No dia seguinte...
Rodolffo acordou e Juliette ainda dormia, então levantou-se com extremo cuidado.
- Bom dia dona Marluce. - ele disse assim que saiu do quarto.
- Bom dia. - ela disse com um sorriso de orelha a orelha.
- A Juliette te chamou na madrugada e estava com cãibra. A senhora não ouviu?
- Ouvi... Mas não levantei. Afinal não era eu quem ela queria que fosse socorrer. - Marluce deixou Rodolffo surpreso. - Estou errada?
- Se ela souber disso...
- Eu não vou contar. É para o bem dela.
- A Juliette não vai voltar para mim tão facilmente. Eu sou consciente disso, mas eu quero tentar reerguer o quê já fomos um dia.
Marluce ia começar a falar quando viu a porta do quarto se abrir e fez o gesto de zíper na boca para Rodolffo.
Juliette chegou deles e foi logo dizendo:
- Mãe, por favor diz ao pai que o berço e a cômoda da Ana devem viajar com ele. Coloque tudo onde era o meu quarto. Assim que ela nascer vou voltar a morar com vocês.
Marluce antes contente murchou e Rodolffo a olhou com estranhamento, mas não retrucou a decisão dela.
- Está certo, nós compramos um quarto novo para ela e montamos aqui.
- Enquanto a Ana for muito pequena, não terá como conviver com você. Ela só ficará comigo.
- Isso não! Olhe... Temos todas as nossas diferenças e conflitos, mas a Ana é tão minha quanto sua e eu tenho direito de conviver com ela.
- Rodolffo... Ela precisará de mim integralmente por causa da amamentação.
- Teremos tempo para debater esse assunto. Nesse início de manhã eu quero ir na delegacia e denunciar o meu pai. Ele merece pagar pelo erro dele.
- Não vai a lugar nenhum com esse assunto. Eu te pedi ontem que não fizesse nada.
- Mas eu não vou obedecer. Ele fez algo muito errado.
- Quando eu disse não, ele se afastou. Não quero que sua mãe saiba disso. Ela claramente está sofrendo por ele. - ela fez uma pausa. - Eu não quero destruir a sua família.
- Ele destruiu. Parece que está louco. Isso não é sua culpa.
- Por favor Rodolffo.
Ele se afastou contrariado e entrou no banheiro.
Marluce olhou para Juliette e foi sincera:
- Está ficando doida é?
- Estou sendo realista.
Marluce a filha pela mão e levou até o quarto, fechando a porta em seguida.
- Cabecinha de vento, você queria o pai da sua filha e entrou no hospital, chorando por ele não está ali. Nós vinhemos quando você chamou e agora tem todo um amparo nessa reta final da gravidez. Por que está ameaçando esse homem de não permitir a convivência dele com a criança? Juliette tenha juízo. Se ele se revoltar contra você, sabe o quê pode acontecer, não sabe?
- Ele não faria isso comigo.
- Tem certeza disso?
- Tenho mãe.
- Então ainda confia nele. Eu não sei as circunstâncias do relacionamento de vocês, mas acho que apesar da diferença de idade nem ele e nem você estão prontos para o desafio que é ter um bebê em casa. Não é um boneco, é um ser humano frágil e carente da mãe, mas também do pai.
- A senhora vai me ajudar com isso, não vai?
- Vou. Mas não lhe nego que quero que você se acerte com ele. Rodolffo é um homem bom.
- Ele é sim. Tem defeitos, mas o coração dele, não é mal. Só que a sua dúvida sobre mim, ainda me machuca muito.
- Dê um tempo e não seja tão dura. Eu espero que vocês se perdoem e amadureçam.
Marluce abraçou a filha e Juliette passou quase todo o dia em repouso. Só a chegada de Eulália que a fez ir ficar um pouco na sala.
Renata também conseguiu conversar um pouco com Juliette enquanto Eulália comia um lanche que Marluce fez.
- Teve muito enjôo Ju?
- Não. Eu enjoei poucas vezes. Fui bem forte, mas não tive grandes apetites.
- Mas parece que enjoou do meu irmão.
Juliette abanou a cabeça.
- Eu quase mato o meu marido. Fiquei com muita raiva dele. - Renata sorriu. - Mas passou e quando a libido voltou o pobre sofreu comigo.
Juliette não tinha nada a comentar sobre isso.
- Vocês vão acertar Ju. Nós torcemos por isso.
- Nós poderíamos ficar com a Eulália aqui? Só por um dia?
- A Eulália é elétrica. Não dá certo com seu repouso. Quando você estiver melhor, eu deixo. Agora a minha mãe quer chamar a sua para sair, seria possível?
- Sair para onde?
- Programa de senhoras. Cismou que quer apresentar a cidade para sua mãe. Ela anda triste ultimamente. Posso levar ela comigo?
- Mas Renata, a minha mãe sempre me ajuda quando eu preciso.
- Você pode pedir ao meu irmão. Castiga ele um pouco por ter te deixado assim.
Juliette e Renata gargalharam e Eulália já chegou atrás de saber o motivo.
A brincadeira continuou até Marluce se arrumar e ir com Renata.
- Mãe, não volta tarde, tá bom? - Juliette recomendou e Marluce garantiu.
Ao fim, ficaram apenas ela e Rodolffo no apartamento.
...
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Pinturas e disfarces
FanfictionUma história inventada, reinventada e feita por dois.