QUARENTA - CAMILA

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Estou deitada na cama, abraçando meus joelhos enquanto tento conter as lágrimas que insistem em escapar. Como é possível que uma dor que não é física seja tão intensa a ponto de parecer que vai rasgar meu peito? Só faz alguns dias desde que descobri sobre a existência do meu bebê. Nunca tive a chance de conhecê-lo, de sentir seu coração batendo dentro de mim. E agora ele se foi, levando consigo uma parte de mim que eu nem sabia que existia.

Germano tem sido incrivelmente gentil desde que tudo aconteceu. Ele tem cuidado de mim, me confortado, me lembrando constantemente de que não foi minha culpa. Mas, mesmo assim, é como se houvesse um buraco no meu peito, uma dor que não parece ter fim. Eu me sinto vazia, perdida, como se estivesse flutuando em um mar de tristeza e desespero.

É difícil aceitar que meu bebê se foi, que nunca vou segurá-lo nos braços, nunca vou ver seu rostinho, nunca vou ouvir seu riso. Tudo o que resta são memórias que nunca existiram, sonhos que nunca se tornarão realidade. E é essa dor, essa sensação de perda avassaladora, que me consome a cada momento. Eu sei que tenho que seguir em frente, que tenho que encontrar uma maneira de lidar com essa dor, mas é difícil demais. É como se uma parte de mim estivesse faltando, como se eu estivesse incompleta. E não importa o quanto Germano tente me confortar, não importa o quanto ele tente me fazer sentir melhor, essa dor ainda está lá, latejando dentro de mim, me lembrando constantemente do que perdi.

Meu telefone toca. 

— Alô, Helena?

— Cami, como você está?

Respiro fundo antes de responder, tentando controlar a emoção que ameaça transbordar a cada palavra.

— Helena, aconteceu algo terrível. Eu tive um aborto.

Silêncio do outro lado da linha. Consigo imaginar a expressão preocupada de Helena mesmo sem vê-la.

— Meu Deus, Camila, sinto muito.

— Eu não sabia que estava grávida. Descobri apenas quando já estava perdendo. Foi tão rápido. E agora... agora dói tanto.

Helena solta um suspiro compreensivo.

— Isso é devastador, eu sei. Perder um filho é uma dor que ninguém deveria suportar. Você está em casa? Posso passar aí para ficar com você?

Agradeço silenciosamente pela amizade de Helena. Ela sempre foi meu porto seguro nos momentos difíceis.

— Sim, estou em casa. Por favor, venha.

******

Ainda estou na cama quando Madalena bate na porta e a abre. Helena entra e me abraça.

— Como você está se sentindo? — Helena pergunta com preocupação em sua voz, seus olhos expressando compaixão enquanto ela se aproxima.

— Estou... Estou tentando lidar com isso tudo. — minha voz sai trêmula, e eu me sinto vulnerável diante dela, permitindo-me mostrar minha fragilidade.

— Estou aqui para o que precisar. — Helena me abraça com carinho, e eu me sinto um pouco mais segura em seus braços.

— Obrigada. Sua presença significa muito para mim. 

Madalena permanece na porta, observando-nos com uma expressão preocupada.

— Dona Camila, acho que seria bom você se alimentar um pouco. Eu posso preparar algo, se quiser. — ela sugere com gentileza.

Agradecendo silenciosamente por sua preocupação, concordo com um aceno de cabeça. Helena me solta e se senta ao meu lado na cama, enquanto Madalena vai até a cozinha preparar algo para mim.

Proposta Indecente: uma mãe para o bebê do CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora