22. Primeiro beijo

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Felix não pensou. Não ponderou. Não se deu tempo para refletir. Assim que Hyunjin saiu pela porta, algo dentro dele o impulsionou a agir. Ele se levantou da banheira, a espuma escorrendo pelo corpo e gotas d'água pingando no chão enquanto ele rapidamente se enrolava em uma toalha. Não importava sua aparência, não importava o frio que sentia ao deixar a água quente para trás. Tudo o que importava era alcançá-lo.

Ele abriu a porta do quarto com um puxão apressado e entrou no corredor de mármore do palácio, seus pés molhados deixando marcas pelo caminho. Hyunjin estava logo à frente, caminhando sem pressa, mas ainda pingando água do abdômen para baixo, sua calça úmida colada às pernas.

— Hyunjin! — a voz de Felix ecoou pelo corredor vazio, mais alta do que ele pretendia.

Hyunjin parou, o corpo tenso, mas não se virou imediatamente. Quando finalmente olhou por cima do ombro, o sorriso preguiçoso que ele costumava exibir havia desaparecido, substituído por um olhar sério e intenso. Felix correu até ele, a toalha segurada apressadamente ao redor da cintura, os cabelos loiros grudados ao rosto molhado.

— Por que você faz isso? — Felix perguntou, a voz entrecortada, mais por nervosismo do que pela corrida curta.

Hyunjin arqueou uma sobrancelha, virando-se completamente para encará-lo. Ele cruzou os braços, a água escorrendo de seus dedos até o chão.

— Por que faço o quê? — Hyunjin perguntou, mas o tom sugeria que ele sabia exatamente do que Felix estava falando.

Felix franziu o cenho, um brilho de frustração nos olhos.

— Isso. Você me provoca, me testa, me empurra além do limite... e então age como se nada tivesse acontecido. Como se eu não... — Ele parou, mordendo o lábio, como se não conseguisse terminar a frase.

Hyunjin suspirou profundamente, passando a mão pelos cabelos negros e encharcados. Ele desviou o olhar, quase como se estivesse se preparando para um confronto interno antes de responder.

— Porque você não deveria querer isso, Felix. Não deveria me querer. Não com tudo que aconteceu entre nossas famílias.

As palavras caíram no ar como um trovão abafado. Felix sabia a que ele se referia. A antiga rixa entre seus pais, as tragédias que ambos haviam herdado. Mas, naquele momento, ele não queria ouvir desculpas. Ele não queria história.

Felix balançou a cabeça com firmeza, dando um passo à frente, encurtando a distância entre eles.

— Eu não me importo com o passado, Hyunjin. Não me importo com o que eles fizeram. Isso não tem nada a ver com a gente.

Os olhos de Hyunjin escureceram, e ele respirou fundo como se tentasse controlar alguma emoção. Mas a maneira como ele olhou para Felix, os olhos descendo até os lábios trêmulos do menor, o traíram.

— Você não entende o que está dizendo, Felix — murmurou, mas sua voz soou fraca, quase vacilante.

— Então me faz entender — desafiou Felix, erguendo o queixo. Ele sentia o coração disparar, mas não recuou.

Foi a gota d'água.

Antes que pudesse perceber, Hyunjin deu um passo à frente e o empurrou, as mãos grandes pressionando os ombros de Felix, guiando-o de volta para o quarto. Felix mal teve tempo de reagir antes que Hyunjin fechasse a porta com um estrondo e a trancasse atrás de si, deixando-os sozinhos.

— Você... — começou Felix, mas foi interrompido quando o outro o pressionou contra a parede, o calor do corpo maior irradiando contra o seu.

Hyunjin estava perto demais, tão perto que Felix podia sentir o hálito quente dele contra sua pele. As mãos de Hyunjin seguraram seus ombros com firmeza, mas sem machucá-lo, enquanto o encarava com uma mistura de raiva, desejo e algo que Felix não conseguia identificar.

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