11- Entre o Medo e o Desejo

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Fiquei no quarto andando de um lado para o outro, como um animal enjaulado. A mente fervia, replayando cada segundo do que aconteceu no banheiro, do que eu fiz com Laura. Cada palavra dita, cada toque impensado. Eu me odiava por isso. Como pude ser tão idiota? Eu me vi espelhado nas palavras dela, naquela frase final, cheia de desprezo, e percebi que, por mais que doesse, ela estava certa. Um imbecil caipira. Era exatamente assim que eu me sentia. Ela merecia muito mais, e tudo o que eu conseguia fazer era afastá-la.

Parecia que quanto mais eu tentava lutar contra meus próprios sentimentos, mais eu me afundava nessa confusão. Eu tinha que achar um jeito de consertar isso, de ao menos tentar explicar. Não conseguia deixar as coisas daquele jeito, era insuportável.

Precisava encontrar um jeito de mostrar para Laura que não sou apenas esse idiota impulsivo que ela vê. Foi quando uma ideia me atingiu como um raio. Peguei o celular e mandei uma mensagem rápida para José, meu capataz: "Prepara o Trovão, vou sair com ele." José, sempre direto, só respondeu com um "Ok, patrão."

Respirei fundo e saí do quarto, decidido. Parei diante da porta do quarto de Laura. Estava entreaberta, e ela estava lá dentro, de costas para mim, olhando pela janela. Eu não bati; só entrei. O som da porta me denunciou, e Laura se virou rapidamente, os olhos arregalados.

"O que você pensa que está fazendo? Sai daqui, Daniel!" ela disse, a voz carregada de irritação.

Ignorei seu protesto. Fui até ela, sem hesitar, e segurei sua mão. A pele dela estava quente e macia, mas tensionada. Ela tentou se soltar, mas não deixei. "Preciso que venha comigo," falei, com firmeza.

"Eu não vou a lugar nenhum com você!" Laura puxou o braço, mas não com força suficiente para se desvencilhar.

"Por favor, Laura, só vem." A minha voz não soava como um pedido - era quase uma súplica, e eu estava me odiando por isso. Não dei mais espaço para discussões e a puxei para fora do quarto. Ela resmungava e protestava, mas eu estava determinado.

Chegamos ao estábulo e eu só soltei a mão dela quando estávamos diante da baia do Trovão, meu cavalo. Ele já estava preparado, com a sela posta, como pedi. Passei a mão pela crina dele, um gesto automático que sempre me trazia uma sensação de calma. "Vamos, amigo," murmurei, enquanto acariciava seu pescoço. Laura me olhava como se eu tivesse perdido o juízo.

Subi no cavalo e estendi a mão para ela. Laura deu um passo para trás, a desconfiança estampada em seu rosto.

"Confia em mim, Laura," pedi. As palavras saíram mais suaves do que eu esperava. Vi a hesitação nos olhos dela, mas finalmente ela cedeu e pegou minha mão. Puxei-a para cima, e ela subiu na garupa, as mãos agarrando firme na minha cintura. O calor do corpo dela encostado em mim me fez respirar fundo. Era uma sensação nova, e ao mesmo tempo, estranhamente familiar, como se ela sempre devesse estar ali, segurando firme.

"Segura firme" eu disse, com um sorriso contido.

Laura apertou os braços ao redor de mim, e senti uma onda de emoções. Era quase impossível não pensar no quanto eu queria mantê-la ali, junto de mim, para sempre.

" Vamos para o nosso lugar, Trovão" murmurei ao meu cavalo, e ele disparou em direção à colina.

Enquanto cavalgávamos, o vento batia em nossos rostos, e senti Laura se apertar ainda mais contra mim. Meu coração batia descontrolado, não só pela adrenalina da corrida, mas pela presença dela, tão próxima, tão... minha, mesmo que por esse breve momento.

Quando chegamos ao alto da colina, ajudei Laura a descer do cavalo. Ela olhou ao redor, admirada com a vista que se abria diante de nós. O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu com cores que iam do laranja ao roxo, e o vento balançava os cabelos dela como se fosse uma pintura viva.

Tempestades de Corações: Amores Improváveis Onde histórias criam vida. Descubra agora