Quando Juliette entrou no carro de Rodolffo, ela sentiu um gelo no estômago. Claramente estava ansiosa, mas tentou disfarçar, porém a sua dificuldade em colocar o cinto de segurança, fez Rodolffo reparar.
- Se você não quiser ir... Por mim não tem problema.
- Você já tem um lugar definido para me levar?
- Tenho. Eu tive esperanças, então resolvi arriscar.
- Eu não quero que a gente se impeça de ir a qualquer lugar, por que de verdade precisamos estar em um lugar de paz.
- Não vamos fazer nada que você não queira, eu juro.
- Eu acredito.
Juliette sabia que Rodolffo tinha errado com ela quando se afastou, mas que não corria riscos ao lado dele.
Rodolffo dirigiu dentro da cidade, mas por pouco tempo. Logo estavam numa estrada de chão e ele ia olhando constantemente para o GPS.
- Nunca veio aqui?
- Não. É um lugar que não combina para vir sozinho. - ele deu um sorriso fraco.
- Está realmente a tanto tempo sozinho?
Rodolffo respirou profundamente.
- Na minha maneira de ver as coisas, eu considero que sempre estive sozinho.
- Você queria ser pai tão jovem?
Ele foi moderando o veículo e fez uma parada na margem da estrada.
- Não deveria ter contado sobre isso a Amanda.
- Desculpa. Eu só tinha a ela para desabafar.
Rodolffo ficou em silêncio e soltou o seu cinto de segurança.
- Mas respondendo a sua pergunta: eu queria, só que ela dizia que isso ia acabar com a vida dela. E de verdade acabou. Mas me dói muito saber que foi por que esperava um filho meu.
- Infelizmente isso foi uma fatalidade.
- Eu criaria o meu filho sozinho, ela poderia cuidar da vida dela e eu não teria problema algum em adiar a minha. Era um menino, ela queria uma menina e ela fez o pior justamente depois de fazer a ultrassonografia. Para conseguir o dinheiro do exame, eu trabalhava descarregando caminhão nas horas vagas. Sei que isso era obrigação minha, mas ela mentiu para mim e para toda a família. Até hoje eu sofro por isso.
- Você ainda sente amor por ela?
- Eu sinto raiva. Aquela mulher me fez odiar todas as outras.
Juliette arregalou os olhos.
- Acredite que até com a minha mãe e com a minha irmã eu desenvolvi um bloqueio. Nunca mais consegui sentir nada relevante por mulher alguma e olhe que eu já recebi propostas.
- E quando foi que isso mudou?
- Quando a Eulália nasceu. Homens são fortes, mas as mulheres tem a doçura e Deus concedeu a cada uma de vocês o poder de viver para dá a vida ao outro. Um padre me disse que ser mulher é ser uma representante absoluta de Deus e eu acredito nisso.
- Você ainda quer ter filhos?
Rodolffo soltou o cinto de segurança de Juliette.
- Eu estou apaixonado Juliette. Você me toca de um jeito bom, leve e que me trás vida. E se esse amor vai multiplicar, só Deus sabe.
- Eu não quero perder você. Juro que não quero Rodolffo.
Eles quase falaram ao mesmo tempo, mas o início de um beijo os calou.
...
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Pinturas e disfarces
FanfictionUma história inventada, reinventada e feita por dois.