Capítulo 03

70 19 12
                                    

Juliette ficou pensativa por um instante e avaliou as possibilidades de ser reconhecida por alguém dentro UFU. Era algo provável e talvez inevitável, o quê ela sempre desejava evitar em qualquer ocasião de trabalho.

"Se for possível, fale comigo no número que segue na próxima mensagem. Talvez eu não possa aceitar a sua proposta senhor Rodolffo."

...

No apartamento de Rodolffo.

Ele já estava deitado na cama quando recebeu essa mensagem e não pode ficar alheio a negativa. Sentiu-se um pouco desmotivado e isso sempre acontecia nas suas frustradas tentativas de conquistar alguma garota.

- Nem a acompanhante quer me acompanhar. É Rodolffo, o seu caso é seríssimo.

Mesmo sabendo que possivelmente resultaria em nada, ligou para o telefone que a acompanhante lhe passou.

Demorou cinco toques até que ele fosse atendido.

- Boa noite. Eu liguei por que achei mais viável que ficar trocando mensagens. A senhorita fala com Rodolffo de Azevedo Rios, mestre e professor no curso de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Uberlândia.

...

Enquanto isso, no apartamento de Juliette e Amanda.

A voz máscula de Rodolffo impressionou Juliette e ela achou ele muito educado e distinto no uso das palavras. Parecia realmente um ser humano inteligente.

- Boa noite senhor Rodolffo. Tudo bem?

- Tudo bem. Com quem eu falo de verdade?

- Com Juliette Leite Feitosa. Eu estudei da UFU e sou graduada em Biomedicina.

- É prazer falar com você Juliette.

- Igualmente. Ouça... Não sei se poderei acompanhar o senhor nesse simpósio. Eu posso ser reconhecida nesse ambiente, compreende?

- Não há nenhum problema em ser reconhecida estando comigo. Sou um homem livre e não haverá nenhuma mácula se for vista ao meu lado. É lugar público e cheio de pessoas em volta, inclusive a minha família estará presente nesse evento.

- O senhor já conversou com seu parceiro, se o tiver... É que eu não quero correr o risco de ser agredida numa crise de ciúmes.

- Já aconteceu isso alguma vez?

- Já.

- Não vai acontecer comigo, por que eu não tenho ninguém.

- O senhor é palestrante?

- Sim. É um simpósio sobre manejo sustentável, agricultura familiar e preservação do meio ambiente. Temas sempre pertinentes e que atemporais.

- Minha presença será apenas no simpósio ou vai além?

- Podemos entrar num acordo e a senhorita vir almoçar comigo, junto com a minha família?

- Sim. É possível.

- Então aceita a minha proposta?

- Aceito! - Juliette pensou na oportunidade de ser vista junto de um professor universitário.

Mesmo que isso não fosse lá grandes coisas, mas ao menos ela voltava a universidade com a cabeça erguida e de algum modo triunfaria junto de um professor.

- Juliette, eu gostaria que chegássemos juntos ao auditório. Se não fosse pedir muito...

- É só marcar o local de encontro.

- Eu posso ir te buscar em casa. - Rodolffo sugeriu.

- Não. Pode marcar um lugar e a gente se encontra.

- Então na cantina ao lado do portão lateral da universidade. Acredito que saiba onde fica.

- Sei sim. As 7:30 horas está bom para ti?

- Sim. É suficiente.

- Serei a sua namorada, certo?

- Certo.

- Podemos dar as mãos, sermos gentis um com o outro. Se for da sua vontade podemos nos chamar de amor, e são permitidos também abraços, beijos no rosto e até posso te olhar fingindo estar apaixonada, mas nada além disso. Tudo bem?

- Por mim sim. Uma pergunta Juliette, por favor.

- Diga...

- É possível que me acompanhe mais que uma vez?

- Está querendo continuar a mentir?

- Eu só quero que deixem de ficar pegando no meu pé.

- É possível. Nós nos falamos daqui lá. Tenha uma boa noite senhor Rodolffo.

- Só me chame Rodolffo e eu te chamo Juliette.

- Tudo bem.

- Então boa noite.

- Boa noite.

A ligação encerrou e o acordo estava feito.

...

Pinturas e disfarcesOnde histórias criam vida. Descubra agora