Almoçaram juntos e falaram muito. Juliette estava empolgado e Rodolffo a ouvia com atenção, mas ela mudou do assunto trabalho para outro rapidamente.
- Sua mãe falou de mim?
- Não. Por que falaria?
- Eu acho que ela não gostou de mim. Não sei bem como reagir a isso.
- É impressão sua. Minha mãe não é contra as minhas decisões.
- Eu sei que ela quer te ver doutor e esse é um sonho, senti que uma frase que ela disse foi para mim...
- Que frase?
- "Que Deus tire do seu caminho tudo o quê vinher para te atrapalhar."
- Ela está falando de qualquer coisa Juliette, não é sobre você. Mas ela acha que a gente não combina...
- Tá vendo...
- Ela não está errada Juliette. Mais cedo ou mais tarde a gente vai sair da vida um do outro.
Juliette sentiu desgosto com aquela afirmação.
- Não vai querer ser meu amigo? Eu pensei que a gente estivesse construindo uma amizade.
- Eu digo no sentido de sermos um casal. A minha mãe está certa quando diz que nós não vamos muito adiante. O adiante dela é ter um relacionamento durável e com perspectivas de futuro.
- Ela deveria torcer para que alguém te amasse de verdade.
- O amor é utopia Juliette. Infelizmente as pessoas hoje visam status e dinheiro, quem sou eu nessa fila?
- Mas você é funcionário público.
- Ser funcionário público não é grandes coisas.
- Eu quero ser funcionária pública. Mesmo que não seja grandes coisas.
- E será, mas tem que se dedicar bastante para isso.
- A sua vida foi muito dedicada aos estudos...
- E continua sendo. Eu faço o meu melhor diariamente e nos finais de semana preparo o meu projeto do doutorado.
- E o resto? Me fala mais sobre você.
- Minha vida não tem muito movimento. Sempre fico o dia fora, chego em casa às 18:30 ou 19 horas. Meu jantar sou quem faço, lavo alguma louça, ponho as roupas sujas para lavar, estudo um pouco e depois vou dormir.
- Você não está dizendo toda a verdade. - Juliette jogou a verde.
- Estou sim. Eu não tenho contatinhos ou outros rolês.
- E como me achou?
- Na sala dos professores, escutei falarem do site e logo quis ir verificar. Fiz uma busca de sete dias e até me interessei por outras acompanhantes, mas eu julguei que elas não seriam como você e te escolhi.
- Eu retirei o meu perfil da plataforma. É o fim dessa era para mim.
Rodolffo segurou a mão de Juliette e lhe disse com convicção.
- Eu tenho certeza que agora você será bem mais feliz.
- Obrigada por me ajudar.
- Não precisa agradecer.
- Essa tarde você dará aula?
- Não.
- Como amigos podemos sair um pouco?
- Eu tinha outros planos. Queria descansar. É que uma tarde de folga faz a diferença nessa semana corrida.
- Então me leva com você. A Amanda vai trabalhar hoje a tarde e sempre fico sozinha.
- Eu não vou a nenhum lugar. Vou para casa.
- Eu posso ir também?
- Juliette eu acho melhor que cada um fique no seu lugar.
Ela ficou triste e ele repensou.
- No meu apartamento não tem nenhuma movimentação. Eu só vou chegar lá, tomar um banho, ligar a TV e dormir.
- Eu juro que fico calada. - ela prometeu unindo as mãos e Rodolffo sentiu-se sem coragem de não levá-la.
Depois do almoço, foram para o seu apartamento e ela realmente estava muito calada. Rodolffo a flagrou olhando para ele de um jeito que uma mulher olha para um homem, mas ela desviou o olhar quando ele a encarou.
- Juliette eu vou tomar um banho. Escolhe um filme para a gente assistir. - entregou o controle nas suas mãos e percebeu que sua respiração estava ofegante.
Entrou em seguida no banheiro e se deixou ficar embaixo do chuveiro por minutos. Aquilo o relaxou bastante.
Voltou ao quarto e Juliette tinha colocado um filme de romance para assistir. Parecia provocação, mas talvez não fosse nada disso.
- Quer comer alguma coisa? Eu tenho amendoim, castanha, uns salgadinhos. - ele disse gentil.
- Pode ser. Mas depois vem ver o filme comigo. Ele é muito bom.
Rodolffo sentiu-se ainda mais perdido e sem jeito. Tinha uma mulher que ele desejava na sua cama, mas ela não sentia o mesmo.
Mesmo assim buscou o quê havia prometido e deitou ao lado dela. Ainda havia espaço e eles não ficaram necessariamente juntos, Juliette estava ligada no filme, mas Rodolffo estava ligado nela. Seus olhos analisaram cada curvinha do seu rosto.
- Ainda lembra? - Juliette disse olhando para ele.
- Não. - ele tentou não ter contato visual.
- Não minta.
- Não te trouxe aqui para isso. Nós precisamos impor limites. Você disse que queria ser minha amiga.
- Foi bom. Eu gostei tanto de te beijar.
Se ele tentava ser rocha, Juliette com certeza era a marreta que tentava quebrá-lo.
- Vamos encerrar esse assunto?
Juliette não respondeu e sentou na cama.
- Onde você vai?
- Vou embora Rodolffo.
...
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