Forty-Eight Zombie

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O vento corta meu rosto por um segundo, e sinto o chão escapar debaixo dos meus pés

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O vento corta meu rosto por um segundo, e sinto o chão escapar debaixo dos meus pés. O impacto é mais duro do que imaginei. Meus joelhos dobram, e quase caio no chão, mas consigo me manter de pé. Totó solta um ganido, e eu o coloco no chão para me recompor.

— Ainda estamos vivos... - sussurro, aliviada.

Não há tempo para comemorar. Olho para o próximo telhado, um pouco mais baixo, e mais próximo desta vez. É um pulo mais fácil, mas minhas pernas estão cansadas e meu corpo dói. Tótó corre na minha frente, sem hesitar, confiante de que vamos conseguir. Mais uma vez, respiro fundo e corro. Desta vez, o salto é mais controlado. Aterrissamos no segundo telhado com mais suavidade. Estou prestes a soltar um suspiro de alívio quando algo chama a minha atenção.

No canto, vejo um homem de meia-idade caído, a cabeça apoiada contra a parede de um barracão no telhado. Uma pequena arma de fogo está na mão dele.

Meu primeiro pensamento é recuar, mas percebo que ele não está consciente. Sangue escorre de seu ombro, manchando sua camisa beje. Não sei se é uma mordida ou um ferimento de bala, mas o sangue está ali, fresco. Com cuidado, dou um passo em direção a ele, o estômago embrulhando de tensão. Preciso daquela arma...

Me aproximo lentamente, o olhar fixo na arma em sua mão, o som abafado dos zumbis ressoando distante. Estico a mão para pegá-la, meus dedos mal tocam o metal, quando ele se mexe bruscamente, os olhos arregalados e confusos. Eu dou um salto para trás, as mãos para cima.

— E-ei! Calma aí! - Tento parecer menos ameaçadora, mas meu corpo está tenso, pronto para reagir. Tótó late para ele.

Ele tenta se levantar, mas o ferimento no ombro o faz gritar de dor. Seus olhos, semicerrados de dor, encontram os meus, e ele diz com dificuldades;

— Quem é você...? - A voz dele soa arrastada, antes de desmaiar outra vez.

Me aproximo devagar, observando a respiração pesada dele. Ele está em mau estado, e se eu deixar ele aqui, vai morrer. Solto um suspiro, irritada por me envolver nisso, mas não posso simplesmente deixá-lo para trás... Ainda não sou fria o bastante para ignorar alguém que está a beira da morte.

Tiro o kit de primeiros socorros improvisado da mochila e começo a fazer um curativo no ferimento. Ao ver mais de perto, vejo que é uma bala que o atingiu, não uma mordida. Um alívio, pelo menos quanto a isso. Faço o que posso, mas não sou nenhuma especialista, então o curativo sai apressado e mal feito. Pelo menos vai conter o sangramento por um tempo.

Totó senta ao meu lado, observando com os olhos curiosos enquanto tento ajudar aquele homem desconhecido. Dou alguns passos para trás depois que termino, pegando uma lata de comida da minha mochila. Quando ele acordar, vai precisar de forças...

Algumas horas se passam antes que ele abra os olhos novamente. Está meio escuro, há apenas a luz da lua sobre nós. Tento não parecer ameaçadora quando ele finalmente se move, devagar, como se ainda estivesse com a mente enevoada. Ele olha para o curativo no ombro e depois para mim, confuso.

— Você... me ajudou? - Ele pergunta, a voz fraca.

Assinto, empurrando uma pequena lata de comida em sua direção com a ponta do pé. Ele a pega com desconfiança, mas depois começa a comer com fome.

— Quem atirou em você? - Pergunto, enquanto ele se alimenta.

Ele hesita, desviando o olhar, claramente desconfortável com a pergunta.

— Não importa. — Ele diz, mastigando devagar.

— Claro que importa. Se alguém atirou em você, essa pessoa pode estar por aí. E pode voltar. - Insisto, mas ele simplesmente balança a cabeça, evitando meus olhos.

Eu estreito os olhos, sentindo algo estranho em sua evasão. Não sei se posso confiar nele. Dou um passo para trás e, sem que ele perceba, pego a arma que estava em sua mão enquanto ele ainda está distraído com a comida.

De repente, ele levanta o olhar e vê a arma em minhas mãos. Eu a aponto para ele, meus olhos fixos nos dele, sem piscar.

— Não quero te machucar, mas eu preciso saber... quem atirou em você? - Minha voz está firme, mas meu coração está acelerado. - E por quê?

Ele engole seco, os olhos fixos na arma, mas permanece em silêncio. O momento de tensão paira no ar, e sinto que estou à beira de descobrir algo perigoso.

— Abaixa isso menina, não é um brinquedo... - Ele diz tenso.

— É óbvio que não é.

— Onde estão seus pais?

— Mortos, responde a minha pergunta.

Ele olha fixo para mim enquanto coloca a lata de comida vazia no chão. Tótó se esconde atrás das minhas pernas.

— Eu cometi um erro, foi em uma briga com outra pessoa... Mas ele já está morto agora.

Aperto a arma.

— E onde foi isso?

— Foi há algumas ruas daqui... - Ele olha ao redor e depois para Tótó. - Esse cachorro é seu? Não vi muitos pela cidade, a maioria está em bandos por aí.

— Ele é dono de si. Mas me acompanha. - Mantenho meus olhos fixos no homem.

— Uma criança como você não devia ficar sozinha por aí.

— Já passei por muita coisa, eu posso me cuidar. - Me abaixo devagar e pego a minha bolsa no chão.

— Aonde vai?

— Já te dei comida, e cuidei de você enquanto estava desmaiado. Então vou ficar com a arma.

— Você nem sabe atirar, sabe?

Engulo seco e ele sorri.

— A arma está travada e seu dedo não está bem posicionado no gatilho.

Olho para a arma.

Ele olha o ferimento dele.

— Você tem mais comida aí? Eu posso te ensinar a atirar, em troca de mais uma lata de comida.

Olho novamente para ele.

— Como posso confiar em você?

— Te fiz algum mal até agora? - Ele diz.

— Não, mas é porque estou armada.

— Você foi gentil comigo, não vemos muito disso hoje em dia.

— Eu já vi, mas a maioria acabou morta. Ou estrupada.

— Meu Deus... - Ele suspira. - Você deve ter visto muitas coisas horríveis por aí...

Assenti.

— Que tal abaixar a arma? Vamos conversar sem isso, que tal?

Olho para Tótó.

— Qual é... Uma gentileza por outra gentileza. Uma troca bem justa.

— Eu fico com a arma... - Abaixo devagar.

Ele suspira e assente, depois pega a lata de comida no chão e começa a lamber os restos.

— Meu nome é Owen, qual é o seu, menina?

— Maggie Charles... - Me sento no chão devagar enquanto seguro a arma no colo.

Ele assente.

T.W.D - 𝙎𝙩𝙖𝙮 𝘼𝙡𝙞𝙫𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora