Capítulo 48

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S/n Pov

Quando cheguei à maternidade, meu coração ainda estava acelerado. Elisa havia entrado em trabalho de parto muito antes do esperado, e a imagem dela enfrentando aquilo sem mim me fez sentir um aperto no peito. Corri pelos corredores, procurando notícias, até que finalmente avistei Paulo, de pé próximo à porta da sala de parto. Ele parecia calmo, mas eu sabia que também estava preocupado.

— Como ela está? — Perguntei, ofegante, olhando em volta, tentando avistar Elisa.

— Ela está bem, mas pediu para te ver antes de continuar. — Paulo respondeu, apontando para a sala à nossa frente.

Sem pensar duas vezes, entrei, esperando encontrar Elisa descansando, mas fui recebida por seu olhar duro e impaciente.

— S/n, o que você está fazendo aqui? — A voz de Elisa cortou o ar, e eu parei na porta, surpresa.

— Eu vim te ver... eu precisava saber como você estava. — Respondi, ainda confusa com sua reação.

Ela balançou a cabeça, claramente irritada, e tentou se ajustar na cama, mas a dor a impediu. Paulo rapidamente se aproximou para ajudá-la, mas ela o afastou com um gesto.

— Não, S/n. Você precisa voltar. Voltar para Camila. — Elisa disse, sua voz carregada de frustração e preocupação. — Eu vou ficar bem. O Paulo está aqui comigo, e tem toda a equipe médica. Mas a Camila... ela precisa de você.

Tentei argumentar, mas Elisa não me deu a chance.

— Escuta — Ela continuou, me encarando com uma firmeza que eu raramente via nela. — Eu te conheço. Sei que você só está aqui porque acha que tem que ser, mas, S/n, quem precisa de você agora é a Camila. Você mesma disse isso mil vezes. Eu vou ficar bem, confia em mim.

O que Elisa estava dizendo fazia sentido, mas uma parte de mim ainda lutava contra a ideia de sair do lado dela, de não estar ali para ver os gêmeos nascerem.

— Mas, Elisa… — Comecei, a voz embargada de emoção.

— Não, S/n. Você tem que estar com a Camila. — Elisa interrompeu, sua expressão suavizando um pouco, embora a dor do parto ainda estivesse evidente. — Vai. Eu vou estar aqui quando você voltar. Nós vamos estar bem.

Ela olhou para Paulo, que apenas acenou com a cabeça, confirmando o que Elisa havia dito. Ele me deu um sorriso encorajador, como se estivesse dizendo que também cuidaria de tudo.

Eu respirei fundo, sentindo uma mistura de alívio e culpa, mas sabia que Elisa estava certa. Olhei para ela uma última vez, e antes de sair, me aproximei para dar um beijo em sua testa.

— Você vai ser incrível. — Eu disse suavemente, com um sorriso forçado. — Prometo voltar assim que puder.

Ela sorriu fracamente em resposta, mas seus olhos estavam claros e determinados. Com isso, saí da sala, deixando Elisa e Paulo sob os cuidados da equipe médica.

No caminho de volta para o hospital onde Camila estava, minha mente estava uma confusão de pensamentos. Parte de mim ainda se sentia culpada por não estar com Elisa, mas outra parte sabia que, naquele momento, Camila precisava de mim mais do que ninguém. Eu só queria que ela soubesse que, apesar de tudo, eu nunca sairia do seu lado.

Quando entrei novamente no hospital, a sensação de alívio ao estar de volta foi imediata. Subi correndo até o quarto, e, ao abrir a porta, lá estava Camila, deitada, parecendo muito mais tranquila e descansada.

— Você voltou — Ela disse, sua voz suave, mas carregada de alívio.

— Claro que voltei — Respondi, sentando-me ao lado dela e pegando sua mão. — Eu sempre volto para você.

brazilian seasoning - Camila/you Onde histórias criam vida. Descubra agora