Capítulo 28, Retorno

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Ursa respirou fundo, lutando para manter a calma enquanto observava Zuko, cujo rosto mostrava uma mistura de confusão e dor. Ela sabia que as palavras que estavam prestes a ser ditas mudariam tudo para ele, mas eram necessárias.

— Zuko, a verdade é que fui banida por Ozai. — Começou Ursa, a voz tremendo ligeiramente. — Em troca da sua vida. Ele acreditava que eu era uma ameaça ao seu reinado, então me forçou a sair da Nação do Fogo.

Zuko permaneceu em silêncio, seus olhos fixos na mulher que ele pensou que nunca mais veria. Ursa continuou, sentindo a ansiedade em finalmente poder revelar tudo.

— Voltei para minha vila natal e reencontrei Noren, que na verdade é Ikem, meu antigo noivo. Ele tinha assumido uma nova identidade e aparência, assim como eu. Foi ele quem me guiou até a Mãe das Faces, uma entidade poderosa que me deu um novo rosto e memórias.

Ela fez uma pausa, esperando algum tipo de reação de Zuko, mas ele continuou em silêncio, sua expressão indecifrável.

— Esse efeito... Desapareceu. Minhas memórias e minha verdadeira aparência voltaram. Quando eu percebi que finalmente podia te ver, eu sabia que precisava te encontrar, precisava explicar tudo. — A ansiedade de Ursa crescia a cada segundo de silêncio de Zuko. Ela começou a se sentir nervosa, quase desesperada para que ele dissesse algo, qualquer coisa.

— Zuko, eu sei que isso é muito para processar, mas eu estou aqui agora. Eu voltei para você. — Ursa deu um passo à frente, hesitante, esperando alguma resposta, mas Zuko manteve seu silêncio, afastando um passo.

— Por favor, diga algo... — A voz dela quebrou, as lágrimas ameaçando cair. — Eu só quero uma chance de me redimir, de ser sua mãe novamente.

— Eu... — Zuko começou, mas as palavras falharam, fechou os olhos por um momento, tentando encontrar as palavras certas. — É muita coisa para processar.

— Eu sei, meu filho. E sinto muito por todo o sofrimento que você passou. Mas estou aqui agora e não vou a lugar nenhum. — Ursa estendeu a mão afetuosamente para o filho.

Zuko respirou fundo, sentindo uma onda de emoções conflitantes dentro dele. Ele queria abraçá-la, gritar, chorar, tudo ao mesmo tempo. Mas, por enquanto, ele apenas a encarou como se fosse uma estranha, pois após tantos anos, era isso que ela havia se tornado.

— É um pouco tarde demais pra isso, Ursa. — A voz de Zuko soou mais ríspida do que desejava e causou um desconforto ainda maior na mãe, que abaixou a mão, desconcertada. — Por hora, prefiro que vocês passem a noite aqui.

Zuko caminhou até o marido de sua mãe, que brincava com a filha, alheio a toda situação complicada.

— Desculpem-me pela situação, mas por favor, me sigam. — Ikem esperava tudo, menos um sorriso amigável vindos do Senhor do Fogo, mas não se levantou para segui-lo.

— Não, eu que peço desculpas por não poder seguir o senhor, Lorde Zuko. — A voz cansada do homem não foi uma surpresa para Zuko, eles provavelmente haviam caminhado muito hoje, mas a negação o deixou confuso. — Preciso conversar com minha esposa primeiro.

— Entendo perfeitamente, mas faço questão que durmam aqui essa noite, já está tarde. — Zuko chamou um de seus servos e pediu para levá-los até seus aposentos quando estiverem preparados, mas então Ursa se aproximou. — Cuidado com a noite, fantasmas estão assombrando os outros.

E Zuko saiu, desnorteado pelos corredores do palácio, sem rumo e com total confusão mental, tanta coisa havia acontecido que sua cabeça parecia querer explodir, suas pernas bambearam enquanto suas mãos tremiam.

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