Pinturas e disfarces

Capítulo 17

Juliette se afastou de Rodolffo depois de desfrutar do beijo.

- Vai embora! - ela pediu o encarando e Rodolffo deu as costas sem nada mais dizer.

Voltou para o interior do apartamento e dessa vez não chorou. Ela sabia que tinha dito palavras ao vento, não era verdade nada do que saiu da sua boca.

De todos os envolvimentos amorosos que teve nada foi tão intenso quanto tudo que viveu em poucos dias com Rodolffo. Mesmo que o amor deles não fosse para a vida, ele era o primeiro amor real de sua existência.

...

Os dias se passaram e eles se viam pelos corredores da UFU porém não passava de olhares.

Juliette estava focada no seu trabalho e resolveu que tudo com o tempo pode se ajeitar. Seu coração ainda doía, mas ela não já não sabia se era de desgosto ou de saudade. Possivelmente eram os dois por que era difícil superar alguém que marcou tanto.

Rodolffo estava fazendo terapia e se sentia um pouco melhor. Voltou a dedicar-se a tese do doutorado e estava confiante numa aprovação. Se no amor, ele só fazia besteira, como estudioso ele atravessava portais.

Mas esquecer de Juliette ele não havia esquecido. Era algo silenciado, mas estava consigo vivo e latente. Por noites sonhava com ela e nos sonhos recebia o seu abraço, aquilo lhe trazia uma paz imensurável.

...

03 de dezembro de 2022.

Juliette estava fazendo 23 anos.

Amigos próximos lhe davam felicitações. E no trabalho ela também recebeu mimos por que já era muito querida apesar do pouco tempo.

Foi um dia muito bom e quando ela chegou em casa, Amanda tinha organizado uma festinha surpresa para ela.

Tinha comida e bebida a vontade e vários conhecidos. Juliette estava muito feliz naquele dia e não esperava um aniversário tão agradável.

- Amiga... Tem alguém querendo te ver. - o coração de Juliette acelerou e ela olhou para a porta. - Espero que não fique chateada comigo. - Amanda avisou.

Juliette abriu um sorriso ao ver a chegada de Rodolffo e ele tinha um buquê e também uma sacola de papel nas mãos.

- Feliz aniversário Juliette. - ele disse lhe dando um beijo na mão e Juliette lhe deu um beijo no rosto. - Que nunca lhe falte motivos para sorrir e também saúde.

- Obrigada por ter vindo. - ela disse sorrindo.

Para ela aquela visita era a mais importante de todas.

- A Amanda me convidou. E não queria perder a oportunidade de estar perto de você.

Juliette recebeu o buquê, cheirou as flores e Rodolffo lhe entregou a sacolinha.

- Não sei se isso vai significar para você o tanto que significou para mim, mas é sempre bom ter uma recordação de um dia especial.

Curiosa, Juliette foi abrir a sacolinha no seu quarto e se deparou com um relicário em formato de coração.

Abriu a peça e nela tinha duas fotos do dia que eles se conheceram.

- Me perdoe por tudo ter sido como foi... Nós começamos tão bem. Foi um dia que tudo era teatral, mas eu me senti acolhido. - Rodolffo disse entrando no quarto e Juliette levantou e fechou a porta de seguida.

Eles se olharam longamente e Rodolffo segurou a mão de Juliette.

- Eu ainda tenho esperanças.

- Nós somos tão diferentes, mas também tão igualmente tolos Rodolffo.

Ele fez um carinho no rosto dela e lhe deu um beijo na testa.

- Vamos dá uma volta depois que os seus convidados forem embora? Nós precisamos estar a sós um pouco.

- Hoje eu faço 23 anos e ainda não sei muito sobre a vida, mas se tem uma coisa que eu sei é que gosto tanto de você. - Juliette colocou o dedo no peito de Rodolffo. - Você é fraco, é inconstante e traumatizado, mas a conexão é tão boa que eu penso que é um desperdício não tentar de novo.

- Então isso é um sim?

- Sim. Nós podemos sair.

- Confia em mim para te levar a um lugar tranquilo e cheio de natureza?

- Sim.

Rodolffo tomou a iniciativa de abraçá-la e Juliette envolveu os braços no seu pescoço. Depois disso saíram do quarto e foram para junto das pessoas.

Por ter pouca proximidade com os presentes, Rodolffo ficou mais recluso, mas não alheio as situações.

- A Juliette é só uma menina com 23 anos. - Amanda sentou ao seu lado próximo a varanda. - Ela gosta de ser bajulada como se fosse uma bebê.

- Não acho isso Amanda.

- Eu amo a Juliette, mas eu vou te mandar a real: ela é fraca e medrosa. Se você quer uma mulher está procurando na pessoa errada.

Rodolffo sentiu uma insinuação na voz de Amanda.

- Se você quiser tirar a sua secura de 14 anos... - ela deu um sorriso sínico. - Eu estou a disposição.

- Amanda sai de perto de mim. Eu achei que você torcia por nós. Que conversa é essa?

- Juliette sempre vai te enrolar... Depois não diga que eu não te avisei. - ela saiu de perto de Rodolffo e ele ficou furioso com tamanho atrevimento.

...

*Nota: capítulo atualizado.