Era outono. Estava um frio congelante, de quebrar os ossos daqueles que ficarem tempo demais ao ar livre. Principalmente a noite.
A grama estava fria e haviam gotas de água gelada sobre elas, indicando que acabara de chover.
O ar mandava sopros de ventos frios, que faziam a pelagem castanha se movimentar levemente e trazia arrepios ao corpo peludo.
As orelhas estavam frias, como as de um cadáver, e os olhos não conseguiam se abrir devido o cansaço que a corrida matinal lhe dava, todas as noites.
Era quase mortal aquelas condições, mas ele suportava com coragem, pois seu objetivo lhe dava esperanças que eram imortais.
Seu coração batia fracamente, indicando o sono profundo, e a lua iluminava seus chifres, que eram maiores que o resto dos animais.
Logo se aproximou outro animal, que farejou o veado deitado no gramado da grande mansão, e logo tratou de tentar acordá-lo.
O empurrando de leve com a cabeça o belo animal acordou do seu sono e o olhou com os olhos brilhantes.
Podia passar-se anos, até mesmo décadas, mas aqueles olhos nunca perdiam o brilho jovial e terno que o adornavam. De todos os seres animalescos que ali moravam o nobre veado era o que tinha mais esperanças no olhar, o que irritava seu perseguidor de todas as manhãs e tardes.
Ele sempre vinha, não importa o que acontecesse. Sempre o perseguia, lançando nele diversos feitiços que ele tratava de escapar.
Depois de anos ele conseguia se esquivar com perfeição e quase não levava danos, mas isso irritava ainda mais o homem, que, após anos, ele tratou de mudar suas técnicas de perseguição, mas nunca conseguia surpreender a criatura, pois era sábio, valente e corajoso e logo aprendia novamente a se esquivar com precisão.
Os animais se reuniram, estando entre eles o veado e a pantera, os líderes, que iriam comandar os movimentos.
Estavam cansados. Exaustos de tanta tortura e, por isso, reuniram-se para fugir, correr para o mais longe possível.
Por isso o mais valente era o líder. Ele sabia, exatamente, onde iria. Sabia quem os ajudaria, quem os salvaria. Quem iria tirá-los da prisão em seus próprios corpos selvagens.
Então, quando todos estavam prontos e o líder descansado, logo trataram imediatamente de começar a correr.
Eles correram em direção a floresta, adentrando na mata vasta e escura, correndo loucamente em direção aos portões da gigante casa.
Correram bravamente e corajosamente até que pararam em frente aos portões dourados e brilhantes. Então, usando o resquício de magia que havia acumulado durante os anos, o veado quebrou os portões, fazendo um enorme barulho, e, com certeza, atraiu a atenção dos empregados.
Não perdendo tempo, eles saíram, correndo pelo caminho de terra como se sua vida dependesse disso. E dependem, mas, para o bravo animal, não era a sua vida que depende disso.
Usando a magia que acumulou durante os anos de exílio, a pantera, negra como carvão, aparatou os animais para a localização que ele viu na mente do veado.
Era noite, então ninguém os viu na frente da mansão, e nem ouviram o rugido que o leão.
A luz das portas se abrindo foi a única coisa que o corajoso ser de chifres viu, antes de se entregar a escuridão, dando o cansaço por vencido.
XX
Era noite. Uma noite estranhamente brilhante, na opinião do homem de cabelos negros, que olhava para o céu da janela de seus aposentos.
O quarto estava escuro e, como sempre, ele estava escondido da luz das estrelas, ao lado da janela.
Escondido dos poucos alunos que ficavam ali nesta época. Os alunos que perambulavam a noite pelos jardins do castelos nunca percebiam que o mais sombrio dos professores os vigiava.
Era tarde e ele perdera o sono, como sempre. Sua cama era vazia e ele se sentia sozinho, então não conseguia dormir.
Escondia suas olheiras através de feitiços glamour e escondia seu sono através de canecas e mais canecas de café forte.
Não conseguia entender. Ele raramente dormia e, quando dormia, sonhava com alguém que não sabia quem era.
Seu rosto era nublado e ele sempre o levava até um lugar escuro. O homem sentia, em todas as vezes que se aprofundava no vasto breu, que algo deveria estar ali.
Foi então que fez uma poção, que fazia-o adentrar em sua própria mente. Quando o fez, percebeu o óbvio. Alguém havia mexido com sua memórias.
Fez várias e várias poções, na esperança de recuperar as memórias perdidas, mas elas foram trancadas com milhares de cadeados.
Isso o irritava imensamente e ele se perguntava quem havia feito isso.
Estava distraído, com sua mente cheia de pensamentos que ele julgava inúteis para seu propósito.
Pensava na pessoa que atormentava seus sonhos, e se lembrou de que era um homem. Isso o fez ficar horas acordado, pois não se lembrava de ter se apaixonado por nenhum homem em todos os seus anos de vida.
O céu estava escuro, como sua vida melancólica, e sua mente estava amaldiçoada, sendo assombrada por um fantasma.
Oh, como Lady Destiny era gentil consigo, pensava consigo mesmo tristemente.
Se sentia triste e solitário, mas jamais admitiria isso a ninguém, nem mesmo a sua confidente e amiga, Minerva, que lhe arranjara diversos encontros que falharam terrivelmente.
Ela tentava arranjar-lhe um amante, do qual ela queria que ele se apegasse e preenchesse o buraco vazio em seu peito, mas falhava e isso a deixava chateada. E, por um tempo, ela desistia, mas logo tentava novamente.
Ele permitia que ele o fizesse e a acalmava pacientemente quando ela não conseguia, pois ela era a mais verdadeira de suas amigas.
A animava quando ele aceitava ir a encontros e, quando voltava ainda solteiro, ela se sentia mal por ele.
Ah, por que a vida é tão dolorosa quando se está sozinha?, questionava a si mesmo enquanto olhava para o céu.
Estava escuro, mas o acontecimento seguinte foi épico. A lua, que estava escondida entre as nuvens grossas e escuras, logo tratou de aparecer.
O quarto se iluminou assim como seu rosto, e era como se uma luz de esperança invadisse seus olhos com um brilho intenso.
Ele se sentiu esperançoso, misteriosamente, e sabia que sua vida iria mudar.
Continua...
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𝕷𝖆𝖉𝖞 𝕯𝖆𝖘 𝕿𝖗𝖊𝖛𝖆𝖘 (1ª Temp.)
Romanceᴸᵃᵈʸ ᴰᵃˢ ᵀʳᵉᵛᵃˢ ᥴᥲᥒsᥲძ᥆ ძᥱ s᥆𝖿rᥱr, ᥴᥲᥒsᥲძ᥆ ძᥱ mᥱᥒ𝗍іrᥲs, ძᥱ ᥱᥒgᥲᥒᥲᥴ̧᥆̃ᥱs. ᥴᥲᥒsᥲძ᥆ ძᥱ sᥱr 𝖿ᥱrіძ᥆, ᥱᥣᥱ, ᥲ⍴᥆́s ძᥱsᥴ᥆ᑲrіr 𝗍ᥙძ᥆, ᥎ᥲі ᥲ𝗍rᥲ́s ძᥲ𝗊ᥙᥱᥣᥱ 𝗊ᥙᥱ, sᥙ⍴᥆s𝗍ᥲmᥱᥒ𝗍ᥱ, ᥆ ᥲᑲᥲᥒძ᥆ᥒ᥆ᥙ. mᥲs, ᥱ sᥱ ᥲs ᥴ᥆іsᥲs ᥒᥲ̃᥆ 𝖿᥆rᥲm ᥲssіm? ᥱ sᥱ sᥱᥙ "sᥙ⍴᥆s𝗍᥆" sᥲᥣ᥎ᥲძ...