2- O Templo das Tempestades

17 1 0
                                    

O jeep parou com um rangido seco ao lado dos estábulos, levantando lama e folhas molhadas enquanto eu desligava o motor. A tempestade rugia acima de nós, como se o céu estivesse desabando em raiva e água. Saí do veículo com pressa, a chuva gelada caindo pesada sobre meu chapéu, e corri para abrir a parte de trás do jeep. O chão se transformara em um lodaçal, e meus pés afundavam no barro a cada passo, dificultando minha movimentação. Meu coração batia forte, a mente era um turbilhão de preocupações e ansiedade.

Puxei a porta traseira do jeep com força, mas ela resistiu, rangendo como se fosse lutar contra mim até o fim. Com as mãos trêmulas e a chuva batendo com força sobre nós, dei um puxão extra, arrancando a porta aberta de uma vez. Ajudei a veterinária a descer, cuidando para que ela não escorregasse no chão molhado. Os equipamentos médicos e os suprimentos que ela trouxera estavam todos encharcados, e enquanto eu tentava organizar o que restava, cada movimento mais atrapalhado que o outro, uma voz conhecida cortou o barulho ensurdecedor da chuva, trazendo um novo tipo de tensão para o momento.

''Rápido, Daniel, por favor, rápido!'' José, gritou com urgência, sua voz quase engolida pelo som pesado da chuva. Ele corria em minha direção, o chapéu abaixado para se proteger da água.

''Patrão!'' Ele me chamou, e senti os olhos da veterinária cravados em mim.

Ela congelou por um segundo, surpresa. Eu podia sentir a dúvida em seu olhar. Ela não sabia que eu era o dono da fazenda. Mas não havia tempo para esclarecer isso.

Enquanto me apressava para entender o que estava acontecendo, vi José parar ao notar a veterinária ao lado do jeep. Ela estava encharcada e com uma expressão confusa, talvez surpresa com o caos da situação. Eu me senti um pouco frustrado por tudo estar dando tão errado, mas também não conseguia afastar a sensação de esperança que a doutora poderia trazer. Ela era a única chance de salvar Esmeralda e, naquele momento, toda a nossa confiança estava nela.

''O que aconteceu?'' Perguntei, a voz quase rugindo sobre o som da tempestade.

José olhou para mim com uma expressão de urgência ainda mais intensa ao ver a veterinária ao lado do jeep. Ele parecia surpreso e, ao mesmo tempo, esperançoso. Eu, ainda com a adrenalina correndo, mal podia esperar para entrar nos estábulos.

José começou a explicar rapidamente. ''Patrão, a Esmeralda está perdendo muito sangue. Precisamos agir rápido.''

''Trouxe a veterinária'' falei, a voz saindo mais apressada do que eu pretendia. ''Ela vai ajudar a Esmeralda. Vamos logo!''

José assentiu, aliviado, e nos guiou para dentro. Enquanto corríamos, ele virou-se para a veterinária e, ainda que com um semblante preocupado, fez um breve sinal de agradecimento.

''Graças a Deus que você veio!'' José disse para a doutora, quase sem fôlego. ''A Esmeralda precisa de ajuda agora, é sério. Tá perdendo muito sangue.''

A veterinária apenas assentiu, focada e pronta para agir. Ao chegarmos aos estábulos, a cena fez meu coração apertar: Esmeralda estava deitada, com a respiração pesada e o chão ao redor dela manchado de sangue. Senti o peso da preocupação e da responsabilidade caindo sobre meus ombros.

"O que precisamos fazer?" perguntei, tentando manter a calma, embora minha voz tremesse de medo de perder minha égua.

A veterinária se ajoelhou ao lado de Esmeralda, examinando rapidamente a situação. Ela se virou para mim com um olhar determinado.

"Preciso de espaço e silêncio," disse com firmeza. "Pegue aquelas toalhas, preciso tentar estancar o sangramento." Eu corri para pegar as toalhas, seguindo suas instruções.

Tempestades de Corações: Amores Improváveis Onde histórias criam vida. Descubra agora