essa garota não entende nada de classe, vai manchar a nossa cultura com esse imundice.