VINTE E TRÊS - CAMILA

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Abro os olhos ao ser despertada pelos primeiros raios da manhã, a realidade me atingindo como um soco no estômago. Meu corpo dói, e a sensação incômoda entre as pernas é uma lembrança cruamente física da noite passada. Se a maneira como Germano me possuiu foi considerada carinhosa, não posso evitar temer o que virá quando ele decidir me pegar com força.

Os lençóis ao meu redor parecem testemunhas silenciosas da minha própria desolação, enquanto a luz suave da manhã invade o quarto. A cama, agora manchada e marcada, reflete a tumultuada dança que compartilhamos na escuridão. Cada pedaço de tecido, cada detalhe do ambiente, ecoa a intensidade dos acontecimentos que transcorreram aqui. Meu estômago ronca.

Levanto-me com cautela, tentando ignorar a dor persistente em meu corpo e sigo até o banheiro.  Observo-me no espelho, tentando reconhecer a mulher que olha de volta para mim. Os olhos cansados, a expressão abatida, são marcas visíveis da tormenta interna que vivo. A água do chuveiro cai sobre mim. As gotas escorrem pelo meu corpo, misturando-se às lágrimas que teimam em cair.

Quando retorno ao quarto, sou recebida por uma cena que parece ter sido cuidadosamente arranjada para apagar os vestígios da tempestade que passou pela noite. Uma bandeja de café da manhã repousa sobre a mesa ao lado cama. As roupas de cama foram trocadas, levando consigo a prova física da minha virgindade perdida, como se a mera presença da mancha de sangue fosse uma acusação constante.

Antes que eu possa processar completamente a cena diante de mim, o telefone toca, interrompendo meus pensamentos tumultuados. É Sabrina, minha irmã mesquinha e invejosa, cuja ligação só pode significar problemas. Respiro fundo antes de atender, preparando-me para enfrentar sua verborragia venenosa.

— Alô? — Minha voz sai fraca, um reflexo da turbulência interna que me consome.

— Camila, finalmente você atendeu! — Sabrina soa triunfante do outro lado da linha, sua voz carregada de malícia. — Então, como foi a grande noite de núpcias? Germano arrancou sangue de você?

Sinto um arrepio percorrer minha espinha ao ouvir suas palavras cruéis. Sabrina sempre soube como ferir com suas palavras afiadas, sua malícia não conhecendo limites quando se trata de me humilhar.

— Por que você está tão interessada?

Ela ri, um som estridente que ecoa como uma adaga em meu coração.

— Não finja que não sei o que está acontecendo. Seu casamento foi o espetáculo do ano, e claro que estou curiosa para saber se o grande Germano Moretti está à altura de suas expectativas. Ou melhor, se você está à altura dele.

Sinto o calor da raiva se espalhando dentro de mim, uma chama que ameaça consumir toda a minha sanidade.

— Não te interessa.

— Sempre tão dramática. Apenas me conte se ele foi gentil com você, ou se precisou ser um pouco mais... assertivo.

Sinto a bile subindo pela minha garganta, a fúria me enredando em suas garras afiadas.

— Isso não é da sua conta. — Minha voz sai baixa, mas carregada de autoridade. — E não vou discutir minha vida pessoal com você. Agora, se me der licença, tenho coisas mais importantes para fazer do que perder meu tempo com suas fofocas mesquinhas.

Sem esperar por sua resposta, desligo o telefone com um gesto brusco, a raiva pulsando em minhas veias. Com um suspiro pesado, volto minha atenção para a bandeja de café da manhã diante de mim, enfrentando a difícil tarefa de alimentar meu corpo enquanto minha mente ainda está em tumulto.

Quando Madalena entra no quarto, seu semblante gentil e prestativo é uma lufada de ar fresco em meio ao turbilhão de emoções que me sufocam. Ela me pergunta se preciso de algo, e minha resposta automática é um simples "não", apesar de toda a confusão que se desenrola dentro de mim.

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