53- O Futuro em Suas Mãos

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Eu ainda estava tentando absorver tudo que a médica havia falado. Era oficial: eu ia ser pai. E agora tinha uma série de recomendações para cuidar de Laura, que parecia absorver cada palavra da obstetra enquanto eu mal conseguia parar de olhá-la. A noite anterior tinha sido um inferno — para nós dois, só o alívio de saber que estava tudo bem com ela e com o bebê me segurava.

Quando saímos do hospital, me sentia como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Pool e Márcia nos esperavam lá fora, e dava pra ver que estavam se esforçando para manter a compostura — o que eu realmente agradecia, já que fizeram muito por Laura quando eu não estava por perto. Laura ainda segurava minha mão, e o olhar que trocamos dizia mais do que qualquer palavra. Não precisávamos falar, como se as palavras fossem, naquele momento, completamente desnecessárias.

Soltei uma risada cansada ao me dar conta do meu estado. Saí da fazenda com a roupa do corpo, e minha tia Marta até havia me oferecido algumas roupas minhas que deixei na última vez que estive em Seattle. Mas depois de tudo o que rolou, o inferno que passamos ontem, não tive nem forças pra pensar nisso. Foi só encostar no travesseiro... e ficar acordado, com a cabeça presa em Laura e na situação em que estávamos.

Laura apertou minha mão, e era como se entendesse exatamente o quanto eu estava esgotado. Claro que entendia. Desde que saí da fazenda, não tinha pensado em nada além dela — banho, roupa limpa, tudo ficou em segundo plano. Foda-se o resto, eu só queria estar ao lado dela, tentar resolver essa bagunça e entender o que viria a seguir.

Ela me olhou daquele jeito que só ela conseguia e, mesmo exausta, sugeriu que fôssemos para a casa dela. Lá, eu poderia me trocar com alguma roupa emprestada de Pool, enquanto Márcia pegaria algo de Laura para vestir. A ideia parecia boa, mas saber que conheceria os pais de Laura já mexia comigo – especialmente agora, com tudo que aconteceu. Mesmo assim, assenti, sentindo o peso do cansaço sobre mim. Precisava de um banho e de algo para acalmar a tensão antes de encarar o que vinha pela frente.

Márcia se aproximou e, com um sorriso misturado de alegria e tristeza, anunciou que precisava voltar à fazenda para preparar as malas. Em dois dias ela ia embora, e a ideia disso me fez soltar um longo suspiro, carregado de frustração. Não me conformava com essa partida — ela era minha única irmã, e agora a vida parecia querer me afastar de todas as direções. Quando olhei para Laura, tentando decidir o que fazer, a situação parecia apertar cada vez mais.

Laura, como sempre, soube entender o que eu estava passando. Ela apertou minha mão e me disse suavemente que, se eu quisesse voltar com Márcia para a fazenda, ela entenderia. Eu passei a mão pela cabeça, suspirando de novo, mas acabei confessando que não queria deixá-la, ainda mais agora. Mas Laura, carinhosa, me tranquilizou dizendo que seria por pouco tempo, já que eu traria Márcia para Seattle em dois dias para pegar o voo. Mesmo assim, a ideia de ficar longe dela agora me parecia absurda.

Ela sorriu daquele jeito que só ela sabia, e, antes que eu pudesse reagir, se aproximou e me beijou suavemente nos lábios. Droga... fazia tanto tempo que não sentia o toque dela que quase me esqueci de tudo ao nosso redor. Era como se nada mais importasse.

" Ainda tô aqui, hein?" Márcia reclamou com aquele tom sarcástico, me arrancando de volta para a realidade. " E ainda preciso voltar para a fazenda, de preferência hoje."

Pool, que estava ao lado, entrou na conversa com uma sugestão que salvou o momento.

" Que tal eu levar a Márcia amanhã cedo? Aí já volto com as malas dela" ele disse, de um jeito prático.

Eu olhei para minha irmã, ainda pensando, mas Laura assentiu e tentou me convencer. Mesmo ainda desconfiado da ideia de Pool viajando sozinho com Márcia, acabei concordando. Não era exatamente o que eu queria, mas faria mais sentido para a situação.

Tempestades de Corações: Amores Improváveis Onde histórias criam vida. Descubra agora