☆ Capítulo < XXXX >

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Capítulo 40 = "  Lembranças "









A noite estava quieta, interrompida apenas pelo som suave da respiração de Draco, que dormia tranquilamente com a cabeça repousada no colo de Narcisa. Seus cabelos loiros platinados,  semelhantes aos pouco com os de Narcisa, escorriam entre os dedos delicados da mãe, que passava as mãos devagar, quase em um ritmo de canção de ninar. Ela suspirou profundamente, sentindo uma pontada de dor ao encarar o filho. Ele havia chorado até o sono vir, e isso partia seu coração.

Ela murmurou quase inaudível:
— Meu querido, você não merece esse peso... Não merece esse vazio.

O sorriso que Narcisa lançou ao filho adormecido era carregado de ternura, mas também de preocupação. O silêncio da mansão parecia amplificar os gritos internos de sua mente. "O que estamos nos tornando?", pensou. E então, como sempre, sua mente voltou para Zachriel. O menino que havia mudado tanto a dinâmica de sua vida, que havia despertado nela algo que pensava não existir: o instinto de ser uma mãe novamente.

Ela fechou os olhos, revivendo momentos em que Zachriel corria até ela, chamando-a de “mamãe”. Aquele som... Aquele simples chamado era capaz de aquecer um coração que já havia sido tão gelado pelo tempo e pelas circunstâncias.

Narcisa apertou suavemente a mão de Draco, que ainda dormia em seu colo, tranquilamente, sussurrando para si mesma. ___  Eu prometo, meu menino. Eu prometo trazê-lo de volta para casa. Severus precisa de você. Eu preciso de você Zachriel, draco precisa, precisamos de você.

Seus pensamentos vagaram, trazendo memórias de como tudo havia começado. A primeira vez que Severus mencionara Zachriel... Fora durante um encontro casual em um café, um daqueles dias raros em que o destino parecia querer brincar com suas vidas. Ela lembrava claramente do brilho nos olhos de Severus enquanto falava sobre o menino. Ele sempre fora um homem reservado, quase avesso a demonstrar emoções. Mas ao falar de Zachriel, havia algo diferente... algo genuíno e intenso. Narcisa se viu fascinada antes mesmo de conhecer o garoto que havia encantando a Severus.

E quando finalmente o conheceu, foi como se algo no universo tivesse mudado. Zachriel tinha algo que atraía... Não era apenas a história comovente de sua vida ou sua aparência angelical cativante. Não, era a pureza em seus olhos, o sorriso tímido, a inocência nas palavras. Ele era um menino encantador. Narcisa suspirou novamente.

“Como pude me apegar tanto assim?”

Ela falou baixinho, quase como se estivesse confessando algo: ___  Você nem imagina, Severus, mas ele me deu algo que eu achava que tinha perdido há anos.

Mas aquele apego também trazia preocupações. E se Zachriel nunca voltasse? A ideia fazia seu estômago revirar. Ela não podia perder Zachriel. Não agora. Não depois de tudo, céus ela amava aquele menino como seu tilho. Seria doloroso, tanto para ela, para draco, principalmente para Sveerus.  Ele não se recuperaria, tinham certeza absoluta.

Narcisa olhou para Draco novamente, o sono tranquilo dele contrastando com o caos em sua própria mente. Um sorriso breve e melancólico escapou enquanto pensava.
___ Sua avó, Draco... Se ela pudesse me ver agora... — ela murmurou, com uma risada curta e amarga. ___ Aposto que ela deve está ser auto revirando na tumba.

Druella Rosier Black. O nome da mãe ainda trazia um peso amargo para Narcisa. Druella nunca fora uma mãe afetuosa. Pelo contrário, Narcisa e suas irmãs cresceram em um ambiente tóxico, onde a aparência e a obediência valiam mais do que amor ou cuidado de uma mãe. Narcisa recordou, com clareza dolorosa, das brigas constantes entre Druella e Cygnus, e de como Andrômeda e Bellatrix faziam de tudo para distraí-la das discussões.

___  Você é tão sortudo, Meu Draco... Não cresceu como eu — ela murmurou baixinho.

Ela podia sentir as lágrimas ameaçando cair de seus olhos, mas as conteve. Não agora. Não na frente do filho. Seu rosto endureceu levemente enquanto as lembranças voltavam, uma após a outra. Desde o início, tudo parecia já estar traçado para ela. Seu casamento com Lúcio fora uma dessas tragédias inevitáveis, uma decisão imposta, um destino que não escolhera. A obrigação, que sua família havia lhe jogado em seus ombros.

Ela fechou os olhos, lembrando-se da conversa com Druella, do tapa ardido em seu rosto e das palavras cruéis que ecoaram em sua mente por anos :

Você não vai desonrar nossa família, igual àquela traidora bastarda da sua irmã!

Os lábios de Narcisa tremeram, e sua respiração ficou pesada. Ela havia cedido. Casou-se com Lúcio, como esperado por sua família. E por um breve momento, achou que talvez as coisas pudessem dar certo. Lúcio fora cortês no início, quase carinhoso. Mas cinco meses depois, a máscara de fingimento de bom marido caiu ao chão, lhe relevando sua verdadeira essencia nojenta. E então começaram os abusos. Primeiro, o silêncio. Depois, as saídas noturnas e as traições descaradas, que nem fqzia questão de esconder. E, por fim, os abusos físicos e... os outros.

Narcisa não conseguia evitar. Mesmo tantos anos depois, sentia o gosto amargo do nojo, da humilhação. Ela apertou os punhos, tentando afastar a memória daquela noite em que Lúcio, bêbado e violento, a forçou aa ter relações.

— Você é minha esposa. Eu faço o que quiser com você, com o seu corpo.

As palavras dele ainda ecoavam como uma maldição. Mas então veio Draco. Seu filho. Sua luz.

Ela olhou para o menino mais uma vez, agora com lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto. Mesmo que Draco tivesse vindo de algo tão doloroso e  escuro, ele era sua maior vitória nessa vida, sua maior prova de força. Ela havia lutado para criá-lo longe da influência do pai, e Draco havia se tornado um jovem forte e bondoso, alguém de quem ela se orgulhava profundamente, seu filho era seu maior propósito.

___  Eu nunca deixarei que você seja como ele, meu amor. Nunca.

Com um último beijo na testa de Draco, Narcisa sussurrou, tanto para draco como para ela : ___  Amanhã será um novo dia meu pequeno dragon. Zachriel irá voltar para nos, ele tem quer voltar.  Narcisa não sabia exatamente como, mas sabia que tinham que fazer algo, as coisas nãopoderiam terminar assim. Por Draco. Por Severus. E, acima de tudo, por seu menino, por Zachriel.

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