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─────────────────────── 🕷️ ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ A fumaça do cigarro subia devagar enquanto eu encarava a tela. Após o banho finalmente limpo da poeira e do sangue seco que tinham me seguido até aqui. Os olhos fixos nela, do outro lado das câmeras. Na tela, S/n estava na cozinha, mexia os quadris devagar, de um lado pro outro. Com uma colher na mão e o cabelo bagunçado preso num coque torto.
Porra, parecia que nem fazia esforço pra ser linda.
Os lábios dela se moviam. Preciso instalar um sistema de áudio.
Era hipnotizante. Me peguei respirando fundo, tentando ignorar o aperto no peito. S/n estava bem. Estava segura. Mas não comigo.
Soltei a fumaça do cigarro, ainda grudado na tela. Meu coração queimava, uma sensação incômoda de que nunca seria o bastante só olhar. A distância era como uma faca me cortando devagar. Eu preciso dela mais que nunca, e odiava o quanto isso era verdade.
Apoiei o cotovelo no braço da cadeira, apertando o cigarro entre os dedos. Soltei a fumaça devagar, quase num suspiro.
Você me fode sem nem saber. Murmurei pra mim mesmo, jogando o cigarro no cinzeiro.
Coloco a mão pelo rosto esfregando irritado comigo, com ela, com tudo. Eu não sabia se odiava ou amava o jeito que ela me desmontava assim, só por existir.
Me ajeitei na cadeira. S/n esticou o braço para pegar alguma coisa no balcão, o tecido fino da camiseta subindo um pouco. Fechei as mãos em punho, tentando controlar a vontade de levantar e ir até lá. Só queria um toque, sentir o calor da pele e o cheiro doce que ficava preso em mim sempre que estava perto demais.
Ela riu de algo, ou talvez só tivesse se perdida nos próprios pensamentos.
S/n deu um giro mexendo os quadris de novo, aquilo me prendeu de vez. A boca secou e a respiração pesou. Soltei um longo suspiro, passando a mão pelo rosto sentindo um sino, então joguei a cabeça pra trás encostando na cadeira.
Mordi o canto da boca. Não tinha ideia se era raiva, desejo ou só o maldito instinto de protegê-la, de arrancar ela dali e trazer pra perto.
Então ouvi o primeiro trovão. Grave e distante, mas suficiente pra chamar minha atenção. Desviei os olhos pela janela. Começava a chover, pingos grossos batem no vidro.
Voltei a encará-la na tela. Sua a postura mudou quando outro trovão explodiu, mais próximo agora, vi seu corpo dar um leve sobressalto.
Ela largou o garfo no prato. Então descobri algo, S/n odiava tempestades.
Não me movi. Nem uma porra de um músculo. Apenas assisti com os olhos fixos enquanto a chuva apertava e mais trovões cortavam o céu. A cada estrondo ela se mexia, tentando fingir que não estava assustada, mas eu conseguia ver.