A lua já brilhava no céu quando voltei para a fazenda, montado em Trovão, que agora mostrava sinais de cansaço, apesar de ter corrido como um louco o caminho todo. O vento fresco da noite batia no meu rosto, trazendo uma calma que eu não esperava, mas minha cabeça continuava um turbilhão. Cada som, cada estrela no céu, me lembrava de Laura e de como eu fui um idiota.
Ela estava certa sobre Márcia, mas eu, como sempre, preferi ignorar. Reagi como um babaca impulsivo, como se Laura estivesse contra mim, quando, na verdade, ela só queria me ajudar. A culpa de ter agido daquele jeito me corroía, e eu não conseguia parar de pensar no quanto fui cego e frio com ela.
Ao chegar à fazenda, vi José perto do estábulo, e desci de Trovão num pulo.
"José, coloca o Trovão na baia pra mim, ele tá exausto," disse, passando as rédeas para ele.
Nem esperei resposta. A única coisa que me importava agora era encontrar Laura. Eu precisava falar com ela, me desculpar, consertar essa merda que eu fiz.
Acelerei o passo em direção à casa, o coração apertado, aquela sensação de que eu podia perder algo importante se não agisse logo. No caminho, cruzei com Joana na entrada. Ela, sempre alerta, me olhou daquele jeito que me fazia pensar que sabia de tudo.
"Joana, você viu a Laura?" perguntei, tentando não deixar o desespero transparecer na voz.
Ela hesitou por um segundo, como se avaliasse o que ia me dizer. Seus olhos ficaram mais pesados.
"Vi ela saindo de carro mais cedo, Daniel. Não sei pra onde foi."
Franzi a testa, sentindo um desconforto imediato. Já era tarde, e Laura ainda não tinha voltado. Um nó começou a se formar no meu estômago. Será que ela foi embora por minha causa? Será que eu fodi tudo? A ideia me deixou ainda mais agoniado.
Subi as escadas quase correndo e fui direto para o quarto dela. Meu coração martelava forte, e parecia que a qualquer momento eu ia descobrir que tinha perdido algo valioso. Abri o guarda-roupa de Laura e, quando vi as roupas ainda ali, soltei um suspiro de alívio, mas a porra da dúvida continuava. Onde ela estava?
Peguei o celular, já com o dedo pronto para ligar, quando ouvi o som de um motor chegando. Fui até a janela e, sem abrir totalmente a cortina, olhei pra fora. Era a maldita caminhonete preta do Ted. Meus músculos ficaram tensos de imediato. Porra... o que esse desgraçado tá fazendo aqui?
Minha mandíbula se apertou, mas o pior veio quando vi Laura descendo da caminhonete. Ela sorriu para ele, trocando algumas palavras, e depois acenou. Aquele sorriso... porra, não! Um sorriso leve, do tipo que ecoa no estômago e te faz querer socar uma parede. Aquele ciúme brutal começou a crescer dentro de mim, como um maldito veneno.
Fechei a porta do quarto com um estrondo e desci as escadas com passos pesados, como se cada um fosse uma bomba prestes a explodir. Laura e Ted? Só a ideia já me deixava louco, mas ver os dois juntos, rindo, depois de tudo o que aconteceu hoje... Meu sangue ferveu. Que merda era essa?
Quando abri a porta da casa, lá estava ela, distraída, mexendo no celular, com uma expressão séria no rosto, como se estivesse preocupada com alguma coisa. Ah, agora? Agora você tá preocupada? Isso só aumentou minha raiva.
"Laura!" chamei, segurando seu braço com firmeza, puxando-a para perto de mim. O celular dela escorregou das mãos e caiu no chão. Ela arregalou os olhos, surpresa, mas eu não dei tempo para que se recuperasse. "Que porra você tava fazendo com o Ted? Por que saiu da caminhonete dele?"
Ela me olhou, furiosa, e puxou o braço com força, soltando-se. "Você tá maluco, Daniel? Que merda é essa? Como você ousa me tratar assim?" A voz dela estava firme, cheia de indignação, enquanto se agachava rapidamente para pegar o celular no chão.
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Tempestades de Corações: Amores Improváveis
RomansaNa vasta fazenda Encanto, Daniel Jackson, um fazendeiro de 35 anos, leva uma vida tranquila e dedicada ao trabalho, cuidando de sua irmã mais nova desde a morte de seus pais. Ele é um homem de rotinas simples, apegado à terra e ao isolamento do camp...