VINTE E UM - CAMILA

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Sento-me à mesa destinada à família do noivo, observando meu pai, que permanece quieto por alguns instantes antes de se despedir e partir. Sinto um nó se formar em minha garganta, mas decido engoli-lo, como tenho feito tantas vezes antes. Afinal, não é hora para fraqueza. Olho ao redor da mesa e percebo os olhares curiosos dos parentes de Germano, todos vestidos elegantemente, com seus sorrisos falsos e conversas superficiais. Respiro fundo, tentando me manter firme.

— Então, Camila, como você se sente parte da família Moretti? — Isabel, a avó de Germano, me olha com um sorriso gentil.

— Sinto-me honrada, Isabel. — Respondo com a voz firme, tentando transmitir confiança, mesmo que por dentro eu esteja completamente nervosa.

— Que bom ouvir isso. Tenho certeza de que vai se encaixar perfeitamente em nosso círculo. — Ela continua, e posso sentir o peso de suas palavras.

— Espero poder contribuir da melhor forma possível para a família. — Minha resposta sai automática, como se estivesse seguindo um roteiro cuidadosamente ensaiado.

Enquanto a conversa continua ao meu redor, meu olhar vagueia, observando os convidados interagindo, rindo, desfrutando da festa. Sinto-me desconectada, como se estivesse flutuando em um mar de formalidades e expectativas. Helena, minha amiga, senta-se ao meu lado, lançando-me um olhar solidário. Ela sabe o que estou passando, pois tem sido meu apoio durante todo esse processo.

— Você está bem? — Ela sussurra, sua voz suave contrastando com o burburinho da festa ao nosso redor.

— Estou tentando ficar. — Respondo, forçando um sorriso. Helena apenas assente, compreendendo minha luta silenciosa.

Enquanto isso, Germano conversa animadamente com seus familiares, seu sorriso largo e seu charme natural cativando a todos ao seu redor. Eu o observo, tentando decifrar seus pensamentos, mas ele permanece um enigma para mim, como sempre foi. Será que ele está ansioso como eu? Ou será que está apenas cumprindo seu papel como noivo, sem se importar com os sentimentos por trás das aparências?

A música alta preenche o espaço, abafando os murmúrios das conversas e criando uma atmosfera festiva. Garçons passam com bandejas de canapés e champanhe, oferecendo aos convidados uma variedade de iguarias e bebidas. A festa está em pleno andamento, mas eu me sinto como uma estranha em um mundo que não é meu, tentando desesperadamente me encaixar em um papel que não escolhi.

— Camila, você parece um pouco distante. — A voz de Germano me traz de volta à realidade, e eu o encaro, tentando mascarar minha ansiedade.

— Estou apenas absorvendo o ambiente. — Respondo, tentando parecer casual, mas sei que ele pode sentir a tensão em meu tom de voz.

Ele me lança um olhar penetrante, como se estivesse tentando decifrar meus pensamentos, mas então seu sorriso retorna, tão charmoso e envolvente como sempre.

— Bem, espero que esteja gostando do que vê. — Ele diz, e eu sinto um arrepio percorrer minha espinha, sabendo que há mais por trás de suas palavras do que ele está deixando transparecer.

A festa continua ao nosso redor, mas para mim, o tempo parece ter desacelerado, cada segundo arrastando-se dolorosamente enquanto eu me esforço para manter a compostura.

— Patrão, perdoe-me a intromissão. — É Douglas, o chefe da segurança, Germano. — Aquela mulher que esteve em sua casa hoje cedo está na portaria, acompanhada de mais uma e insiste em entrar.

O rosto de Germano se fecha em uma máscara de puro ódio. Tenho certeza de que são Mércia e Sabrina.

— O que elas querem? — A voz de Germano soa fria e cortante, sem traços de emoção.

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