Capítulo 12

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Almoçaram juntos e falaram muito. Juliette estava empolgado e Rodolffo a ouvia com atenção, mas ela mudou do assunto trabalho para outro rapidamente.

- Sua mãe falou de mim?

- Não. Por que falaria?

- Eu acho que ela não gostou de mim. Não sei bem como reagir a isso.

- É impressão sua. Minha mãe não é contra as minhas decisões.

- Eu sei que ela quer te ver doutor e esse é um sonho, senti que uma frase que ela disse foi para mim...

- Que frase?

- "Que Deus tire do seu caminho tudo o quê vinher para te atrapalhar."

- Ela está falando de qualquer coisa Juliette, não é sobre você. Mas ela acha que a gente não combina...

- Tá vendo...

- Ela não está errada Juliette. Mais cedo ou mais tarde a gente vai sair da vida um do outro.

Juliette sentiu desgosto com aquela afirmação.

- Não vai querer ser meu amigo? Eu pensei que a gente estivesse construindo uma amizade.

- Eu digo no sentido de sermos um casal. A minha mãe está certa quando diz que nós não vamos muito adiante. O adiante dela é ter um relacionamento durável e com perspectivas de futuro.

- Ela deveria torcer para que alguém te amasse de verdade.

- O amor é utopia Juliette. Infelizmente as pessoas hoje visam status e dinheiro, quem sou eu nessa fila?

- Mas você é funcionário público.

- Ser funcionário público não é grandes coisas.

- Eu quero ser funcionária pública. Mesmo que não seja grandes coisas.

- E será, mas tem que se dedicar bastante para isso.

- A sua vida foi muito dedicada aos estudos...

- E continua sendo. Eu faço o meu melhor diariamente e nos finais de semana preparo o meu projeto do doutorado.

- E o resto? Me fala mais sobre você.

- Minha vida não tem muito movimento. Sempre fico o dia fora, chego em casa às 18:30 ou 19 horas. Meu jantar sou quem faço, lavo alguma louça, ponho as roupas sujas para lavar, estudo um pouco e depois vou dormir.

- Você não está dizendo toda a verdade. - Juliette jogou a verde.

- Estou sim. Eu não tenho contatinhos ou outros rolês.

- E como me achou?

- Na sala dos professores, escutei falarem do site e logo quis ir verificar. Fiz uma busca de sete dias e até me interessei por outras acompanhantes, mas eu julguei que elas não seriam como você e te escolhi.

- Eu retirei o meu perfil da plataforma. É o fim dessa era para mim.

Rodolffo segurou a mão de Juliette e lhe disse com convicção.

- Eu tenho certeza que agora você será bem mais feliz.

- Obrigada por me ajudar.

- Não precisa agradecer.

- Essa tarde você dará aula?

- Não.

- Como amigos podemos sair um pouco?

- Eu tinha outros planos. Queria descansar.  É que uma tarde de folga faz a diferença nessa semana corrida.

- Então me leva com você. A Amanda vai trabalhar hoje a tarde e sempre fico sozinha.

- Eu não vou a nenhum lugar. Vou para casa.

- Eu posso ir também?

- Juliette eu acho melhor que cada um fique no seu lugar.

Ela ficou triste e ele repensou.

- No meu apartamento não tem nenhuma movimentação. Eu só vou chegar lá, tomar um banho, ligar a TV e dormir.

- Eu juro que fico calada. - ela prometeu unindo as mãos e Rodolffo sentiu-se sem coragem de não levá-la.

Depois do almoço, foram para o seu apartamento e ela realmente estava muito calada. Rodolffo a flagrou olhando para ele de um jeito que uma mulher olha para um homem, mas ela desviou o olhar quando ele a encarou.

- Juliette eu vou tomar um banho. Escolhe um filme para a gente assistir. - entregou o controle nas suas mãos e percebeu que sua respiração estava ofegante.

Entrou em seguida no banheiro e se deixou ficar embaixo do chuveiro por minutos. Aquilo o relaxou bastante.

Voltou ao quarto e Juliette tinha colocado um filme de romance para assistir. Parecia provocação, mas talvez não fosse nada disso.

- Quer comer alguma coisa? Eu tenho amendoim, castanha, uns salgadinhos. - ele disse gentil.

- Pode ser. Mas depois vem ver o filme comigo. Ele é muito bom.

Rodolffo sentiu-se ainda mais perdido e sem jeito. Tinha uma mulher que ele desejava na sua cama, mas ela não sentia o mesmo.

Mesmo assim buscou o quê havia prometido e deitou ao lado dela. Ainda havia espaço e eles não ficaram necessariamente juntos,  Juliette estava ligada no filme, mas Rodolffo estava ligado nela. Seus olhos analisaram cada curvinha do seu rosto.

- Ainda lembra? - Juliette disse olhando para ele.

- Não. - ele tentou não ter contato visual.

- Não minta.

- Não te trouxe aqui para isso. Nós precisamos impor limites. Você disse que queria ser minha amiga.

- Foi bom. Eu gostei tanto de te beijar.

Se ele tentava ser rocha, Juliette com certeza era a marreta que tentava quebrá-lo.

- Vamos encerrar esse assunto?

Juliette não respondeu e sentou na cama.

- Onde você vai?

- Vou embora Rodolffo.

...


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