Capítulo 32

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No início da manhã Rodolffo iria trocar a companhia com Marluce, mas ficou sabendo que Juliette passaria por uma ultrassonografia. Meio sem jeito, ele tentou abordar o assunto com ela. Enquanto a ajudava a descer da cama.

- O médico disse que vai ver a bebê pelo ultrassom...

- Sim. É para ver se está tudo bem. Você pode pegar minhas coisas, estão naquela bolsa. Quero tomar um banho.

Juliette foi até o banheiro e Rodolffo lhe forneceu o necessário, mas tinha medo de ser invasivo.

- Precisa de ajuda?

- Sim. Com o meu soro.

Juliette já estava sem a roupa hospitalar, mas seus longos cabelos cobriam os seus seios e ela permanecia de calcinha.

Rodolffo tentou se segurar e não olhar tanto para ela, mas não se conteve.

- Você está linda demais.

- Eu já engordei 12 quilos. Não me sinto assim, mas obrigada.

Rodolffo saiu do banheiro e ela fez o resto sozinha. Quando ela saiu do banheiro foi vestida com uma roupa sua e pediu ajuda a ele para pentear algumas partes do cabelo.

- Desculpa por te alugar tanto.

- Juliette... Eu não estou em situação de te pedir nada, mas queria ficar aqui e ver a Ana na ultrassonografia. Posso?

- Pode. Só tem que avisar a minha mãe.

- Eu aviso. Muito obrigado.

Juliette virou-se para Rodolffo e lhe olhou nos olhos.

- A Ana é tão minha filha quanto sua. Ela é o nosso elo maior. A nossa relação teve fim como um casal, mas seremos sempre os pais da Ana Clara.

- Juliette eu te peço perdão. Me perdoa por aquele dia terrível e por desconfiar do seu caráter.

- O quê mais doeu naquele dia foi saber que você tinha vergonha do início da nossa história. A única coisa que eu te peço é que nunca faça com a Ana nada similar por que se fizer, não permito que a veja.

- Não tenho vergonha...

- Tem sim. Você me tratou como se a gente tivesse se conhecido em um prostíbulo, sendo que nosso primeiro contato foi na frente da universidade.

- Eu fui um imbecil.

- Mas eu também fui uma tonta. Achei que alguém como você gostaria de mim de verdade. Eu nunca estaria a altura de um grande professor como você. - Juliette virou o rosto.

- Não diga isso Juliette... Eu a...

- Não diga... Por favor não.

- Mesmo que você não queira ouvir, eu te amo e não vou desistir da nossa família.

- Já não há sentimentos da minha parte. Até me envolvi com outro homem.

Rodolffo não esperava ouvir uma revelação assim.

Juliette sentiu remorso por ter dito aquilo, mas seu único intuito foi ferir Rodolffo.

...

Durante a ultrassonografia.

Rodolffo esteve ao lado de Juliette e o médico sempre dizia brincadeiras que fizessem o casal sorrir.

- A mocinha está brincalhona hoje e está chupando o dedo também. - conseguem ver?

- Sim. - disseram juntos.

- Eu estou vendo que não há um trabalho de parto ativo. Inclusive o colo está fechado. Quer ter alta?

- Quero sim. - Juliette disse sorridente.

- Se não sentir mais dor, irá para casa, ainda hoje.

Rodolffo levou Juliette na cadeira de rodas para o quarto e chegando ali, ele resolveu falar.

- Eu sei que disse aquilo para me machucar. Você não se entregaria a outro homem esperando a nossa filha.

- Se você tem tanta convicção disso, por que teve dúvidas da minha virgindade? Acaso não sabe a diferença por que até eu sei.

- Juliette eu errei. Estava chateado e falei merda demais.

- Sabe por que me jogou isso na cara? Por que não foi importante para você quanto foi para mim. Eu me guardei por que queria que fosse especial...

- E não foi?

- Foi... Mas eu não sei onde se perdeu aquele Rodolffo que idealizei. Aquele que me pediu em casamento, eu não sei onde está. Eu te olho, mas não te reconheço mais.

- Não se estresse mais com a minha presença. Eu vou embora, mas principalmente por que preciso arrumar tudo para que se sinta bem no meu apartamento.

- Pode passar no meu trabalho? Eles precisam de uma justificativa.

- Me dê a localização que eu passo.

Juliette lhe explicou tudo e Rodolffo foi embora. Marluce chegou de seguida.

- E aí minha filha? Se acertaram?

- Mãe não teremos acerto de casal.

- Ah não Juliette. Esse homem se declara com o olhar filha.

- Mãe... Não começa.

...

Rodolffo seguiu para o posto de gasolina e se apresentou. Relatou tudo sobre a saúde de Juliette.

- Então você é o professor? - perguntou João. - Eu pensei que fosse o coroa.

- Coroa?

- Sim. O quê sempre buscava a Juliette aqui.

Rodolffo ficou em dúvidas sobre quem seria o coroa, mas João as sanou em seguida.

- É Jorge, o nome dele.

- Jorge é o avô da bebê. Não é nenhum cara que a Juliette fica. Ele é o meu pai.

- Não era bem isso que ele dava a entender. Na real, ele parecia o pai da criança.

- Eu vou indo. Passei aqui só para realmente comunicar as faltas de Juliette.

Rodolffo ia saindo, quando João chamou sua atenção.

- Cuida bem dela. A Juliette é uma mulher especial e eu quis estar na vida dela, mas ela não quis por que disse que ainda te amava.

- Escute aqui... Não diga mentiras sobre a Juliette. Ela está grávida.

- Não é mentira. Eu gosto dela. Nós nos beijamos uma vez, mas não passou disso. Gravidez não impede que a mulher seja amada por um homem, mas ela não quis e foi sincera.

Rodolffo engoliu no seco e saiu dali cheio de raiva e ciúmes.

...

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