34- Sombras da Ausência

8 0 0
                                    




Vesti a calça de moletom às pressas, com as mãos tremendo, tentando ajeitar o elástico na cintura. Meu olhar foi direto para a porta do banheiro, agora fechada, onde Laura estava. Um nó apertava minha garganta, e eu não conseguia parar de andar de um lado para o outro no quarto, como se isso pudesse aliviar o peso esmagador que pressionava meu peito.

"Como eu fui tão idiota?" pensei, sentindo a respiração acelerar. O calor do momento anterior agora parecia uma lembrança amarga da minha própria estupidez. Eu tinha machucado Laura...

A cada passo que eu dava, a pressão no meu peito aumentava. A imagem dela chorando e se afastando de mim não saía da minha cabeça, martelando como um maldito eco. Eu sempre gostei de ter o controle na cama, mas com Laura era diferente. Era uma dança entre poder e entrega, uma conexão que eu nunca tinha experimentado com ninguém. Então, por que diabos eu fui tão cego a ponto de tratá-la daquele jeito? Ela significava tudo para mim. Mas, naquele momento, eu só conseguia pensar:  que merda eu fiz?

Fui até a porta do banheiro, meu coração apertando com o pensamento de como ela devia estar se sentindo lá dentro. Levantei a mão, pronto para bater, mas hesitei. Como eu poderia encará-la? Como eu iria explicar que agi daquela forma porque estava consumido pelas minhas próprias frustrações? Eu tinha ouvido aquela conversa dela com o tio, algo que ela obviamente não queria que eu soubesse... e aquilo me corroía.

Suspirei fundo e me virei, me afastando da porta. Sentei na beira da cama e passei as mãos pelo rosto, apertando os olhos com força, tentando organizar meus pensamentos. Eu precisava consertar aquilo, mas como? Como eu faria Laura me desculpar?

De repente, o toque do celular quebrou o silêncio, me arrancando dos meus devaneios. Olhei para a mesa de cabeceira. Era o celular de Laura, que ela tinha deixado ali. O som insistente continuava, e por um momento pensei em ignorar, mas o nome que apareceu na tela me fez parar: "Luke".

Franzi a testa, tentando lembrar se já tinha ouvido esse nome antes. E então me toquei: essa já era a segunda vez naquele dia que vi esse nome. Luke. Quem era esse cara?

O que Laura estava escondendo de mim? Por que nunca mencionou esse nome antes?

A porta do banheiro se abriu, e Laura apareceu enrolada numa toalha. Meu foco mudou imediatamente para ela. Seus olhos caíram sobre o celular na minha mão.

"O que você tá fazendo com o meu celular, Daniel?" A voz dela saiu seca, distante.

Por um momento, esqueci toda a merda que tinha acontecido. Agora, a única coisa que dominava meu corpo era a desconfiança e a raiva.

Levantei o celular, o nome ainda brilhando na tela. "Quem é Luke, Laura?" perguntei, minha voz subindo involuntariamente. Só de falar o nome dele, me deu um gosto amargo na boca.

Laura congelou por um instante, os olhos arregalados. Ela caminhou até mim, tirou o celular da minha mão e encerrou a chamada. "Ele não é ninguém," disse, fria, antes de jogar o celular na cama.

Eu ri, um riso amargo, incrédulo, passando as mãos pelo cabelo, bagunçando ainda mais. "Ninguém? Sério, Laura? Já é a segunda vez que vejo esse nome hoje! E agora ele liga de novo? Quem diabos é esse cara? E por que tá te ligando assim?"

"Você tá exagerando, Daniel," ela disse, tentando manter a calma, mas a voz tremia. "Ele não significa nada."

"Nada?" Falei, minha frustração explodindo. "Então por que você tá escondendo isso de mim? Eu ouvi sua conversa com seu tio! Você disse que não queria que eu soubesse de uma parte da sua vida."

Tempestades de Corações: Amores Improváveis Onde histórias criam vida. Descubra agora