SUA?

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Capítulo 22

Fui tele transportada para um universo paralelo, onde apenas ouvia sons distantes e imagens desconexas, minha visão era escura e não podia ver com exatidão para onde estava indo, parecia um labirinto, uma estrada cercada de trilhas. Não conseguia sentir meu corpo, apenas uma sensação latejante em minha cabeça que agora era substituída por carícias leves, apenas um forte cheiro adentrado minhas narinas, estranhamente parecia álcool.

Abri os olhos um tanto confusa e vi pelas imagens turvas a íris castanha me olhando fixamente, seus olhos apesar de intimidadores revelava um resquício do que pensei ser preocupação. Olhei rapidamente ao redor e me situei, estava em seu escritório, mais especificamente em seu sofá que mais parecia um divã, deitada com a cabeça em seu colo enquanto ela parecia acariciar meu cabelos com uma mão, enquanto a outra segurava o chumaço de algodão próximo ao meu nariz.

Infelizmente não tive um pesadelo, realmente havia acontecido o que eu temia.

--Oh meu Deus! --Fechei os olhos novamente.

--Dificuldade em manter os olhos abertos? --Falou com a voz fria, cessando o carinho nos meus cabelos.

--Sim.

--Deixe de bobagens, abra logo os olhos. --falou com a voz dura.

--Estou envergonhada demais para isso. --falei num fio de voz.

--Ora, abra senão chamarei o médico.

Ameaçou e eu abri imediatamente a fitando.

--Me diga que nada disso aconteceu, por favor.

Ela acomodou-se melhor no sofá, mantendo seu cotovelo apoiado enquanto passava a mão pelos cabelos sedosos, sendo acompanhada pelo meu olhar minucioso.

--Não suporto mentiras, então infelizmente, aconteceu sim.

--Estou demitida por justa causa? --perguntei com a voz trêmula e incerta enquanto apertava os dedos frios da minha mão.

--Não. Mas espero que isso não volte a acontecer, há lugares mais propícios para isso, como motéis...

Fechei os olhos sentindo uma onda de vergonha me atingir novamente.

--Desmaiou outra vez?

--Não--abri os olhos novamente.

--Então levante-se, estou atrasada para uma reunião e não tenho tempo para ficar lhe socorrendo em seus desmaios. --falou olhando para o relógio dourado no seu pulso.

Me sentei de imediato, saindo do seu contato e sentando no sofá tentando ajeitar meus cabelos.

--Obrigada. --falei sem olha-la.

--Pelo quê?

Olhei-a significativamente como se ela houvesse perguntado a coisa mais óbvia do mundo.

--Por não ter me demitido. E por ter apagado os vídeos. E por não ter me deixado jogada no chão, e também por...

--Chega. Fiz isso pelo bem do escritório.

Meu queixo quase foi parar no chão, me senti tão insignificante.

--Ok. Então, boa noite doutora. --falei me levantando a pegando minha bolsa desajeitadamente.

--Boa noite.

Sai de sua sala em meio a dilemas, tentando analisar diversas formas de cometer suicídio, deveria me jogar do último andar ou me atirar da escada, eis a questão. Sentia uma raiva tão profunda de mim mesma misturada com uma vergonha descomunal que a minha vontade era isolar-me do mundo.

SUA OBSESSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora