Capítulo 30

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Duas semanas depois...

Juliette e Jorge passaram a se ver diariamente desde o primeiro encontro até que um dia ele a procura no posto de combustível e lhe avisam:

- Ela não estava se sentindo bem hoje. Foi no hospital e está em casa. - informou o João ao Jorge.

Jorge saiu cantando pneu e João ficou olhando.

- Tá vendo aí companheiro... Ela se acertou com o coroa pai da criança dela. Ainda bem que cê caiu fora logo João.

- Eu não imaginava que ela gostasse de homens mais velhos.

- Dinheiro João... Dinheiro.

- A Juliette é uma boa moça. Não acredito nisso vindo dela.

...

Jorge chegou em minutos no local que Juliette morava, mas não contava que ela teria visitas.

- E você é quem? - falou rude Bernardino, pai de Juliette abrindo a porta.

- E o senhor quem é?

- Sou o pai de Juliette e estou aqui na cidade com a mãe dela.

- Eu sou o outro avô da Ana Clara.

Bernardino estreitou os olhos e segurou no colarinho de Jorge.

- Escute aqui cabra de peia... Cadê o infeliz do seu filho?

Jorge se tremeu na base e com a voz trêmula respondeu:

- Ele não está aqui.

- Estou vendo que não tá. Acha que eu sou um burro é?

Bernardino empurrou Jorge com violência e ele caiu no chão.

- Cadê a Juliette?

- Minha fia está no hospital com a mãe dela. Tem perigo da menina nascer antes do tempo. E eu quero o infeliz do seu filho aqui e agora.

- Eu... Eu...

- O senhor busque ele no inverno, mas traga ele aqui por que se eu for buscar, não deixo esse almofadinha do caramba vivo. Entendeu? E o mesmo valor para o senhor.

- Eu posso ir para o hospital.

Bernardino deu outro empurrão em Jorge.

- Pode sim. Se o senhor fizer questão te mando para lá agorinha. - ele aregassou as mangas da camisa. - Na minha terra a gente é humilde mas tem brio de homem. Não abandona uma mulher grávida assim. A minha fia está doente de trabalhar.

- Eu me ofereci para lhe dá tudo que ela precisasse.

- O senhor não é o pai da criança, então não tome as dores para si. Eu quero o seu filho aqui e se ele tiver em Portugal que ele deixe tudo lá, se não vai dá muito ruim.

Nisso o telefone de Jorge toca e incrivelmente era Rodolffo. Bernardino viu por que o aparelho estava no chão e ele sabia ler. Jorge tentou tomar o aparelho, mas o pai de Juliette era mais forte e mais rápido.

- Escuta aqui, foi você que mexeu com a minha fia?

- Alô... Quem está falando?

- Eu sou o pai da Juliette.

Rodolffo ficou em silêncio.

- Cê tá em Portugal? Se tiver embarque para cá que sua fia tá pra nascer. Não é de tempo e Juliette está doente.

- Meu Deus...

- Se não quiser se encontrar com ele antes da hora vem ver a minha fia. Seja homem...

- Me diz o hospital pelo o amor de Deus.

Bernardino disse tudo e Jorge ficou em completo silêncio. Quando a ligação foi encerrada, Bernardino quebrou o celular de Jorge no chão.

- Velho safado! O seu filho estava aqui e mentiu para a minha fia. Não sente vergonha?

- Rodolffo não merece essa alegria. Ele perdeu a Juliette por que quis.

- E cê já ouviu um ditadim que diz: que en briga de marido e muié ninguém mete cuié. É isso. Não é da sua conta e a minha fia ainda gosta do seu fio. Não está fazendo nada certo.

Jorge saiu dali com fúria e Bernardino ficou muito contrariado. Depois recolheu alguns pertences que sua esposa havia pedido e foi até o hospital.

...

Bernardino e Rodolffo se encontraram na recepção do hospital quando disseram em coro que queriam ver a paciente Juliette.

- Eu sou o pai dele e ele é o pai da criança dela. Deu pra entender moça? - Bernardino disse do jeito bruto dele.

- Não podemos liberar nenhum dos dois no momento. A mãe dela é a acompanhante registrada.

- Minha muié vem e esse aí entra. De acordo vara de cutucar estrela? - ele se referiu a Rodolffo.

- Sim.

A recepcionista informou a troca e a mãe de Juliette veio para Rodolffo entrar.

- Como ela está dona Marluce?

- Está sedada. Ela não pode ter a bebê agora. Ainda não é tempo. Ela fez recentemente os sete meses. Por favor não estresse Juliette.

- Eu juro que não vou.

Rodolffo não pensava muito no que poderia acontecer quando Juliette acordasse. Ele só precisava vê-la e saber que estava vivendo algo real e não um sonho.

Chegou no quarto que foi informado e ela estava dormindo. Ela estava ainda mais bonita do que antes e a sua barriguinha estava bem evidente.

- Ôh meu Deus... - ele disse ao ver claramente a barriga mexer e Juliette abrir os olhos lentamente.

- Rodolffo... - ela disse com a voz fraca.

- Estou aqui. Dorme... Descansa.

Ela fechou novamente os olhos e ele leu a ficha de internamento.

"Juliette, 23 anos, 29 semanas de gestação, bebê sexo feminino."

...

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