No início da tarde, o serviço de assistência social do hospital liga para Rodolffo.
- A senhorita Juliette receberá alta médica no final da tarde, mas o obstetra dela quer conversar com o senhor antes. Pode vir aqui no hospital?
- Posso sim. Estou indo.
Rodolffo estava no seu apartamento com Verônica e também Renata.
- Vocês podem deixar tudo aconchegante para a chegada delas? Vou ter que ir no hospital. O médico quer me ver.
- Meu filho e por que isso? Será que há algo grave? - Verônica o questionou.
- Espero que não.
Ele só teve tempo de tomar um banho rápido e comeu uma torrada. Seguiu para o hospital e chegando lá, o médico o aguardava.
- Boa tarde. O senhor pediu que eu vinhesse para falar sobre a Juliette.
- Boa tarde. Sente-se.
Rodolffo sentou e o médico fez um apanhado do quadro clínico de Juliette.
- Até aqui está claro para o senhor?
- Eu não entendi muito bem. Mas acredita que a Juliette teve um pico de estresse e isso levou ela a crer que estava no início do trabalho de parto?
- Ela teve até uma dilatação, sentiu dores fortes, mas não houve sangramento, também não rompeu a bolsa. Mas é como se o medo de um parto prematuro a levasse a ter a condição mesmo sem que o corpo esteja apto a isso. Da mesma forma que existe a gravidez psicológica, existe o parto psicológico.
- Mas ela me parece tão forte e decidida.
- Eu estudei todo o pré natal dela. Tudo vinha muito bem até ontem quando ela deu entrada aqui. Tudo bem com a bebê, mas Juliette faz acompanhamento psicológico desde o princípio, então em contato com a médica dela fiz um levantamento e descobri algumas coisas...
- Pode me contar o quê descobriu?
- De modo geral, Juliette, apesar de forte, sempre teve medo de enfrentar a maternidade completamente sozinha. Ela camuflou o seu estado até onde pôde. A psicóloga também me falou que ela quer proporcionar uma família para a filha, mas não conseguiu aceitar uma proposta para um novo relacionamento. A mãe da sua filha está muito machucada e pode ser que alguma coisa tenha abalado ainda mais o psicológico dela antes de tudo. Teria ideia do que pode ter sido?
- Ser assediada por alguém que ela confiava seria um motivo para tal problema?
- Pode ser.
- Eu só tenho medo de descobrir isso. Por que vai doer muito.
- Ela comentou alguma coisa com o senhor?
- Não. Mas falou com mágoa de uma pessoa e talvez ela não tenha coragem de me falar a verdade. Pelo menos não agora.
- Posso confiar em mandar ela para casa?
- Tem certeza que ela já pode ir?
- Repouso, boa alimentação e tranquilidade é o quê ela precisa agora. A bebê está bem e em pleno desenvolvimento. Pensei em aplicar uma medicação para amadurecer os pulmões porém não vou fazer por hora. Creio que foi um alarme falso e que a Ana Clara nascerá no tempo certo.
- Eu garanto que esse final será muito tranquilo e seguro para elas duas. Vou cuidar das minhas meninas.
- Cuide. Juliette precisa disso de verdade. Ainda há tempo para reconstruir e refazer.
- Obrigado doutor.
Rodolffo saiu da sala do médico e foi para o quarto de Juliette em seguida. Chegou lá e viu Marluce fazendo festinha na barriga dela enquanto ela sorria.
- Estão prontas? A alta vai sair e vamos para casa.
- Já sim. Juliette até já saiu do soro.
Juliette só ficou olhando para Rodolffo e nada disse.
- O Bernardino está arrumando todas as suas coisas que estavam no quitinete Juliette.
- Eu quero que leve o quarto da Ana para o seu apartamento, pode ser?
Juliette falava do berço e da cômoda que ela tinha comprado recentemente.
- Já está uma equipe desmontando e levará lá para casa. No posto de combustível tudo ficou acertado e me falaram que vão te dá uma licença.
- Tudo bem. O resto das coisas, pode enviar para a casa dos meus pais?
- Posso. Bernardino até cuidará disso comigo. Não precisa se preocupar com nada. Lá em casa estão a minha mãe, a minha irmã e a minha sobrinha... Todas ansiosas pela chegada de vocês.
Marluce abriu um sorriso e Juliette não. Havia uma tristeza no seu olhar.
...
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Pinturas e disfarces
FanfictionUma história inventada, reinventada e feita por dois.