Acordei num pulo, coração martelando no peito. Cara, que porra de sonho foi esse? Cada parte do corpo ainda queimava, como se ele tivesse mesmo estado aqui.
Sentei na cama, os lençois amassados e o quarto ainda estava um pouco escuro. Era cedo mas qualquer tentativa de voltar a dormir parecia impossível. Perdi totalmente meu sono.
Passei a mão pelos cabelos, tentando achar um pouco de calma.
Tentei me distrair, focar no que podia ver, os detalhes ao redor do quarto, talvez. Nada funciona.
Levantei, os pés descalços tocando o chão gelado, e fui até a janela. O dia mal começara. Fechei os olhos, xingando baixinho.
Era só um sonho, um sonho que parecia real demais.
A cama toda bagunçada estava me irritando, então caminhei novamente até a cama e puxei o lençol de qualquer jeito, esticando e organizando.
- Era só o que me faltava. - Murmurei baixinho comigo mesma, ajeitando o travesseiro de qualquer jeito e indo direto pro banheiro. Talvez esfregar o rosto ajudasse a acordar de verdade. Fiz minha rotina no automático.
Passei o sabonete no rosto, aplico o hidratante. Logo depois puxei minhas pantufas, o chão gelado tava fora de questão. Ainda tava de pijama, mas nem liguei, eram cinco da manhã e ninguém ia me ver mesmo. Dei uma última olhada no espelho, percebendo o rosto ainda meio amassado e as olheiras marcando o cansaço. Revirei os olhos pra mim mesma e fui direto pra cozinha.
Coloquei a água pra ferver e encostei no balcão, os braços cruzados enquanto tentava apagar qualquer lembrança daquele sonho. Os minutos pareciam arrastar, mas o cheiro do café começou a encher o ambiente.
Abri a geladeira, percorri meus olhos em cada prateleira enquanto pensava no que seria bom para matar a fome. Puxei uma bandeja de ovos, um pacote de bacon e uma caixinha de morangos que pareciam doces só de olhar. Só faltava alguma coisa pra complementar.
Vasculhei mais um pouco e achei uma massa de waffle pronta. Bingo. Peguei e deixei no balcão, separando também um pouco de manteiga e mel.
Esquentei a frigideira que foi rápido e logo joguei as fatias de bacon, o cheiro tomando conta da cozinha enquanto ficavam douradinhas e crocantes. Enquanto isso, coloquei a massa de waffle na máquina, fechando pra deixar cozinhar até ficar bem macio por dentro e com aquela casquinha por fora. Nossa, eu precisava disso, que saudades de cozinhar. Passei tanto tempo me estressando no quartel com aquela bagunça e esqueci de mim mesma.
Enquanto o waffle assava, lavei os morangos e os cortei em pedaços jogando numa tigela ao lado da manteiga e do mel. Tirei o bacon da frigideira e arrumei no prato, esperando o waffle ficar pronto pra juntar. Quando finalmente ouvi o clique da máquina abri e vi aquele waffle perfeito, dourado. Um sorriso espontâneo abre nos meus lábios.