37- O Peso da Saudade

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Havia se passado uma semana desde que Laura voltou para Seattle, e cada dia sem ela parecia uma porra de um teste de resistência. Eu me afundava no trabalho, passava horas a fio no campo, e quando achava que o cansaço ia me derrubar, me jogava no treino do touro mecânico, tentando exorcizar a saudade que me devorava por dentro. O rodeio estava a apenas três dias de distância, e a ideia de ter Laura lá, me assistindo, de volta ao meu lado, era a única coisa que ainda me fazia seguir em frente. A gente se falava todos os dias, por chamadas ou mensagens, mas, merda, não era nem de longe o bastante. Eu sentia falta de tudo nela: do cheiro suave de seu perfume que ficava na minha pele, da sensação do corpo dela junto ao meu, e, caralho, do gosto inebriante dos seus lábios.

Soltei um longo suspiro enquanto a água quente do chuveiro deslizava pelo meu corpo, fechando os olhos e deixando minha mente se perder nela. Laura estava em todos os meus pensamentos. Ela me consumia, me fazia desejar mais do que eu podia ter naquele momento. A saudade estava virando uma droga de uma dor física. Queria tanto que ela estivesse aqui comigo agora, nessa porra de banho, me abraçando, seus dedos passeando pela minha pele. Mas tudo que eu tinha eram memórias e a esperança de que, em poucos dias, ela estaria de volta.

Saí do chuveiro com a toalha enrolada na cintura, e meus pensamentos foram direto para a surpresa que eu tinha preparado para ela. Nos raros momentos livres entre o trabalho e os treinos, eu tinha me dedicado a fazer algo especial. Porra, eu queria impressioná-la, queria vê-la sorrir, o rosto dela iluminado ao ver o que eu tinha feito por ela. Isso me dava uma energia diferente, mas nada se comparava ao que eu realmente desejava: ter Laura de volta, nos meus braços, onde ela pertencia.

O toque do celular me tirou dos devaneios. Apressei os passos, ainda com a toalha pendurada na cintura, e alcancei o aparelho em cima da mesinha ao lado da cama. O nome de Laura piscava na tela, e não pude evitar o sorriso que surgiu no meu rosto. Atendi sem hesitar.

"Oi, linda" falei, minha voz saindo mais suave do que eu pretendia, só de ouvir a presença dela do outro lado da linha.

"Ei, baby," a voz dela veio carregada daquela doçura familiar, e meu peito se apertou de saudade.

Soltei outro suspiro, aquele tipo de alívio momentâneo só por ouvi-la, mas logo a dor voltou com força total. Perguntei se estava tudo bem, tentando não soar ansioso, mas a porra da saudade fazia minha voz trair meus sentimentos.

"Sim," ela respondeu, animada. "Tenho boas notícias! Meu pai saiu do coma esta tarde e já está até se alimentando um pouco. Sem nenhuma sequela."

A notícia me pegou de surpresa, e eu não consegui segurar a empolgação que explodiu no meu peito.

"Isso é incrível, Laura!" minha voz transbordava alívio. "Puta merda, eu tô tão feliz por vocês."

Eu podia sentir o alívio dela do outro lado, embora o cansaço ainda estivesse lá, pesando. Mas eu não conseguia esconder a felicidade, meu coração batia mais rápido, carregado de esperança.

"Eu sabia que ele ia sair dessa. Seu pai é forte pra caralho. Isso é um grande passo," continuei, tentando deixar tudo mais leve para ela. "Logo ele vai estar em casa, e as coisas vão começar a voltar ao normal."

Ela suspirou, mas dessa vez o som parecia mais leve, quase como se ela estivesse finalmente conseguindo respirar um pouco melhor.

"Espero que sim..." respondeu, a voz um pouco mais abatida. "Foi tão difícil esses últimos dias."

"Vai ficar tudo bem agora," insisti, sorrindo como se ela pudesse me ver. "E assim que isso passar, você volta pra fazenda. Eu tô contando os dias pra te ver, Laura. Não é a mesma coisa sem você aqui."

Tempestades de Corações: Amores Improváveis Onde histórias criam vida. Descubra agora