13 - Manhã de Surpresas

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Acordei mais cedo que o normal. E, cara, isso já era um puta milagre. O sol nem tinha dado as caras ainda e eu já estava de pé, com uma energia que não sentia há tempos. Era como se eu tivesse um fogo dentro de mim, uma eletricidade que fazia tudo parecer mais intenso. Será que é isso que as pessoas chamam de estar apaixonado? Que porra estranha. Dei uma risada curta enquanto jogava água no rosto no banheiro. Maldição, Daniel, tá ficando mole por causa de uma mulher.

Mas foda-se. Decidi que ia surpreender a Laura hoje. Algo simples, só pra mostrar o quanto me importo. Um café na cama. Caminhei até a cozinha, e lá estava Joana, sempre adiantada, já preparando o café da manhã. Ao me ver entrar com aquele sorriso idiota no rosto, ela me olhou de lado, como quem já sabe exatamente o que tá rolando.

"Daniel, o que tá acontecendo com você? Esse brilho no olho não engana ninguém."

Eu ri, meio sem jeito, pegando uma maçã da mesa.

"Nada demais, Joana. Só pensei em... fazer algo diferente hoje. Preparar um café pra Laura."

Ela sorriu, mas logo o sorriso sumiu. Começou a preparar a bandeja, e enquanto mexia no que parecia ser torradas, soltou um suspiro pesado.

"Eu fico feliz por você, Daniel. De verdade. Mas toma cuidado. Laura é da cidade... Você sabe como é. Gente de fora sempre tem um pé fora daqui."

As palavras dela me acertaram como um tapa na cara. Porra, e se ela tiver certa? E se a Laura realmente for embora a qualquer momento? Meu coração apertou, e o entusiasmo de antes murchou. A ideia de perder a Laura, de ela ir embora sem mais nem menos... me deixava sem chão.

"Eu não vou deixar isso acontecer, Joana" murmurei, mais pra mim mesmo do que pra ela. Eu tinha que acreditar nisso. "Eu vou fazer a Laura ficar."

Joana soltou outro suspiro, aquele típico de quem já viu de tudo na vida, como se soubesse que eu tava metendo os pés pelas mãos.

"Só não se machuca, menino."

Peguei a bandeja que ela preparou e subi em direção ao quarto da Laura. Cada passo parecia mais pesado, a cabeça cheia de pensamentos confusos. Quando cheguei na porta, pronto pra bater, ouvi a voz da Laura lá dentro. Ela tava no telefone.

"...não vou embora até o tio voltar. Eu fiquei responsável pela clínica, você sabe disso."

Aquelas palavras me deram um soco no estômago. Então era isso? Ela só tava aqui por causa da porra do compromisso com o tio? Eu não fazia parte dos planos dela? Toda aquela merda começou a rodar na minha cabeça, e a insegurança tomou conta.

Eu devia parar de escutar, mas não consegui me segurar. Continuei ali, com o ouvido grudado na porta, e ouvi outra frase que me deixou ainda mais encucado.

"Não, mãe, já disse, esse assunto tá encerrado. Eu não aceito isso."

Mas que diabos ela não aceitava? Meu coração começou a martelar no peito, um monte de pensamentos malucos passando pela minha cabeça.

Respirei fundo e, finalmente, bati na porta. Três batidinhas leves.

"Espera aí, mãe, preciso desligar." A voz dela saiu mais nervosa, e eu imaginei que ela sabia que eu tava ali o tempo todo.

Quando a porta se abriu, eu sorri o melhor que pude, tentando não mostrar a confusão que tava rolando dentro de mim. Eu deveria perguntar sobre o que ouvi? Não sabia. Tudo que sabia é que não queria estragar o momento.

"Bom dia, moça." Inclinei e dei um beijo rápido nos lábios dela. "Preparei uma surpresa. Pedi pra Joana fazer um café da manhã especial pra você."

Tempestades de Corações: Amores Improváveis Onde histórias criam vida. Descubra agora