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No banco de trás do carro, eu me sentia sufocada pelo silêncio. O cheiro de couro novo trazia lembranças desconfortáveis dos últimos dias. Johnny estava dirigindo, focado na estrada.
- Você vai ficar bem - Ele falou, tentando soar encorajador.
Ele me olhou pelo espelho retrovisor, tentei responder com um sorriso, mas saiu forçado.
- Espero que sim - Respondi, mas insegura.
A ansiedade tomava conta de mim aos poucos. O que encontraria quando chegasse em casa? Meu peito apertava só de pensar em reencontrar minha mãe. Olhei pela janela observando a paisagem mudar, a cada árvore e cada prédio passavam rapidamente. Por mais que eu sentia falta de uma vida normal, eu estava com medo.
- Tá bem aí? - Johnny perguntou quebrando o silêncio de novo.
- Só um pouco nervosa. - Olhei pra ele de canto, me remexendo no banco - Estou ansiosa para ver minha mãe, e tô com medo de como as coisas vão ser agora.
- Não se preocupe, não é como se ela fosse arrancar sua cabeça por um erro que não foi seu - Disse ele, dando um leve sorriso.
- Eu vou sentir falta de vocês - Murmuro.
O "vocês" que realmente importava era Riley, mas eu não ia admitir isso em voz alta.
- A gente se vê por aí quem sabe. - Ele disse como de despedida. - Talvez a gente faça uma limpa na sua cidade, tem traficantes pela região, espero te encontrar pelas ruas.
- Espero que sim - Dou de ombros, lhe devolvendo o sorriso.
Um silêncio dominou o carro novamente, apenas com o som do motor rugindo.
- É..então..eu não sei oque aconteceu com Ghost. - Johnny falou de repente.
- Como assim? - Me ergui do banco de trás e apoiando o rosto no banco da frente onde Soap estava, querendo ouvir melhor.
- El depois que te conheceu..O que você fez com aquele cara?
- De bom ou ruim?
- Acho que bom. Nunca vi Riley apaixonado. - Ele passou a mão no rosto meio nervoso.
- Apaixonado? - Arregalei os olhos quase saltando do banco. - Você tá brincando né? - Era difícil de acreditar nisso.
- Não - Ele riu - Aquele cara é louco, pode ter certeza que ele vai arranjar um jeito de te ver de novo.
Meu coração palpitou no peito, senti minhas bochechas levemente corada. Um frio na minha barriga prendeu meu ar.
- É, apaixonado é uma palavra forte. Eu acho. - Ele afirma ainda com um olhar pensativo - Não que ele vá admitir isso pra qualquer um, nem pra si mesmo, só que notamos que ele tá estranho.
