Capítulo sem título 9

622 53 7
                                    

Cap 9

Depois que Faye saiu daquele quarto ainda fiquei alguns minutos tentando me recompor de todas aquelas emoções vividas em uma só noite, coloquei a mão no peito e  sentia o coração bater feito louco, sensação inédita até conhecê-la.

Não sabia lidar com aquela ousadia, aquela sensação de nunca esperar o que há por vir quando estava diante dela, a insegurança de quem não tem nada a ganhar. De quem não tem tem tudo a perder. Estava tão confusa, e o pior, não tinha a quem recorrer, Patrícia e Ana não iriam compreender o que nem eu mesma entendia, como poderia explicar que a namorada do meu tio mexia tanto comigo?

Naquela manhã a insônia imperou, não consegui pregar os olhos, o sol raiava lá fora, ouvia passos pelo corredor, fica apreensiva só em imaginar que pudesse ser ela, que a qualquer momento pudesse entrar de novo e me arrancar beijos. Só em lembrar de seus beijos me fazia suspirar, revivendo a sensação de ter seus lábios colados aos meus me tirando o fôlego e o juízo.

Acordei com o relógio marcando 17 horas, depois de sonhos desconexos e sem sentido levantei da cama e fui para um banho caprichado enquanto pensava nela, estava ansiosa para encontrá-la apesar da minha timidez não podia negar o quanto era agradável ser alvo de suas investidas. Vesti uma roupa leve e fui para o corredor toda sorridente procurando-a pelos cantos.

Meu sorriso se desfez quando escutei uma gritaria vinda do quarto dos meus tios, parecia uma discussão acalorada, dei alguns passos em direção a porta mas não era possível ouvir com exatidão o que diziam, mas se tratava de uma briga feia visto que não era do feitio de Faye falar alto.

Meu dilema no momento era se interromperia ou não aquela discussão, me doía o coração saber que o idiota do Ploy estivesse fazendo algo que a incomodasse, porém também temia que ele pudesse ter descoberto alguma coisa. Pensar nisso me deixava completamente apreensiva, recuei e voltei para o outro lado do corredor fazendo jus ao meu lado virginiana covarde.

Desci as escadas da sala, fui a cozinha não vi ninguém. Nem sinal de Nona, nem de mamãe, pela vidraça da sala vi que o jardineiro regava uma planta, o que me deixou ainda mais nervosa pelo fato de estar apenas nós três na casa. Sentada naquele sofá aguardei até que aquela briga acabasse ansiosamente, o que demorou bastante, só então vi Ploy visivelmente estressado descendo as escadas rapidamente. Ele nem sequer me cumprimentou de tão irado que estava, mal esperei ele abrir a porta e fui correndo em direção ao quarto de Faye.

Respirei fundo antes de empurrar a porta entreaberta, enquanto a via de costas para mim, olhando pela janela de vidro, era possível ouvir seu choro baixinho enquanto via ela com uma das mãos enxugar as lágrimas, enquanto a outra acariciava a barriga.

Espantoso o quanto aquele gesto me doeu, o quanto fiquei mortificada a vendo ali, tão frágil diante de mim. Bati levemente na porta e anunciei minha chegada.

--Sou eu, Yoko.

--Eu sei —ela falou depois de alguns segundos em silencio, com a voz embargada

--Posso ir aí?

Ela apenas balançou a cabeça e eu tranquei a porta atrás de mim, enquanto me aproximava cuidadosamente dela, segurei seus ombros que estavam nus devido ao vestido sem alças que ela usava, afaguei sua pele fazendo uma leve massagem, ela estava tensa mas parecia relaxar com meu toque.

--Vira pra mim.

Ela virou lentamente, de frente pra mim e só então pude ver o quanto ela estava abatida, seus olhos inchados e vermelhos lacrimejavam sem cessar, ela me olhava abertamente sem disfarçar a tristeza.

Enxuguei delicadamente cada lágrima que caia em seu rosto com o dorso da mão, sem parar de olha-la.

--Não quero mais ficar nesse quarto.

SUA OBSESSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora