Era fim de tarde de sábado e Jorge visitava o filho.
- Eu sai de casa só para vir te ver. É verdade que você e a Juliette terminaram?
- Boa tarde pai. Sua benção?
- Deus te dê saúde e sanidade mental.
- Vem sentar. Está tudo bem com a mãe?
- Todos estamos bem, mas você claramente não está.
- Os meus olhos vermelhos não são da lente de contato. Eu estou sofrendo.
- O quê aconteceu?
- Eu não sou um homem honrado.
- Traiu a Juliette?
- Não. Mas eu a abandonei.
- Vai dizendo o por quê agora!
Rodolffo e o pai tinham uma relação bem amigável e não havia segredos entre eles. Desde a forma como se conheceram até o término ele confessou tudo ao pai.
Jorge ficou um pouco chocado.
- Acompanhante? Não parecia nada disso. A Juliette não parece esse tipo de mulher.
- Ela não é prostituta pai. Não compreenda errado. E nós nunca tivemos nada além como eu te falei.
- Você não superou o quê aconteceu a 14 anos atrás Rodolffo? E a terapia por que parou?
- Por que eu me sentia bem, mas voltei a ter pensamentos ruins.
- Não queria te ver novamente nos antidepressivos. Meu filho o quê passou está lá atrás. Se essa moça é o seu recomeço, se humilhe, faça o impossível para reconquistá-la. Pelo jeito ela gosta muito de você.
- Pai eu só queria entender o por quê daquilo ter acontecido. Por quê?
- Covardia. Imaturidade. Insanidade. Foi um suicídio e um homicídio. Um duplo pecado.
- Eu tenho culpa nisso. Não consegui passar segurança. Eu sou tão fraco pai. Sou impotente.
- Não tenho pena de você e já te disse isso. Você não matou ninguém. A escolha do fim não foi sua.
- Eu me afoguei nos estudos para escapar daquela dor, mas agora eu não consigo me concentrar em nada. Cheguei ao ponto de colocar documentários para os meus alunos assistirem por que não tenho vontade de nada.
- Eu tenho vontade de te bater as vezes sabia? Errar é humano meu filho, permanecer no erro é burrice. Vai atrás da Juliette agora. Reage.
- Acha que é possível que ela queira me ver?
- Eu lembro de uma chamada de vídeo que você fez para nós e ela estava no fundo, dizendo que estava cuidando de você. Ela parecia feliz mesmo que você estivesse resfriado.
- A gente teve bons momentos naquele dia. Foi o nosso último dia juntos.
- Você sabe o quê ela acha disso tudo? Se você não sabe, eu vou te dizer. Ela achou que você só queria usá-la, mas como não aconteceu, você descartou. Eu te criei para ser isso? Ou você quer me contar alguma coisa?
- Pai... O quê é isso?
- Se for isso, eu não vou deixar de sentir amor você.
- Eu não sou gay. Meu Deus... Eu me pareço gay?
- Não, mas está desclassificando a classe masculina ainda mais. E aí... Vai continuar sentado sem se mexer?
- Eu vou atrás da Juliette.
...
No apartamento de Juliette e Amanda.
- Juliette... Vamos no barzinho? Vai ser bom para você.
- Não Amanda. Eu não quero ir.
- Juliette... Eu vou falar a verdade e o meu ponto de vista.
- Fale...
- Foi bom não ter dado continuidade nisso. Ele te conheceu de um jeito errado e ninguém que procura uma namorada de aluguel tem juízo Juliette. Esse cara é doido. Já imaginou se vocês transam e depois ele te abandona? Foi melhor não ter sido com ele.
- Ele não é doido Amanda. Ele sempre foi carinhoso comigo. Não sei o quê aconteceu.
- Juliette chega de gostar dele. É simples, você nunca foi disso e a gente se conhece há cinco anos. A emocionada aqui sou eu, você é a racional, lembra?
- Ele tem tantas coisas que eu admiro e gosto num homem.
- Sério?! Ah meu Deus... O amor é cego. Apesar de bonito, ele não é um cara muito equilibrado e geralmente professores nunca são. Você quer perdoar ele, não é?
- Não. Eu quero bater nele.
Amanda gargalhou alto.
- Pois bate com vontade. Depois faz o quê cê quer fazer com ele. Não enrola dessa vez.
Amanda viu a amiga enxugar o rosto e foi até ela, lhe dando um abraço.
- Por que dói tanto?
- Por que é de verdade. Eu vou bater no Rodolffo, azar o dele se eu encontrá-lo. Fica bem.
- Vou ficar. Vai Amanda.
Deixando Juliette sozinha Amanda saiu do apartamento e como se suas palavras tivessem poder, encontrou Rodolffo na portaria do prédio conversando com o porteiro.
- O quê você tá fazendo aqui?
- Eu quero ver a Juliette.
- Se ela te partir a cara não reclama. Ela está com muita raiva e tem razão, você é um babaca.
- Eu sei disso.
- Se quiser subir pode ir, agora se prepara. Se não quiser, vai embora e nunca mais volta. A minha amiga não precisa de um covarde como você.
Amanda olhou com fúria para Rodolffo, mas mesmo assim autorizou que ele subisse.
...
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Pinturas e disfarces
FanfictionUma história inventada, reinventada e feita por dois.