☆ Capítulo < XXXXIV >

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Capítulo 44 = " Entre luz e eternidade "




Zachriel segurava sua caneca de chocolate quente com ambas as mãos, seus pequenos dedos entrelaçados ao redor da cerâmica para absorver o calor que ela transmitia. Ele estava sentado na cadeira de madeira na varanda da cabana, observando o horizonte com olhos curiosos e silenciosos.

O sol ainda brilhava, mas o ar trazia uma brisa fria que balançava seus cachos castanhos claros e rebeldes, quase loiros. O cabelo parecia ter vida própria ao ondular suavemente ao vento. Ao lado dele, Althea segurava sua própria caneca, sorrindo de forma serena, como se aquele momento fosse o suficiente para trazer paz a qualquer tormenta para ela.

Zachriel não conseguia deixar de observá-la. Ele fixava o olhar em cada traço do rosto de Althea, comparando-o mentalmente com o seu próprio. Eles eram parecidos, e isso o fascinava. O formato do rosto, o tom dos cabelos... os olhos, apesar de iguais em formato, diferiam na cor. Os dela eram claros como a aurora, enquanto os dele carregavam o peso de um cinza escuro e nebuloso, pareciam um pouco com os olhos da sua mãe Narcisa.

Por alguns minutos, Zachriel ficou perdido em pensamentos, mas sua curiosidade logo transbordou.

___ O chocolate quente... está bom? — perguntou Althea, com um sorriso no rosto, notando a atenção dele.

Zachriel piscou, como se fosse trazido de volta de outro mundo, e balançou a cabeça rapidamente afirmando.

___ Ah... sim, está muito bom — respondeu, com um nervosismo que parecia crescer a cada palavra. Ele segurou a caneca com mais força, quase derrubando um pouco do líquido, enquanto suas bochechas ficavam levemente coradas.

Althea riu baixinho, um som doce e quase musical.

___ Sempre imaginei trazer você aqui, sabe? Desde antes de você nascer, eu pensava nisso. Esta cabana pertenceu aos meus pais, Zachriel. É da nossa família há gerações. Eu queria que você visse este lugar, que pudesse sentir a paz que ele traz... principalmente com esta vista maravilhosa. —

As palavras de Althea pareciam leves, mas Zachriel as ouvia com um peso estranho. Ele franziu o cenho, desviando os olhos para a caneca em suas mãos.

___ Isso... isso é real? — murmurou, com a voz quase inaudível. Depois ergueu o olhar para ela, sua expressão confusa e levemente assustada em sua face,  e olhos.
___   Eu morri, mamãe?

O silêncio se instalou entre eles. Althea sustentou o olhar de Zachriel com calma, como se procurasse as palavras certas para dizer. Por fim, ela estendeu a mão e segurou a dele, guiando-o gentilmente para fora da varanda.

____ Venha, vamos caminhar um pouco, e aproveitar esse clima gostoso — disse ela, sem responder diretamente à pergunta dele.

Zachriel hesitou, mas se levantou, acompanhando-a pelo campo que cercava a cabana. Seus passos eram leves, mas seus olhos estavam cheios de lágrimas, e ele não conseguia conter a pergunta que martelava em sua mente.

____ Isso é real? Esse momento? — insistiu novamente, sua voz infantil quebrando levemente no final.

Althea parou, virando-se para ele com um sorriso triste.

___  Para você, é real? — devolveu a pergunta, inclinando levemente a cabeça.

Zachriel tentou responder, mas sua garganta parecia fechada. Ele apenas assentiu, enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas rosadas.

___  Eu... eu morri? — repetiu ele, sua voz tremendo.

Althea suspirou, ajoelhando-se à sua frente para ficar na mesma altura. Ela enxugou delicadamente as lágrimas dele com os dedos, enquanto seus olhos brilhavam com algo entre dor e ternura.

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