Capítulo 30

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Ele estava irritado.

Estava irado de raiva e mal humorado, trazendo medo aos presentes, fazendo-os tremer a cada movimento do mesmo.

Lucius, assim como todos ali, estava temendo o pior, e, mesmo sendo ótimos amigos, numa amizade que poucos ou nenhum teria a chance de vivenciar, ele estava temeroso com relação ao humor de seu mestre.

O Lord já havia ficado irritado e mal humorado, trazendo um medo horrível e constantes tremores da parte de seus subordinados, mas nunca havia ficado tão irritado a este ponto.

Seus olhos fechados mostravam calmaria para outros que o vissem, mas a veia em sua testa e as sombrancelhas abaixadas sobre os olhos denunciavam o seu descontentamento.

Ele estava muito irritado.

Nunca, em seus anos o servindo, ele o viu tão irritado, e ele já presenciou muitos de seus surtos de raiva em sua história de vida.

O seu jovem remetente, que lhe enviava várias cartas constantemente, lhe trazendo enorme animação e alegria, havia parado, subitamente, de mandá-las. Isso preocupou o Lord, de início, pois ele se preocupava, o que deixou Lucius surpreso, com o jovem.

Mas, depois, quando não vieram mais cartas, ele entrou em colapso. Estava irritado constantemente, dia após dia, deixando seus servos temendo do pior.

Lucius devia admitir. Seu senhor nunca esteve tão encantado com alguém e nunca havia se irritado consigo mesmo, por pensar que o magoou.

Ele temia que o menino não enviasse novas mensagens, pois, se continuasse assim, seu senhor, mesmo tendo um alto controle absurdamente magnífico, acabasse descontado seu descontentamento em alguém, o que ele não o julgaria se fizesse.

Todos estavam em silêncio, tentando não se mexer ou falar qualquer coisa para não irritar mais ainda seu senhor.

Até que, de repente, se ouviu um piar familiar e, olhando para cima, pode-se ver a plumagem preta, quase azul, e brilhante, cortando o ar numa velocidade surpreendente.

Um suspiro de alívio escapou dos lábios finos de Lucius, quando os olhos de seu senhor pousaram no pássaro, que aterrisou no braço de seu trono, e brilharam. Tal acontecimento que foi percebido apenas por ele.

O Lord rapidamente desamarrou o pequeno envelope do pé da ave e estava prestes a abrir, mas percebe que havia um público ali.

Ele olhou para o Malfoy, num pedido silencioso, e o mesmo entendeu o pedido, logo começando a expulsar todos dali.

Uma vez sozinho, o homem tratou imediatamente de abrir o envelope, mas, quando não conseguiu, por estar animado, ele optou por rasga-lo, tomando cuidado com o papel dentro.

Quando abriu, o cheiro delicioso do garoto invadiu suas narinas e ele suspirou, amando o aroma. Seus olhos se fecharam, apreciando o perfume inebriante dele, e ele sorriu, feliz, por sentir o cheiro dele.

Era tão maravilhoso e magnífico. É doce, mas nunca enjoativo, pois jamais enjoaria de sentir tão aroma.

Saindo do seu estupor, ele logo tratou de desdobrar o papel e tratou de ler as palavras.

Doce Tom,

Estou triste em saber que causei tal desagrado em você. Peço que me perdoe, por favor.

Eu não fazia ideia de que estava lhe causando tanta irritação e peço perdão. Estava ocupado, organizando algumas coisas da minha vida, pois ela mudou muito, e não me recordei em lhe mandar as cartas.

Estava com meu pai, que eu descobri possuir recentemente e que mora em outro país, e, quando cheguei aqui, muitos problemas vieram até mim.

Aqui muitos lobos, que não gostam muito de mim, e uma bruxa, que me ameaçou. Então, como pode ver, estou ocupado.

Oh, peço perdão, não queria desabafar sobre os meus problemas com você. Não irá acontecer novamente.

Agora, voltando à um assunto importante, era a minha vez de lhe perguntar algo. O que você gosta de fazer? Qual o seu lugar preferido? E, se pudéssemos, nos poderíamos ir ?

Eu gostaria de ir conhecer um lugar que você gosta, com você, claro. E, conhecendo você, aposto que deve ser lindo.

Espero que responda rápido, pois estou deveras ansioso para ouvi-lo.

Com carinho,
Seu Hadrian.

Ele leu novamente e de novo, então mais uma vez, totalmente viciado nas palavras do menor.

Releu novamente aquela palavra, que nunca, em qualquer hipótese, passaria despercebido para si. Aquele sutil "seu" fez seu interior aquecer possesivamente e sua magia vibrar.

Sim, ele estava, extremamente, possesso com aquele garoto e o queria, desesperadamente, para si e somente para si.

Sempre que conversavam, sempre que trocavam palavras gentis e calorosas o deixavam ainda mais possesso, querendo aquele, que deixou sua mente e imaginação arisca, para si.

Ele se imaginava com o garoto. Imaginava ele em seus braços, traçando carícias e carinhos agradáveis e únicos. Esses pensamentos o deixava com seu interior aquecido.

Mas ele também imaginava seu garoto em sua cama, deitado sobre os lençóis verdes e pretos da mais pura lã. O imaginava gemendo e tremendo sob seu corpo, enquanto ele o dava o mais maravilhoso prazer.

Imaginava ele gritando, implorando por mais e mais, apertando os lençóis e revirando os olhos tão lindamente que fazia seu interior borbulhar.

Sim, ele sabia que era errado, pois o garoto não tinha ideia de sua identidade, mas seus pensamentos o compensava, o lembrando de que ele logo iria contar-lhe a verdade.

Esse pensamento também lhe dava medo. Medo em saber que havia a possibilidade de ser rejeitado, friamente, logo agora que ele estava tendo sentimentos pelo menor.

Ele chegava a ter receio de vê-lo chorar, de ver aqueles olhos, mais brilhantes que a mais pura esmeralda, derramarem lágrimas ao saber que foi enganado.

Tom pensavam que esse era o pensamento que mais lhe aterrorizava. Saber que foi a causa do sofrimento da sua pequena serpente, que descobriu a pouco tempo ser sua alma-gêmea.

Temia que o pequeno se assusta-se em saber que aquele que pensou ser seu inimigo a sua vida inteira, Tom Riddle, é sua alma-gêmea. Seu peito se apertava em pensar nisso.

Mas a esperança de ter sua pequena serpente em seus braços era a salvação de uma loucura. Era seu porto seguro.

Ah, quando ele descobriu ser alma-gêmea daquele que possui os olhos mais lindo do mundo o deixou extasiado. Ansiando em vê-lo novamente e tocá-lo.

Uma ideia passou por sua mente e ele tratou de ir buscar uma papel e uma pena, para escrever para o garoto.

Ele se sentia animado. Bom não era sempre que se encontrava a alma-gêmea, a pessoa que carrega parte da sua alma.

Afinal era algo extremamente raro no mundo bruxo.

Continua...

𝕷𝖆𝖉𝖞 𝕯𝖆𝖘 𝕿𝖗𝖊𝖛𝖆𝖘 (1ª Temp.)Onde histórias criam vida. Descubra agora