Capítulo 31

84 18 27
                                    

Era horário de visita e Juliette despertou com o pai e a mãe junto dela no quarto. Enquanto Rodolffo estava mais distante.

- Ôh fia... Perdoa o pai por Deus. - Bernardino disse segurando a mão de Juliette. - Eu não sabia que cê tava grávida, até vê sua mãe chorando ontem. Ela contou que cê tava trabalhando de frentista. Juliette isso é muito pesado, por isso que cê tá doente.

Marluce afagava os cabelos de Juliette e ela sorria.

- O pai e a mãe veio buscar ocê para casa. Ali não é lugar e cê deve adoecer devido o calor. - Bernardino completou.

- Filha... Você quer ir com nós?

Juliette sentou-se na cama e falou calmamente.

- Eu não sinto mais contração. Estou melhor e não posso ir agora. Tenho o meu trabalho...

- Minha fia... Deixe disso. Não precisa mais disso não.

- Pai... - ela segurou a mão dele e lhe disse: eu te perdôo, mas a minha vida é aqui. Obrigada por estarem aqui no dia que a minha menina deu um susto em todo mundo.

O olhar dela se cruzou com o de Rodolffo e ele se aproximou.

- Eu retornei de Portugal tem duas semanas e três dias. Confesso que não tenho credibilidade, mas a Juliette não pode continuar vivendo num cômodo com um banheiro. Eu tenho um apartamento confortável e se aceitar pode ir viver lá, buscarei outro lugar para ir.

- Então a minha filha aceita. Saltou Marluce.

- Mãe...

- Aceita sim por que aqui tem mais recursos que no interior, só que ela não fica sozinha, eu vou junto.

- E o pai mãe?

- Eu me viro... Por isso aí, dá certo.

Os pais de Juliette tomaram a decisão e ela ficou desconfortável, mas aceitou. Depois de muito falarem, chegou a hora dos visitantes irem embora.

- Mãe eu quero que a senhora fique.

Rodolffo sentiu que não era bem-vindo. Mas Marluce interviu.

- Eu venho amanhã, prometo. Mas hoje estou com muita dor de cabeça. Pode ser filha?

- Tá bem.

Marluce e Bernardino se foram. Rodolffo sentou ao lado da cama de Juliette, mas ficou em silêncio.

- Seu pai mentiu para mim. - ela disse sentada na cama e colocando as mãos na barriga.

- Está com dor?

- Não. É que a Ana chuta pesado, as vezes.

Juliette fez um resumo de tudo e Rodolffo ia ouvindo sem pressão.

- Onde você estava?

- Estive em Portugal, mas antes de ir, eu te procurei sem sucesso.

- A mãe me falou que você foi lá em casa.

- Fui... Mas por favor não se agite com esse assunto. Não é o momento. Pense na nossa filha e na sua saúde.

Juliette encheu os olhos de lágrimas quando ele disse isso.

- Eu não fiz certo em ter escondido a gravidez, mas não tive como te avisar e seu pai mentiu para mim.

Ela fez um apanhado dos acontecimentos e Rodolffo se pôs a fazer revelações.

- Estive nesses dias com a minha mãe. Ela está arrasada com a separação. E eu estou arrasado por que claramente fui traído pelo meu próprio pai. Digo isso no sentido dele mentir para mim e também para você.

- Acredita que a Ana Clara é sua filha ou apenas tem pena de mim?

- Eu acredito e mesmo que eu não acreditasse o tempo gestacional iria me obrigar a crer, por que bate com aquele final de semana que nós nos amamos.

Juliette ficou em silêncio.

- Você foi tão corajosa. Enfrentou tudo isso sozinha.

- A Ana me deu forças desde o momento que eu tive certeza que ela vivia em mim.

- Demorou a descobrir?

- Não. Desde o primeiro atraso menstrual tive certeza e o teste só confirmou.

Rodolffo se pôs de pé e se aproximou de Juliette.

- Eu queria tocar a sua barriga. Ainda acho que vou acordar amanhã e perceber que dormi demais e sonhei com isso.

Juliette estava sentada e pegou a mão de Rodolffo, fazendo ele se aproximar mais. Levou a mão dele até a sua barriga e ele sentiu a Ana mexer.

- É o seu pai filha. - ele fez carinho e sem que Juliette pudesse impedir, deu um beijo na altura do umbigo.

- Minha filha... - ele disse emocionado.

Depois disso o médico chegou para avaliar Juliette e ela sofreu com um novo exame de toque.

Rodolffo estava angustiado, mas as notícias eram animadoras.

- A dilatação não aumentou. Ainda sente cólicas?

- No momento não. - Juliette respondeu.

- Vamos ouvir o coração da Ana...

O coração estava batendo forte e Rodolffo retirou o óculos para enxugar as lágrimas.

- Tudo está bem com a pequena, mas continua em observação. Até amanhã casal.

Juliette e Rodolffo se olharam e depois ficaram em silêncio pelo resto da noite.

...

Pinturas e disfarcesOnde histórias criam vida. Descubra agora