Não existem acidentes

Capítulo 5, Velhos amigos

O sol poente pintava o céu da Ilha Ember com tonalidades douradas, enquanto o grupo se acomodava na varanda da casa. Mai e Ty Lee tinham ido comprar mais suprimentos, deixando Toph, Aang, Suki, Sokka, Zuko e Katara conversando animadamente sobre suas viagens.

— Parece que a viagem fez bem para você, Zuko. E você, Aang? Como foi no seu próprio templo de ar? — Katara disse, rindo para o grupo.

— Está sendo incrível! Claro, tive alguns desafios, mas gosto de me comunicar com a Avatar Yangcheng. Ela disse que existem descendentes dos dobradores de ar, então vou tentar achá-los após seu aniversário. — Aang respondia animado, criou expectativas altas para esse encontro.

— Eu só queria ter aprendido a dobrar alguma coisa. Uma espada não é tão emocionante quanto o fogo ou a água. — Sokka parecia desanimado, mas todos sabiam que ele só queria um elogio.

— Mas amor, você é um mestre com o boomerang. Lembro de alguns movimentos impressionantes seus. — Suki responde fazendo carinho no namorado.

— Ah, esses foram os dias de glória! Mas agora estou mais para um estrategista aposentado. — Sokka riu com essa afirmação.

Nesse momento, a brisa suave da ilha envolve o grupo, criando uma atmosfera descontraída e amigável. Enquanto compartilham suas experiências, fica evidente como esses laços de amizade resistem ao tempo e às mudanças. A conversa flui, repleta de risos e histórias, enquanto todos aguardam o retorno de Mai e Ty Lee para completar o círculo da amizade na Ilha Ember, todos menos Zuko e Katara, é claro.

Durante essa conversa, algo mais profundo acontecia entre Zuko e Katara, algo que apenas Suki e Toph captavam com olhares perspicazes. Os dois trocavam olhares furtivos carregados de significado, uma química palpável que escapava às percepções mais superficiais.

— Então, como tem sido liderar a Nação do Fogo, Zuko? — Suki pergunta com um sorriso discreto, percebendo seu amigo quase babar em sua cunhada.

— É um desafio, mas estou fazendo o meu melhor. Mudanças são necessárias para unir nossa nação novamente. — Zuko desviou o olhar de Katara bruscamente, respondendo Suki com sua postura imponente de líder da Nação do Fogo, o que Katara achava atraente, mesmo sem admitir.

— Unir uma nação é fácil. Quero ver você tentar unir meus primos pra comer! — Toph riu da própria piada, lembrando dos jantares tediosos com sua família.

Enquanto a descontração permeava o ambiente, Sokka, visivelmente sério, rompeu o clima leve.

— Galera, preciso compartilhar algo sério. O conselho da Tribo da Água está pressionando meu pai para cortar relações com o novo Senhor do Fogo, Zuko. — Sentiu toda a atenção se virar para si, rostos preocupados, menos Suki e Katara que já sabiam dessa situação.

— Por quê? O que está acontecendo? — Aang perguntou, era notável sua inocência ainda mantida após a guerra.

— Eles não confiam nele. Acham que ele não é digno da aliança que estabelecemos ao tirar o pai dele do poder. — Sokka parecia tão estressado quanto Zuko na Nação do Fogo.

— Isso é preocupante. Precisamos encontrar uma maneira de lidar com essa situação. Não podemos deixar que antigas rivalidades voltem a separar nossas nações. — Um olhar sério surgiu na face do Avatar, o monge realmente não queria que isso acontecesse de novo.

— Acho que não tem muito o que fazer, Aang... Vão sempre me olhar como um monstro, irmão de Azula e filho de Ozai. — Zuko respondeu com um tom de voz sombrio, não se sentia bom o bastante, não se sentia digno. Katara percebeu e ficou triste, mostrou a intenção de levantar e consolar Zuko, mas Aang mudou de assunto primeiro.

— Zuko, encontrei dois bisões filhotes! Eles são adoráveis, e eu pretendo levá-los de volta para o Templo do Ar de Oeste e reconstruí-lo, o que acha? — Aang sorria, tentando fazer Zuko mudar de assunto.

— Bisões filhotes? Isso é incrível, Aang! — Zuko parecia incrédulo, os bisões haviam desaparecido, assim como os dragões. A atmosfera leve retornou quando Katara e Suki compartilharam suas próprias realizações com Toph.

— Tenho treinado bastante e ajudado a projetar a nova arquitetura da nossa aldeia. Estamos nos reconstruindo, mais fortes do que nunca. — Katara parecia brilhar ao falar desse serviço, reconstruir sua aldeia com toda certeza a deixava orgulhosa.

— E eu comecei meu treinamento com Ty Lee para ser a nova guerreira Kyoshi. Ela é uma ótima aluna! — Sokka olhava para Suki com uma expressão semelhante a de Zuko, com total admiração.

Enquanto todos compartilhavam suas histórias e planos, os olhares de Zuko e Katara continuavam a se cruzar, um entendimento mútuo florescendo entre eles. Suki prestava uma atenção reforçada nesses dois, provavelmente essa tensão de casal novo era muito divertida para ela.

— OI, BEBÊS! — Ty Lee entra na sala onde todos estão com uma sacola, cheia de carnes. — Quem quer churrasco?

— Tem algo mais... Vegetariano? — Um pequeno fio de esperança era presente na voz de Aang, Mai e Ty Lee sabiam que ele era vegetariano, imaginava.

— Por que teríamos algo vegetariano? — O fio de esperança de Aang se partiu quando Ty Lee demonstrou dúvida genuína.

— Trouxe alguns legumes, avatar. — A voz de Mai se fez presente, como nuvem escura, atrapalhando o sol de verão na praia. Zuko desviou o olhar de Mai e Katara revirou os olhos azuis ao ouvir essa voz.

— Zuko, meu parceiro! Tá na hora de você mostrar seus enormes poderes de dobrador de fogo e acender a churrasqueira! — Sokka levantou em um pulo, puxando Zuko pelo braço até a área da churrasqueira.

Zuko acende uma pequena chama, sendo ovacionado pelos amigos irónicamente, Sokka se prepara para assar a carne e a turma se junta em volta da churrasqueira. O Senhor do Fogo saiu furtivamente, não tinha trocado de roupa desde a corrida, Zuko se preparou para um longo banho, foi até a parte masculina dos salões termais da sua casa e tirou a calça que vestia.

Ao entrar na água, Zuko sentiu seu corpo relaxar, a água quente dava uma sensação de conforto enorme para o dobrador, com isso, ele por fim, descansa, com a cabeça recostada na borda.

Durante o churrasco, Katara sorria para seu irmão flertando com a própria namorada e se sentia em paz, Ty Lee brincava na água do mar junto de Aang, Toph tinha saído para caminhar pelo castelo, Zuko provavelmente havia esgotado a bateria social e foi dormir.

— Vou trocar de roupa e já volto, gente. — Sokka e Suki mal notaram as palavras de Katara, que se afastou sorrindo, era muito bom estar com todos juntos, o clima com Aang não estava pesado e tudo corria bem.

Katara passava por um cômodo e viu algumas roupas jogadas no chão, queria ser capaz de ignorar, mas a curiosidade bateu mais alto ao ouvir a voz de Zuko abafada no cômodo ao lado, Katara decide entrar, encontrando Mai beijando Zuko na água das fontes termais.

— Terminados porra nenhuma. — Katara sussurrou e saiu do quarto em seguida, sua veia saltava na testa, como Zuko ousava mentir pra ela e ainda quase a beijar? Ele achava que só por que ele era o grande Senhor do Fogo, ela ia ser só mais uma? Não a Mestra Katara da Aldeia da Água do Sul.