52- Acerto de contas

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Estacionei o jeep em frente ao prédio imponente dos Miller, um arranha-céu de dez andares com janelas de vidro que refletiam o céu. Observei a fachada do prédio, sentindo o sangue ferver e a determinação pulsar em cada parte do meu corpo. Pool soltou o cinto ao meu lado e olhou para mim, meio hesitante.

" Então... é aqui a empresa dos Miller" ele comentou, a voz carregada de preocupação.

Assenti, os olhos ainda fixos na construção. Pool balançou a cabeça e soltou uma risada sem humor.

" A Laura vai me matar quando descobrir que te trouxe até aqui."

Soltei um riso de lado, provocativo.

" Tecnicamente, Pool, você não me trouxe. Eu estou dirigindo, lembra?"

Ele revirou os olhos e deu uma risada curta.

" E aí, tem certeza que quer entrar lá, cara?"

Olhei de canto pra ele, e minha expressão endureceu.

" Absoluta. "

A mandíbula dele travou, e ele respirou fundo antes de balançar a cabeça, como se já soubesse que eu estava decidido. Mesmo assim, perguntou, tentando uma última vez:

" Quer que eu vá junto?"

Respirei fundo, sentindo o peso do que estava prestes a fazer. Neguei com a cabeça.

" Não. Preciso fazer isso sozinho. E se, sei lá... der alguma merda, fala pra Laura que eu amo ela. Sempre amei."

" Para com isso, Daniel" Pool me cortou, a expressão dele agora firme. " Desiste, cara, isso não vale a pena."

Fitei o prédio uma última vez, sentindo o peito apertar. Vale a pena, sim. Preciso acertar as contas com aquele desgraçado do Lukas. É agora ou nunca. Então, soltei o cinto, bati a porta do jeep com força e me afastei sem olhar para trás, decidido.

Senti o olhar de Pool queimando nas minhas costas enquanto caminhava até a entrada, mas ignorei. Precisava estar focado. Cada passo que eu dava era como se estivesse prestes a explodir, mas estava calmo. Não importa o que eu encontrasse lá dentro, eu tinha uma certeza: ou aquele filho da mãe ia me escutar, ou eu ia quebrar aquela cara de uma vez por todas.

Passei pelas portas de vidro e senti o ar condicionado gelado contrastar com o calor da minha pele. A recepção era moderna, minimalista, com o nome Miller Corp estampado em letras metálicas na parede atrás do balcão. A atendente olhou para mim e sorriu, profissional, sem ter ideia do que estava prestes a acontecer.

Agora era só esperar a chance.

Assim que parei em frente à recepção, nem perdi tempo.

" Quero falar com Lukas Miller."

A recepcionista olhou pra mim com uma expressão profissional que escondia bem a ironia, o olhar dela escaneando minha roupa, o semblante sério.

" Tem horário marcado, senhor?"

Revirei os olhos e suspirei, irritado, mas me segurei.

" Não. Mas é urgente e vai ser rápido."

Ela deu um sorriso falso, carregado de ironia, e soltou com a calma de quem estava prestes a testar minha paciência.

" Desculpa, senhor. Sem horário, sem reunião."

Eu sabia que ficar discutindo ali só ia me atrasar. Então, sem rodeios, perguntei:

" E em que andar ele está?"

A recepcionista me lançou aquele olhar profissional de novo, como se quisesse deixar bem claro quem mandava ali.

Tempestades de Corações: Amores Improváveis Onde histórias criam vida. Descubra agora