Tempestades de Corações: Amores Improváveis

38- Destinos Entrelaçados

O sol mal havia nascido, mas meus pensamentos já estavam a mil. O rodeio estava a apenas dois dias de distância, e logo depois, Laura chegaria. A ansiedade me consumia por completo, e nem o café preto quente ajudava a aquietar meu peito. Tomei um gole rápido, quase queimando a língua, e coloquei a xícara de volta na mesa com um som abafado.

" Qual a pressa, Daniel?"  perguntou Márcia, me observando atentamente do outro lado da mesa.

Levantei o olhar para minha irmã, que parecia ler cada emoção minha como um livro aberto. Sorri de leve, mas não consegui evitar a inquietação. Respirei fundo, tentando manter a calma.

" Dois investidores de uma grande empresa de laticínios de Seattle chegam hoje à Fazenda Encanto. Eles vão fiscalizar toda a estrutura para ver se temos o que é preciso para ser um dos fornecedores de leite para a empresa deles."  O orgulho escapou na minha voz, enquanto pensava em tudo o que havia investido nos últimos anos. " Tenho confiança no que construí. Investi muito em vacas leiteiras e máquinas de ordenha modernas. Se tudo correr bem, nunca mais precisarei participar de rodeios."

Márcia arregalou os olhos, e seu rosto se iluminou com uma mistura de alívio e alegria.

" Isso seria maravilhoso, Daniel!"  exclamou ela, comemorando.

Joana, que estava no canto da cozinha, preparando o pão, olhou para mim com aquele olhar maternal de sempre.

" Com fé em Deus, vai dar certo. Já passou da hora de você deixar esse negócio de rodeio. Sempre me preocupo com você montando naquela máquina doida."

Eu sabia que elas se preocupavam, especialmente Márcia. E havia prometido para Laura que esse seria o meu último rodeio. A imagem de Laura veio à minha mente, e senti uma onda de desejo e saudade. Dois dias... era o que me separava dela.

" Espero que dê certo" murmurei, mais para mim mesmo do que para elas, enquanto terminava o café rapidamente.

Levantei da mesa e fui até Márcia, dando-lhe um beijo carinhoso na testa.

" Fica tranquila, maninha. Vai dar tudo certo."

Ela sorriu, mas o brilho em seus olhos deixava claro que estava mais aliviada com a ideia de eu deixar os rodeios do que com o possível sucesso do negócio.

Joana me observava em silêncio, mas vi o orgulho em seus olhos. Sabia o quanto ela me apoiava desde que éramos crianças.

" Vou ver se está tudo certo com as vacas e os equipamentos antes dos investidores chegarem"  disse, saindo da cozinha.

Fui em direção ao galpão, onde ficavam as máquinas e o gado. O caminho até lá me deu tempo para pensar em tudo que estava em jogo. O investimento foi grande, mas a recompensa... seria ainda maior. Se esse negócio se concretizasse, nossa fazenda não só se manteria estável, como se tornaria uma das maiores fornecedoras da região. Eu poderia oferecer uma vida melhor para minha irmã, e finalmente... finalmente cumprir minha promessa a Laura. Estava na hora de deixar os rodeios para trás.

Enquanto verificava as máquinas de ordenha e o rebanho de vacas, fui surpreendido pela voz de José, que vinha correndo em minha direção.

" Senhor Daniel, chegaram dois homens de terno na casa. Eles parecem ser os tais investidores."

Assenti com a cabeça, um sorriso confiante surgindo no meu rosto.

" Certo, José. Traga-os até aqui, por favor."

José saiu apressado, e eu me permiti um instante de satisfação. As máquinas estavam em perfeita ordem, o gado parecia saudável, e eu estava mais do que preparado para essa reunião. Enquanto olhava ao redor, meu celular vibrou no bolso. Peguei o aparelho, e um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios ao ver o nome de Laura na tela.