A fogueira crepitava no centro do acampamento, lançando sombras dançantes nas árvores ao redor. Embora o grupo já estivesse reunido há meses, havia aqueles cujas histórias de amor e amizade permaneciam em silêncio, escondidas nas entrelinhas da jornada. Entre eles, Alma e Thorne, dois dos mais reservados e misteriosos membros, tinham seus próprios segredos e conflitos internos.
---
Alma e Thorne
Alma, com seu poder de manipular a terra e as plantas, sempre foi uma presença forte e silenciosa. Seu papel no grupo era claro: proteger e curar. Mas por trás dessa fachada de segurança, havia uma mulher que carregava cicatrizes de perdas passadas, sempre mantendo uma distância emocional. Thorne, por outro lado, era uma figura ainda mais enigmática. Seu controle sobre as sombras lhe dava uma aura quase impenetrável, e ele raramente se abria, até mesmo para aqueles que considerava seus amigos.
Naquela noite, Alma estava sentada à beira da fogueira, longe dos outros. Suas mãos brincavam com uma pequena flor que havia feito brotar do chão. As pétalas se abriram lentamente, e ela observava a beleza simples da natureza, perdida em seus próprios pensamentos. Ela estava acostumada a ser a guardiã, a protetora, mas ultimamente, havia sentido uma conexão estranha com Thorne, algo que a fazia se questionar.
Thorne se aproximou silenciosamente, como sempre fazia, quase se fundindo com a escuridão. Ele sentou-se ao lado de Alma sem dizer uma palavra, o que era típico dele. Os dois ficaram em silêncio por um longo tempo, ouvindo o estalo da fogueira e o som distante dos outros conversando. Para os dois, o silêncio era confortável, um espaço onde as palavras não precisavam preencher o vazio.
Finalmente, foi Alma quem quebrou o silêncio.
— Você sempre se esconde nas sombras, Thorne. Não acha que isso te isola de todos? — perguntou ela, sem olhar diretamente para ele.
Thorne ficou em silêncio por alguns segundos, seus olhos fixos nas chamas.
— As sombras são a única coisa que sempre esteve comigo — respondeu ele, sua voz baixa e controlada. — Elas me protegem, mas também me mantêm à distância.
Alma olhou para ele agora, seus olhos suaves, mas firmes.
— Nós também estamos aqui, Thorne. Talvez seja hora de deixar um pouco dessa escuridão para trás e deixar que outros entrem.
Thorne desviou o olhar para ela, seu rosto iluminado pela luz do fogo. Ele nunca se permitira ser vulnerável diante de ninguém, mas com Alma, algo parecia diferente. Havia uma compreensão silenciosa entre eles, uma conexão que nem ele podia explicar completamente.
— E você? — ele perguntou, mudando o foco. — Você também se esconde, mas atrás das coisas que protege. Quem cuida de você, Alma?
A pergunta a pegou de surpresa. Ela sempre foi aquela que cuidava dos outros, que mantinha todos em segurança, mas nunca parou para pensar em quem poderia fazer o mesmo por ela. O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de significados não ditos.
Thorne então estendeu a mão, hesitante, e tocou levemente a mão dela. O gesto foi pequeno, mas para alguém como ele, era imenso. Alma olhou para suas mãos entrelaçadas por um momento, e um calor inesperado se espalhou por ela. Não era algo que ela estava acostumada a sentir — a ideia de ser cuidada, de ser vista.
— Talvez... possamos aprender a sair das nossas sombras juntos — ela sugeriu, com um sorriso suave, mas sincero.
Thorne não respondeu com palavras, mas o aperto suave em sua mão foi o suficiente para que Alma soubesse que ele estava disposto a tentar.
---
Ilya e Rina
Enquanto isso, Ilya, a jovem curandeira do grupo, estava em um canto mais distante, praticando seu controle sobre a água. Ela observava a pequena esfera de água flutuando entre suas mãos, moldando-a com precisão. Seu olhar era focado, mas ao seu lado, Rina, a ladina ágil com reflexos rápidos, estava claramente tentando distrair a amiga.
Rina era uma figura ágil e encantadora, sempre com uma piada na ponta da língua e uma energia incansável. Ela tinha uma queda por Ilya desde que se conheceram, mas a curandeira sempre parecia distante, imersa em suas responsabilidades.
— Então, você vai ficar aí brincando com água a noite toda, ou vai me dar um pouco de atenção? — perguntou Rina, com seu típico tom provocativo.
Ilya sorriu, sem desviar os olhos da esfera de água.
— Estou treinando. Preciso estar preparada para o que vem a seguir. Você deveria fazer o mesmo — respondeu ela, a voz calma, mas firme.
Rina suspirou dramaticamente, jogando-se ao lado de Ilya.
— Você sempre tão séria. Sabia que rir um pouco também faz bem à saúde?
Ilya finalmente abaixou as mãos, deixando a esfera de água cair suavemente no chão. Ela olhou para Rina, percebendo o brilho brincalhão nos olhos da ladina. Havia algo sobre Rina que sempre conseguia arrancar um sorriso de Ilya, mesmo nos momentos mais sombrios.
— E o que você sugere? — Ilya perguntou, arqueando uma sobrancelha.
Rina sorriu largamente, como se estivesse esperando por essa oportunidade.
— Um pouco de diversão. Só nós duas, longe desse clima pesado. Amanhã podemos voltar a ser as heroínas que o mundo precisa. Mas, por uma noite, que tal sermos apenas nós?
Ilya riu suavemente, balançando a cabeça.
— Você realmente sabe como fugir de responsabilidades, não é?
— Não é fuga, é uma pausa necessária — corrigiu Rina, com um sorriso travesso.
Ilya suspirou, mas o sorriso em seu rosto era genuíno.
— Está bem. Uma pausa, mas só por hoje.
Rina se levantou rapidamente, puxando Ilya com ela. Elas se afastaram da fogueira, em direção a um riacho próximo. Enquanto a água corria suavemente, Ilya percebeu que, pela primeira vez em muito tempo, ela estava relaxando. E isso era graças a Rina, que sempre soube como trazer leveza para a sua vida.
Enquanto as duas conversavam e riam sob o céu estrelado, Ilya se permitiu algo que ela sempre achou que não poderia ter: um momento de normalidade, de felicidade simples ao lado de alguém que a fazia sentir-se viva.
---
A noite continuava, e em meio ao caos de suas vidas, esses laços invisíveis, até então não revelados, começaram a se fortalecer. Eles sabiam que mais desafios viriam, mas também sabiam que, juntos, não precisavam enfrentar a escuridão sozinhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dunada voltei no tempo é ganhei super poderes
Sci-fi"Dunada voltei no tempo e ganhei superpoderes" é uma história cheia de aventuras, humor e reviravoltas inesperadas.