21 - O Peso do Silêncio

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A porta rangeu de leve enquanto Laura saiu, enrolada apenas na toalha. O tecido branco destacava sua pele clara, e o cabelo molhado pingava no chão. Fiquei olhando por um momento, cada movimento dela parecia tão casual, quase despreocupado. O cheiro de sabonete fresco ainda pairava no ar, e um sorriso involuntário surgiu no canto da minha boca.

Foi então que algo dentro de mim explodiu. Antes que eu pudesse pensar, meus pés se moveram sozinhos. Alcancei Laura e a puxei com uma urgência que nem eu sabia que existia. Nossos corpos se chocaram com uma intensidade que me pegou desprevenido, e os olhos verdes dela se arregalaram por um segundo antes que meus lábios se colassem nos dela. O beijo foi profundo, carregado de desejo e, droga, algo mais. Algo forte, quase desesperado. Ela correspondeu, mas seus movimentos tinham uma tensão. Uma hesitação sutil que eu ignorei.

Senti o sorriso dela contra meus lábios, e com um riso leve, ela provocou:

"Se a gente continuar assim, não saímos desse quarto hoje."

Soltei uma risada curta, mantendo meus lábios nos dela. "E isso seria um problema?" murmurei com um tom de desafio, minha voz carregada de desejo enquanto minhas mãos percorriam o corpo dela, deixando claro o que eu queria.

Laura riu também, mas logo se afastou, colocando as mãos no meu peito, criando uma distância que eu definitivamente não queria. "Eu preciso trabalhar, Daniel." Ela se virou de novo para a porta, como se estivesse tentando escapar de mim e da situação. Mas antes que pudesse ir, eu a puxei de volta, segurando seu rosto entre minhas mãos, com cuidado, como se temesse que ela se desmanchasse. Seus olhos verdes me fitaram com surpresa, mas sem medo. Eu respirei fundo, buscando as palavras. Era agora ou nunca.

"Laura..." minha voz saiu mais suave do que eu queria, quase tremendo. Passei os dedos de leve na bochecha dela, lutando para manter o controle. "O que rolou entre a gente... significa muito pra mim. Muito mais do que eu esperava." Eu engoli seco, sentindo o coração batendo forte no peito. "Eu te amo, Laura."

Aquelas palavras saíram antes que eu pudesse filtrar, e porra, agora estava dito. "E eu quero você. Quero ficar com você... pra sempre."

As palavras estavam fora, sem volta. Senti meus dedos apertarem mais firme seu rosto, como se quisessem transmitir tudo o que eu estava sentindo. "Você mexe comigo de um jeito que ninguém nunca mexeu. Quando você não tá por perto, é como se tudo ficasse... vazio, entende?"

Seus olhos brilharam por um instante, e por um segundo, eu achei que ela fosse dizer algo, qualquer coisa. Mas então, vi o sorriso desaparecer devagar. E foi como se um soco atingisse meu estômago. Eu vi sua expressão mudar, algo entre surpresa e... medo? Não, talvez não fosse medo, mas uma distância que antes não estava ali. Ela começou a tirar minhas mãos de seu rosto, com cuidado, e antes que eu pudesse protestar, ouvi a voz dela, suave e dolorida.

"Daniel... eu sinto muito."

Ela abriu a porta e saiu, deixando o silêncio atrás de si. Eu fiquei ali, parado, como um idiota, encarando o vazio onde ela estava. Meu coração disparado, minha cabeça rodando. E a raiva começou a subir, quente e rápida. Como assim "sinto muito"? Era isso? Só isso?

"Caralho, Laura!" eu gritei, mesmo sabendo que ela não estava mais ali. A frustração fervia dentro de mim, uma mistura de raiva, dor, e arrependimento. Eu não sabia se queria chorar ou socar a parede. Droga. Que merda eu acabei de fazer?

Eu andei pelo quarto como um animal enjaulado, passando a mão pelos cabelos, tentando encontrar um sentido na bagunça que eu mesmo criei. "Eu basicamente a pedi em casamento, que porra eu tava pensando?!" As palavras explodiram na minha cabeça. Claro que ela se assustou, que tipo de idiota faz isso? Nós mal nos conhecemos. Faz menos de um mês que ela apareceu na minha vida e eu já estou falando em ficar juntos pra sempre? Que merda!

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