APESAR DE TUDO...

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(Hoje ta pequeno o cap. estou editando um maior pois irei viajar semana que vem e ficarei Off a semana toda.)


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Mais um dia no escritório, mais um dia intenso de trabalho, e a ressaca me consumia. Tanto a física como a moral. O que diabos me deu para ficar com Leticia hoje de manha eu não sabia, mas seu cheiro ainda estava impregnado em mim, seu gosto não saia da minha boca, tudo seria tão mais fácil se Faye não fosse tão irresistível.


Dessa vez não esperei o final do expediente para falar com Engfa, prossegui até sua sala com papéis da avaliação na mão, nos corredores espelhados refletia uma imagem vazia e fantasmagórica, eu não estava nada bem. Aguardei na recepção na companhia de clientes sentados no sofá de couro, pacientemente esperei um a um serem chamados até chegar minha vez.

E incrivelmente eu não me sentia nervosa, temerosa como quando estava próxima a encontra-la, dessa vez pouco me importava com qualquer que fosse seu humor matinal, depois do que vi ontem a imagem imaculada se esvaiu da minha mente.

Engfa também possuía segredos.

A única sensação que possuía era a curiosidade. Queria saber mais, minha mente aguçava diversas possibilidades das quais nenhuma parecia fazer tanto sentido.

A secretária anunciou minha vez e me ergui indo em direção a sala congelante, com passos firmes porém nada animados me aproximei de sua mesa com os papéis. Enquanto ela parecia ler algo em importante em um tablet, visto seu cenho franzido em uma clara expressão de concentração.

--Bom dia, doutora.
--Yoko, como vai? Bom dia. -disse desviando brevemente o olhar e direcionando a mim com um sorriso sem mostrar os dentes. Dessa vez a expressão estranha veio de mim.

--Bem...--E o que trás a senhorita aqui? -me olhou docemente.
Que bicho mordeu ela eu não sabia, mas algo me dizia que tinha algo com a noite de ontem

.--Avaliação semestral de estágio. Se a senhora puder avaliar, ficaria agradecida.
--Deixe-me ver -falou esticando as mãos e pegando os papéis -Achei que viria antes, Barbara me entregou há alguns dias, ela também é uma excelente estagiária, como você.
Bárbara. Quis revirar os olhos com a simples menção daquele nome.

--Disso eu não tenho duvidas. -Sussurrei baixinho.
--O que disse?
--Nada, senhora.
--Senhora? O que houve com o 'Eng'?
--Boa pergunta. Achei que não gostasse. -não escondi meu desagrado.
--Não me diga que está chateada? Que bobagem, Yoko. Apenas deve evitar me chamar intimamente em público, entre nos duas não há cerimônias.
--Apenas eu que devo evitar lhe chamar intimamente?
--Como disse?
--Se apenas eu devo evitar te chamar intimamente. Ela fechou os olhos e sacudiu a cabeça brevemente em desacordo

.--Não estou entendendo aonde você quer chegar.


--Eu? Não quero chegar a lugar nenhum. Apenas perguntei, não entendo por que se afetou tanto. -fingi falsa inocência e ela não refutou. Desviou o olhar para os papeis enquanto ainda escrevia o relatório.

--Está com uma cara péssima. Parece que foi atropelada por um caminhão rolo. O que houve?
A antiga Engfa estava de volta. Eu podia ver o sorriso irônico nos seus lábios.
--Comigo nada. Mas se me permite, a sua está ótima. O que houve?

--Nada também

.--Ah sim.

--Você está diferente hoje.

--Estou?

--Cheia de meias palavras

.--Imaginação sua, Engfa

.--Terminei. -falou e entregou os papéis nas minhas mãos

Obrigada. Desculpe o incômodo

.--Imagine. Vai estar muito ocupada amanhã a tarde?

--Acredito que sim. Por que?

--Desmarque qualquer compromisso. Preciso de você amanhã.


**


FAYE POV

Mais uma noite se passava, mais uma noite em que me perdia nos próprios pensamentos, nos tormentos que habitavam meu coração. No som portátil a voz melancólica de Amy sintetizava meu estado de espírito.
Aqueles dias não estavam sendo fáceis, minha estadia naquela casa estava cada vez mais incomoda é o motivo da minha frustração tinha nome, sobrenome e cabelos castanhos.
Yoko me tirava do serio, se antes isso era motivo de contentamento, hoje à sensação de frustração imperava. Vê-la diariamente chegar na calada da noite acompanhada com desconhecidas, despertava o sentimento de posse. Mesmo irracional, mesmo que não tenha direito de cobra-la, no meu íntimo ela me pertencia. Injusto e infantil mas meu coração descompassava com a remota possibilidade de perde-la para sempre. E eu já havia perdido demais.

O que inicialmente se parecia uma conquista, revelava-se algo bem maior dentro de mim, algo que me recusava a dizer em voz alta, mas que exalava por todos os poros quando a via.

O sorriso tímido, contido, o rosto corado, a feição angelical, e os olhos que pareciam carregar toda pureza do mundo. Mas seus olhos não eram os mesmo, a íris cheia de curiosidade agora me fitavam frias e magoadas, me dilacerando por dentro e me deixando um lembrete constante do quanto a feri. Eu me recriminaria a vida inteira por ter lhe tirado o brilho da inocência e ter-lhe despertado o desamor.
Eu não a merecia.
Mais isso não me faria querer menos. Contrariando o bom senso, isso me faria querer mais intensamente que antes, como se a remissão pelos meus erros fosse faze-la feliz.

Um barulho de carro adentrando a garagem me tirou dos pensamentos e por instinto me pus sobre a sacada para vê-la entrar. Dessa vez sem me esconder, fiz questão que me visse e implorei aos céus que ela me procurasse. Não demorou muito e a vi entrar seria pela porta da sacada. Linda. Mil vezes linda.

--Olá -disse tentando controlar o tremor nas mãos sobre a taça. Ainda encostada na porta de correr me respondeu.

--Oi. Aproximou-se da sacada, enquanto eu mantinha minhas costas sobre a mesma, ela encostou-se de frente observando a vista, enquanto eu a observava. Um croped e uma saia brancos colada ao corpo, entre eles o espaço nu que revelava o ventre esguio pela pele exposta. Os cabelos presos em um coque davam um ar casual e igualmente belo. Ela continuava olhando o céu onde a Lua cheia iluminava. Estava tão séria, estranhamente seria. Talvez nunca me acostumasse.

--A Lua está linda.
Tentei quebrar o silêncio, mas ela apenas acenou a cabeça em concordância

.--Estava esperando que eu chegasse?
Ela me fitou enigmática. Sem desviar o olhar, senti o arrepio na espinha enquanto pensava e repensava em um resposta. Optei por ser sincera. Talvez lhe devesse um pouco de honestidade

.--Sim, eu estava. Ela deu o que parecia um sorriso enquanto balançava a cabeça negativamente, parecendo relutar. Então virou-se em minha direção aproximando lentamente seu corpo do meu até pressiona-lo contra a sacada.
Seus dedos quentes colocaram uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, eu me mantinha de perfil, olhando para outro canto. Tinha medo que meu olhar desnudasse minha alma e revelasse o que não deveria ser dito. Juntou-se mais a mim, delicada e firme ao mesmo tempo.
Seu corpo quente emanava descargas elétricas sob minha pele. E seu cheiro maltratava meus sentindo me levando a outra dimensão. Seus lábios encostaram em minha orelha. E talvez bastasse isso para que eu fosse dela. Sua voz doce e firme soou.

--Onde eles estão? Fechei os olhos com força enquanto sentia o pequeno nariz percorrer o pescoço até a clavícula saliente.

--Sua mãe dormindo. E ele só volta amanhã. Eladeu um beijo estalado no meu queixo, e segurou firme minha mão. E me olhoucuriosa com o cenho franzido. --Estou com frio. Foi A primeira desculpa que veio em mente para asmãos trêmulas e frias, mesmo que no fundo eu desconfiasse que soubesse averdade, ela nada disse. Na outra ela levava o som portátil que ainda tocava. Fuiguiada pelos corredores sem fim daquela casa, como um filho carregado pela mãesem sequer saber onde iria, mas seguia submetido a sua total confiança. Paramosna porta da biblioteca e aguardei ela trancar a porta do ambiente rusticoiluminado por uma lareira que aquecia a noite fria. A partir daí apenas sentimeu corpo prensado com força contra a porta e sua boca me devorar. No meuíntimo apenas uma constatação.

Eu seria dela. Mais uma vez.

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SUA OBSESSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora