Cinco meses depois...
Juliette estava seguindo a vida da melhor maneira possível e apesar de já estar com seis meses de gestação sua barriga ainda conseguia ser disfarçada.
Ela tinha medo de descobrirem a gravidez e colocá-la para fora do posto. Ali ela ganhava o suficiente para comprar suas coisas e pagar suas contas, além de realizar os exames do seu pré natal.
Todas as noites quando chegava em casa, se livrava das roupas de trabalho e ia direto para o chuveiro. O momento do banho era um dos mais especiais do seu dia.
- Mamãe está tão feliz bebê. Amanhã vou comprar o seu berço e a sua cômoda. - ela dizia enquanto fazia desenhos com a espuma na sua barriga. - Eu só quero te ter nos meus braços e te cuidar minha filha. Mamãe te ama tanto. Eu vivo por você.
Ela já tinha dificuldade para dormir, mas a cada chute da bebê, Juliette sentia-se renovada.
- A mamãe vai enfrentar o mundo por você. Mas eu ainda não tive coragem de procurar o seu pai. Sei que não é certo esconder dele, mas tenho medo do que vou ouvir. Não quero ser mais maltratada.
Juliette mal sabia que Rodolffo não estava no Brasil.
...
No posto de combustível.
Juliette tinha iniciado o seu turno quando encostam dois carros de uma vez, ela atendeu o primeiro e foi para o segundo:
Alegremente ela disse ao condutor:
- Boa tarde senhor. Quanto hoje? - mas quando o vidro se abriu ela viu quem não gostaria.
- Juliette... Não imaginava que estivesse aqui.
- Oi Jorge. Hoje vim cobrir o frentista. Quanto hoje?
Juliette viu Jorge olhando para ela e temeu.
- Está tudo bem?
- Eu estou ótima.
- Cinquenta reais por favor.
Jorge fez questão de sair do carro para abrir o tanque de gasolina e olhou bem para Juliette.
- Filha... Desculpa a pergunta, mas você...
- Eu estou muito bem seu Jorge... - ela disse antes que ele perguntasse algo mais.
Jorge ficou sem graça com a afirmação, mas percebeu que Juliette tinha uma barriga saliente, muito redonda por sinal.
Ela realizou o abastecimento e depois foi beber água. Sentiu-se mal e nauseada. Na gravidez inteira foram poucas as vezes que ela vomitou, mas ao ver o pai de Rodolffo ficou com uma sensação ruim e vomitou tudo que tinha comido.
- Ah filha... O seu avô é um bom homem, mas tenho medo que seu pai possa querer tomar você de mim.
...
Jorge ficou observando Juliette por toda a semana até que a seguiu até o lugar que ela morava.
Ao chegar próximo de casa, ela não via ninguém na rua e foi tirando os dois blusões que disfarçavam a sua barriga. Jorge viu claramente a gravidez e se aproximou.
- Juliette... - ele chamou no momento que ela abriu a porta e ela virou para olhá-lo. - É meu neto?
Com os olhos cheios de lágrimas e alisando a barriga, ela disse para Jorge:
- É uma neta. Sua segunda netinha seu Jorge.
Jorge aproximou-se e Juliette o convidou para entrar.
A quitinete estava organizada e tinha o básico, incluindo um pequeno berço e uma cômoda junto a cama de Juliette.
- O meu filho não sabe onde você está... Ele te procurou Juliette.
- Não quero saber do Rodolffo. Mas pretendo procurá-lo para registrar a filha quando ela nascer. É dele, eu juro por tudo que é mais sagrado e pela minha vida.
- Eu não estou aqui para questionar isso. Se você diz que é dele, eu acredito. Mas meu filho não está no Brasil. O intuito dele é passar dois anos em Portugal fazendo o doutorado.
- Tudo bem. Eu não preciso dele para nada.
- Não diga isso. Você trabalha muito e nesse estado.
- Eu tenho uma gravidez saudável. A bebê está super bem.
- E qual é o nome que você escolheu?
- Ana Clara. Minha linda menina.
- Lindo nome e quando ela nasce?
- No meio de setembro. As ultrassonografias apontam dia 17. Mas pode vir antes ou depois.
- E vive aqui sozinha?
- Com a Ana no meu ventre não me sinto só. Ela aplacou toda a dor do meu coração. Toda a frustração que eu sentia ela transformou em esperança. Ela é a presença viva do meu amor pelo seu filho.
Jorge ficou em silêncio.
- É... Ele errou muito comigo, mas dizer que não o amo é uma mentira e eu prometi para mim mesma não mentir nunca mais.
- Ele te ama também e eu acho injusto que ele não viva essa espera com você.
- Ele fez a escolha dele. Amor não é suficiente em certas situações. Eu sinceramente espero que o senhor não corra para dizer a ele o quê descobriu.
- Filha... Não faça assim... Ele já sofreu tanto no passado.
- Eu não vou me matar ou fazer nada com a nossa Ana. Eu a amo tanto, mas seu filho não confia em mim e sei que ele vai questionar essa paternidade. Com a bebê nos braços conseguirei provar por DNA que não minto.
- Se o meu filho fizer isso, olhe... Eu não sei o quê posso fazer. Filha fique bem. Nos vemos.
Jorge saiu dali e Juliette fechou a porta.
...
Quando Jorge seguia para casa, seu telefone toca.
- Alô.
- Pai estou no aeroporto. Pode vir me buscar?
- Como é Rodolffo?
- Eu desisti do doutorado.
Jorge ficou em choque, mas mesmo assim seguiu para o aeroporto de Belo Horizonte.
...