Decidi tomar um banho antes de dormir, achando que a água quente ia ajudar a aliviar a tensão. Mas, mesmo com a água caindo pesada sobre meus ombros, minha mente estava um turbilhão de pensamentos sobre o dia e, claro, sobre Laura. Quando saí do chuveiro, me sequei rapidamente e enrolei uma toalha na cintura. Estava leve e feliz com tudo que tinha acontecido entre nós, mas precisava dar uma organizada nos pensamentos.
Abri a porta do banheiro com um sorriso no rosto, pronto para relaxar e deixar de lado a intensidade do dia. O que eu não esperava, de jeito nenhum, era o que me aguardava do outro lado.
Assim que saí, dei de cara com Amelia parada bem no meio do meu quarto. Porra. Ela usava uma camisola de seda que mal cobria o corpo, e me olhava de um jeito que fez o ar no quarto ficar pesado. Tudo ficou estranho, num piscar de olhos.
"Amelia? O que você tá fazendo aqui, a essa hora?" Perguntei, tentando manter o tom calmo, mas já sentia o desconforto me acertando em cheio. Segurei a toalha com mais força na cintura, como se aquilo fosse me dar alguma segurança. A presença dela ali, naquele estado, parecia errada, e eu não fazia ideia do que diabos estava acontecendo.
Ela deu um passo à frente, e o olhar dela carregava uma intensidade que me fez ficar ainda mais tenso. "Daniel... eu não aguento mais. Eu te amo. Sempre te amei," disse ela, a voz embargada, com lágrimas começando a se acumular nos olhos. "Esperei por tanto tempo, Daniel... esperei que você notasse. Mas agora... não consigo mais carregar isso sozinha."
Droga. O mundo parou por um segundo. Aquilo era o que eu temia há tempos. Amelia sempre foi como uma irmã pra mim, alguém que eu sentia necessidade de proteger. Mas eu sabia dos sentimentos dela, e tentei ao máximo fingir que não via, que não sabia. Só que agora, ela jogou tudo na minha cara, e não tinha mais como evitar.
Respirei fundo. Eu sabia que não havia saída fácil pra isso. Precisava ser honesto, mesmo que fosse uma droga de situação.
"Amelia..." comecei, tentando manter a calma e escolher as palavras certas. "Você é muito especial pra mim, mas sempre te vi como uma irmã. Eu nunca quis te machucar, mas meus sentimentos por você sempre foram assim. Nunca passou disso."
O rosto dela se contraiu de dor, e eu sabia que aquilo ia despedaçar o coração dela. Mas porra, eu não podia mentir.
Ela começou a chorar, soluçando. "Não fala isso! Você não entende, Daniel! Se eu não posso ter você... eu não sei o que vou fazer!"
E então, num ato de puro desespero, ela começou a arranhar os próprios braços, como se estivesse tentando extravasar a dor. Merda! Antes que pudesse pensar, corri até ela e a segurei, tentando impedir que fizesse algo pior.
"Amelia, para! Não faz isso!" Eu a segurei firme contra mim, tentando mantê-la segura enquanto ela tremia, chorando descontrolada. Passei a mão pelas costas dela, tentando acalmá-la da forma que conseguia. "Olha pra mim," pedi, com a voz mais suave agora, enquanto segurava o rosto dela nas mãos, limpando as lágrimas que escorriam. "Você vai encontrar alguém que te ame de verdade, do jeito que você merece. Eu te amo, mas como uma irmã. Não dá pra escolher quem a gente ama, Amelia. A vida é assim, uma bagunça, mas isso não muda o que eu sinto."
Ela me olhou, os olhos ainda cheios de lágrimas, mas alguma coisa dentro dela pareceu ceder. A respiração dela ficou mais controlada, e os ombros relaxaram aos poucos, como se finalmente estivesse aceitando o que eu dizia. Então, ela me abraçou de novo, só que dessa vez, o abraço era diferente — não havia mais desespero, mas uma espécie de adeus aos sentimentos que ela carregou por tanto tempo.
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Tempestades de Corações: Amores Improváveis
RomanceNa vasta fazenda Encanto, Daniel Jackson, um fazendeiro de 35 anos, leva uma vida tranquila e dedicada ao trabalho, cuidando de sua irmã mais nova desde a morte de seus pais. Ele é um homem de rotinas simples, apegado à terra e ao isolamento do camp...