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O silêncio caiu, nenhuma das duas desviava os olhos, Pansy respirava com dificuldade enquanto Hermione fincava as unhas contra a palma para se controlar.

Pansy engoliu em seco, torceu as mãos umas duas vezes antes de dar passos seguros até o sofá, sua mão ainda tremia quando chegou até a bolsa. Hermione observou como ela parecia ter dificuldade com o fecho e ficou ali, calada e parada, esperando.

Pansy retirou um maço de papel envolto em uma fita verde e puxou um dos envelopes dali.

Mesmo da curta distância o envelope parecia lindo, um marfim perolado muito chique, com um selo azul marinho que Hermione não se sentia segura para descobrir que brasão possuía gravado, entretanto suas dúvidas não duraram muito tempo, pois sua namorada virou para si e estendeu o envelope num movimento bruto. Granger não se mexeu, a boca seca de ansiedade.

Pansy não pestanejou mais. Ela o colocou nas mãos de Hermione, virado para cima, e Hermione leu Pansy Parkinson e Draco Malfoy em letras prateadas no canto. Foi como receber um soco.

Não, pior, foi como morrer em vida.

— Vou me casar — Pansy sussurrou como se o convite não fosse prova o suficiente do fato.

E então Hermione riu.

Gargalhou alto, rindo e rindo até faltar o ar. Torcendo sua barriga para frente e sem parar, até mesmo quando tudo começou a soar muito mais como um choro, riu quando o sentimento de ser enganada ficou mais forte, quando sentiu que Pansy transformou suas duas primeiras semanas juntas numa mentira, riu até o primeiro soluço romper da sua boca.

— É piada, não? Você está brincando comigo! — suplicou se aproximando de Pansy, segurando sua blusa. — Diz que você está mentindo! — falou alto, olhando nos seus olhos, observando suas lágrimas voltarem.

— Infelizmente não. — A voz não foi nada além de um sussurro. — Me desculpa, por favor, me perdoa.

Granger não sabia o que falar, não sabia nem se queria falar.

Pior, nem sabia se havia algo a ser dito.

Tudo queimando em seu âmago, se sentindo enganada, traída, usada, mas principalmente triste. Triste de ter sido feita de boba, de estar preocupada com ela enquanto Pansy havia trazido para o seu apartamento os convites de um casamento que não era o delas.

— Estou indo embora.

— Hermione...

Pansy tentou alcançar Hermione, porém ela puxou o braço do seu toque e a encarou ofendida.

— Hermione, é a sua casa, por favor, eu vou embora!

— Não — respondeu, a voz oca. — Eu preciso sair, você faz o que quiser.

Então foi embora, deixando Pansy para trás apenas com o bater da porta, e Parkinson sentiu o choro em sua garganta como um enorme bolo preso, não mais as lágrimas finas que vinha derramando nos últimos dias.

Doeu.

Ardeu.

Foi terrível e ficou pior porque sabia que aquela poderia ser a última vez que ouviu Hermione chamá-la de Pans, ou que permitiu sua entrada no apartamento.

Mrs. Office  ✦ PansmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora